Um dia após a Executiva Nacional do PT decidir apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) e rifar a candidatura da vereadora Marília Arraes (PT), a convenção estadual do partido em Pernambuco decidiu, nesta quinta-feira (02), manter o nome da petista ao Governo do Estado. Dos 251 delegados do diretório, 230 foram favoráveis à Marília e uma abstenção.
“Demos mais um passo para decidir o futuro de Pernambuco. O encontro mostrou que as pessoas querem que o nosso nome seja confirmado”, afirmou Marília. Apesar do resultado, a candidatura de Marília ainda não é prego batido, ponta virada. Isso porque o recurso contra a decisão verticalizada da nacional será votado pelo próprio Diretório Nacional nesta sexta-feira (02), em São Paulo. Marília viaja ainda nesta quinta-feira (1) à capital paulista e avisou que defenderá sua candidatura até o último cartucho.
Caso receba uma negativa do diretório, ela estuda recorrer à última instância da legenda, que seria o Congresso Nacional. A tarefa não é fácil. A três dias do fim do prazo das convenções, fase em que são registradas as candidaturas e definidas as coligações, a cúpula, de ambos os lados, correm contra o tempo para desatar o nó.

Após Humberto ser hostilizado pela militância, Marília chamou o correligionário ao palco. Foto: Arthur Marrocos/Divulgação
A convenção foi marcada por momentos tensão. Enquanto muitos militantes ovacionavam Marília, o senador Humberto Costa (PT), um dos articuladores da aliança com o PSB, foi chamado de golpista. Para esfriar os ânimos, a vereadora chamou Humberto Costa ao palco, após a votação, que também elegeu o parlamentar para concorrer ao Senado. De mãos dadas, eles tiraram fotos juntos.
Segundo Humberto, o processo do diretório estadual, no entanto, teve apenas valor simbólico porque o que vale é a deliberação da Nacional. Questionado se acredita que a questão pode ser revista, ele disse, apesar de ser a forma legítima de modificar a decisão, dificilmente haverá mudanças. “Não sei o que acontecerá, mas pelo fato de a composição da Executiva Nacional ser praticamente a mesma do Diretório Nacional, é possível que a proposta (de apoio ao PSB) se mantenha”, afirmou Humberto.
Sobre as vaias, ele se defendeu ao argumentar que a decisão de rifar a vereadora não foi dele. “Eu disse que a discussão era da Nacional. Eu não sou membro de lá, não tenho voto. Sai da nacional porque o PT tem uma candidatura nacional e para isso precisar fazer alguns arranjos”, explicou. Já o presidente estadual da legenda, Bruno Ribeiro, avaliou a eleição como um belo encontro com a paixão, que seria, na opinião dele, a marca da militância petista.
Na última quinta-feira (01), a Executiva Nacional do PT preteriu Marília , por 17 votos a oito, e anunciou apoio ao governador Paulo Câmara. A decisão foi anunciada no Twitter pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara Federal. O caminho teria sido escolhido, segundo a agremiação, a partir de uma decisão do ex-presidente Lula, como forma de priorizar a candidatura nacional do PT e como estratégia para desidratar a candidatura de Ciro Gomes (PDT), nome que poderia disputar os votos de esquerda com o candidato petista.
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