Por meio desta, a Causa Imperial vem expressar todo o seu repúdio às mentiras contadas, ontem, pelo programa ‘Guerra do Paraguai’, do canal History Channel, e pela historiadora Mary Del Priori.
Em primeiro lugar, gostaríamos que os tão esclarecidos senhores historiados contratados pelo History Channel explicassem qual é o modo correto de agir quando um ditador como Solano López – o tirano que governava o Paraguai à época do conflito – decide desrespeitar a soberania do nosso País e invadir nosso território nacional. Até onde sabemos, e é o que manda fazer a lógica, a única solução é um contra-ataque e a derrota do invasor. Contudo, talvez os sapientíssimos historiadores achem que a melhor solução seria ter sido o Brasil mandar um buquê de flores e uma caixa de bombons para López – sem se esquecer do cartão!
Com relação à Senhora Del Priori, sugerimos que ela passe a agir como uma historiadora, e não como uma colunista de fofocas. Foge à nossa compreensão como uma pessoa que se diz formada em História possa ter a coragem – para não dizermos desonestidade – de chamar o Imperador Dom Pedro II de “não-civilizado” e de “caipirão despreparado”.
Bom, o Imperador foi instruído pelos maiores mestres de sua época. Quando criança, começava seus estudos às sete da manhã e terminava às dez da noite. Falava português, alemão, italiano, francês, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, árabe, sânscrito e provençal. Garantiu, por meio do uso sempre bem-dosado do Poder Moderador, a estabilidade e funcionamento das instituições políticas do Brasil ao longo de seus quarenta e nove anos de reinando pessoal. Cuidou para que nosso País tivesse o telégrafo, a luz elétrica e o telefone. Pagou, com seus próprios recursos, pela educação de militares, médicos, engenheiros e artistas que ajudaram a fazer a grandeza do Brasil.
Este é “caipirão despreparado” e “não-civilizado” da Senhora Del Priori, dita historiadora.
A produção também disse que o Imperador, por causa da Guerra, afundou a economia do Brasil, o que acabou por levar ao Golpe de 15 de novembro, que instaurou a República ilegítima em nosso País. Onde isto está escrito? Deve ser nos livros do MEC.
A História, verdadeira e imparcial, conta algo bem diferente: Sua Majestade Imperial destinou um terço de seu salário às despesas geradas durante o conflito. O salário do Imperador era de oitocentos mil réis por anos, cerca de noventa mil reais e quatro vezes menos do que ganha a "Presidenta" Dilma Rousseff, por exemplo. Ao passo que, ao longo do Segundo Reinado, a receita interna do Brasil cresceu dez vezes, período durante o qual o Imperador recusou qualquer aumento em seu salário.
Quanto ao 15 de novembro, verifica-se que o Golpe foi dado por militares que queriam instaurar uma ditadura, contando com o apoio de escravocratas insatisfeitos com a Abolição. Batamos palmas para isto? Seria de se esperar, no mínimo, que o povo brasileiro fosse consultado acerca da mudança na forma de governo... Mas a consulta foi feita apenas em 1993, mais de cem anos depois.
Por fim, sugerimos ao History Channel que mude de nome e passe a se dedicar a falar apenas sobre alienígenas e o pé-grande, pois só nestes assuntos o canal vem obtendo êxito, deixando completamente a desejar em suas produções de cunho histórico.
Gravura: o Imperador Dom Pedro II do Brasil e seus genros, o Príncipe Dom Gaston de Orleans, Conde d’Eu, e o Príncipe Ludwig August de Saxe-Coburgo e Gotha, no acampamento do Exército do Império do Brasil durante a campanha da Guerra do Paraguai.
O Imperador, o Primeiro Voluntário da Pátria, desejoso de servir junto aos seus soldados, encontrou oposição da Assembléia Geral, que temia por sua segurança – sabe-se que López tinha gaiola pronta para prender Sua Majestade Imperial, caso o Brasil fosse derrotado. O Imperador, então, disse que abdicaria e iria se alistar como um cidadão comum. Só assim a Assembléia Geral cedeu.
Os dois genros de Sua Majestade Imperial – maridos da Princesa Imperial Dona Isabel e da Princesa Dona Leopoldina –, também serviram no conflito. O Conde d’Eu, inclusive, foi nomeado Comandante em Chefe das Tropas da Tríplice Aliança, sendo muito elogiado por figuras como o Duque de Caxias e o Marquês de Herval. Ao fim do conflito, Sua Alteza Real foi recebido com uma grande festa no Rio de Janeiro, dignamente tratado como um herói nacional.
Por Luiz Giorgis
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