A Igreja e o Descaso dos Fortes - Se Liga na Informação





A Igreja e o Descaso dos Fortes

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Por Pedro Henrique

Francisco Barnabé é um dos filhos de Dona Santina, uma mulher destemida que entende a importância de educar bem os filhos. Viúva, perdeu o marido cedo, no tempo dos seus 40 anos de idade. Logo decidiu com firmeza que não mais casaria, que criar os filhos seria a sua dedicação. É certo e evidente que pode contemplar a consequência do esforço, pois Barnabé, o mais novo dentre os filhos, é hoje um doutor, um homem dedicado às ciências, mas que nunca abriu mão da prática da piedade e do ofício de pastor a ele concedido.

Vindo de uma cidade pequena do interior da Paraíba, é simples, dono de uma mente que não se cansa com questões sem sentido, exceto quando pode tirar alguém de ideias próximas ao suicídio, que são tão comuns nesses dias. A sua vocação ao chamado é notória, amado por todos os membros da igreja em que é pastor presidente (o líder maior), se deparou com situações sérias, que são capazes de destruir até a alma do mais experiente homem cristão. Dentre as sérias situações que vivenciou, uma se destacava e ecoava em sua mente, levando-o a pensar na real situação da Igreja Invisível, a Noiva por quem os antigos entregaram suas vidas.


Uma pequena comunidade cristã sofria nas mãos de um líder que usava da influência conquistada durante os anos de seu ministério para estabelecer a própria vontade. Seu povo cansado, mas sincero, sofria fortes tensões na alma envolvida de um sentimento de solidão, e se não fosse o Espírito de Deus, que lembrava que sempre há choro em Sião, muitos teriam desistido da caminhada junto aos irmãos conhecidos de longas datas. Barnabé percebeu que há muito da história de uma comunidade dentro dos corações com raízes profundas, mas não entendia o porquê de tamanho descaso não mitigado. A vida do ego do líder, que devia cuidar com dedicação daquele povo, era evidente diante de tamanho descaso. Um homem perdido em meio aos próprios desejos arrogantes.

Barbané atormentado pelo conhecimento da triste realidade daquela comunidade, e de tantas outras que sofrem questões sérias, decidiu em secreto recorrer ao senhor Saú, um homem bem sucedido, dono de uma boa oratória, que veio de uma família do sul do país, um líder destacado entre os demais. Não é de se admirar, o senhor Saú constantemente precisava tratar de questões sérias, porque era o administrador daquela região. Barnabé em uma conversa particular, que aconteceu na própria casa de Saú, relatou os diversos descasos com a Noiva, e após ouvir com tamanha atenção todos os fatos, Saú ficou um tempo em silêncio, pois a sua posição requer uma certa medida de coragem e zelo, porém com desrespeito para com todos os que estão a mercê de decisões corretas, decidiu que não se inflamaria com questão que deve ser tratada pela própria comunidade, pois deve ser forte em suas decisões.

Por que causa devem lutar os homens? Constrangido com tanto descaso, Barnabé percebeu que a instituição, no que diz respeito a força da influência e a posição exercida, está em muitos lugares corrompida como a Igreja de Roma encontrava-se naquele Tempo de Trevas. É a instituição uma máquina que precisa de engrenagens para continuar rodando, mas muitas vezes perdida no meio de interesses individuais, e que a real igreja,  formada de uma gente sincera, é desrespeitada no oculto onde os demais não conhecem, e em público é  tratada muitas vezes com textos criados para a vida do ego e produções midiáticas que escondem o interesse dos fins.

O descaso dos que podem tomar medidas corretas era um tormento não repentino, silencioso e rasteiro, daqueles contados ao pé do ouvido quase em sussurros para que muitos não saibam. Quem sabe alguns se levantassem com a bravura de Wyclife, ou com a coragem de Savonarola, que por pregar a virtude, foi condenado a morte. Esse tempo precisa de convicções! Barnabé lembrou das incríveis palavras de Lutero na Dieta de Worms: um homem não deve ir contra a sua consciência. Temo que a consciência daqueles que podem agir estejam aleijadas e endurecidas nesses dias. Ele decidiu em última tentativa recorrer ao Núcleo de Líderes, um certo departamento responsável por questões que envolvem vocacionados. Talvez encontrasse ali decisões justas, mas não demorado, recebeu a notícia de que aguardariam uma posição primeira da soberana comunidade. Os que possuem influência e poder para agir conforme a verdade esperam dos mais simples e menos influentes enquanto escondem suas faces. Barnabé pensou que se preferem não agir por questão aparentemente ética (a de se meter em questões alheias), o façam porque o comportamento de seus líderes deve ser de interesse do departamento. O silêncio indevido é uma resposta infeliz aos que tem esperança em encontrar solução para questões importantes.

Desfalecido por triste realidade, mas fundamentado na verdade, Barnabé lembrou da coragem e convicção de Lutero ao pregar as teses na porta da igreja de Wittenberg. Ele decidiu que usaria a arma do protesto lícito o quanto fosse possível contra a triste realidade que se espalha na surdina, como uma peste que anda na escuridão, e que toma as mentes que se voltaram contra a causa de Deus pela vida do Ego que oprime as pobres almas que devem ser amadas enquanto crescem no conhecimento do seu Criador. Nesses dias precisamos da convicção que uma verdadeira teologia gera no coração de um homem para conduzi-lo em um compromisso diário que se exprime em atos justos em favor da Noiva de Cristo.

Que nesses dias tenhamos pregadores que lutam contra a posição de líderes que maltratam a igreja de Cristo sempre que for oportuno, que preguem a verdade que é contra a injustiça tão presente dentro das igrejas que precisam mudar a partir de seus líderes, que quando perdidos, amam mais a si mesmos e as riquezas do que a causa que lhes foi dada por Deus. Por lucros e poder vestem-se de imundícia, mas se fosse apenas o exterior, do interior uiva um espírito de lobo que maltrata as ovelhas, e ainda que não sejam todos lobos devoradores porque o miserável homem pode insistir em voltar à imundícia, é certo que os lobos serão castigados mesmo que tenham escondido os trapos imundos e fugido para lugares distantes.

Pregador, sua obrigação é sempre para com a verdade, e é para dar conta da sua vocação que você é cobrado. Você é lembrado a esse respeito antes de ir a um púlpito, e ali não deixe dominar seus próprios interesses. Nos dias de sua vida, a sua boca será calada por suas decisões para não contradizer outras pessoas quando você pensar primeiro em sua reputação. Lembre-se de George Whitfield que pregou fora de casa depois de ter as portas da igreja fechadas para a sua pregação.

Deus seja contigo!




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