Dono da empreiteira disse ao ex-presidente que representantes do PT estavam 'passando de jacaré a crocodilo' ao pedir recursos para campanhas. Ele é um dos delatores da operação Lava Jato. Defesa diz que são 'fantasiosas' condutas atribuídas a Lula.
Em declaração, Emílio Odebrecht diz que reclamou com Lula sobre aumento de repasses
Em uma declaração por escrito quando negociava acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), Emílio Odebrecht disse que reclamou com o ex-presidente Lula sobre o aumento dos pedidos de doações para as campanhas do PT. O dono da empreiteira disse que os representantes do partido estavam com a "goela muito aberta" e passado de "jacaré para crocodilo", e pediu a Lula para dar "um puxão de orelha".
Em uma declaração por escrito quando negociava acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), Emílio Odebrecht disse que reclamou com o ex-presidente Lula sobre o aumento dos pedidos de doações para as campanhas do PT. O dono da empreiteira disse que os representantes do partido estavam com a "goela muito aberta" e passado de "jacaré para crocodilo", e pediu a Lula para dar "um puxão de orelha".
Emílio Odebrecht afirmou na declaração que Lula fazia diretamente a ele os pedidos de doações para as campanhas do PT. Os valores eram negocias por representantes do partido e da empresa.
Diante do aumento nos pedidos de doação, Emílio fez um apelo. "Presidente, seu pessoal quer receber o máximo possível, e meu pessoal quer pagar o mínimo necessário. Já instruí meu pessoal a chegar ao melhor acordo. Peço ao senhor para também conversar com o seu pessoal para aliviar a pressão", disse o dono da Odebrecht na declaração ao MPF. (Veja reprodução do documento abaixo)
"Lembro também de, em uma dessas ocasiões, ter dito ao então presidente que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré a crocodilo", escreveu o dono da Odebrecht.
À GloboNews, a defesa de Lula voltou a fazer críticas à Lava Jato. Em nota, os advogados disseram ser "nítido que a força-tarefa só conseguiu dos delatores declarações frívolas com ausência total de qualquer materialidade". Ainda segundo a defesa, são "falsas suposições, ilações e nenhuma prova". Os advogados chamam de "fantasiosas" as condutas atribuídas ao ex-presidente e garantem que não configuram crime.
No depoimento gravado em vídeo, Emílio Odebrecht explicou como foi conversa com Lula.
Emílio Odebrecht: Houve até aquela colocação que eu fiz de jacaré e crocodilo, mostrando a ele de que, no fundo, no fundo, um tava querendo minimizar e o outro tava querendo maximizar. E que era importante eu dar o puxão de orelha no meu pessoal, pra não minimizar tanto, e ele dar o puxão de orelha pra não maximizar tanto.
Procurador: Quando o senhor usou essa expressão do crocodilo e do jacaré é justamente isso, dizendo que antes eles se saciavam com um valor e estavam querendo mais, é isso?
Emílio Odebrecht: Exatamente! (risos)
Procurador: O jacaré e o crocodilo são muito parecidos...
Emílio Odebrecht: É isso aí... Mas um vai até 3 metros, o outro vai acima de 5... (risos)
Procurador: Entendi. Então, o problema era esse, era o aumento dos pedidos de dinheiro?
Emílio Odebrecht: Das exigências. (risos)
O depoimento em vídeo e a declaração por escrito de Emílio Odebrecht fazem parte dos documentos apresentados pela Procuradoria-Geral da República no pedido de abertura de inquéritos enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta terça-feira (11), foi divulgada a lista do relator da Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, autorizando a investigação de 8 ministros, 24 senadores, 39 deputados e 3 governadores.
Declaração por escrito de Emilio Odebrecht para o Ministério Público Federal (Foto: Reprodução) |
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