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Uma questão de iniciativa

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Por Anderson Rocha
Partindo da premissa de que as coisas só mudam se aplicarmos ações concretas na vida, vemos que na Bíblia não é diferente. Aprendemos primeiramente com o Criador que, com ações concretas, ambientes mudam, circunstâncias e até mesmo o curso da história. O maior exemplo é encontrado logo nos primeiros capítulos da Bíblia, onde com a ação da palavra criadora do Senhor, tudo passa a existir. Ele diz “Haja luz; e houve luz” (Gn 1:3).
Jesus nos traz um princípio poderoso quando o vemos ensinar a oração mais conhecida da Bíblia, a oração do Pai Nosso. Dentre tantos outros princípios, tenho para mim que o mais marcante, e diga-se de passagem, sem ele nada acontece, tem-se o princípio da iniciativa. Quando decidimos buscar ao Senhor de todo coração, ele nos dá a certeza de que O encontramos (Jr 29:13), mas antes de todo o processo, é preciso que eu e você decidamos por isso, ou seja, precisamos ter iniciativa, atitudes concretas que realmente nos conduzam a um novo patamar de intimidade com o Pai.
Em Mateus 6:6, o Senhor Jesus diz: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. Este texto será partilhado em seções, para entendermos melhor os preceitos que Jesus nos ensina, e para contemplarmos também a beleza das suas palavras em apenas uma pequena parte do sermão da montanha, que nos mostra que, acima de tudo, para alcançarmos graça, precisamos ter iniciativa.
“Mas tu…”
Jesus quando está fazendo este discurso, fala direcionado aos discípulos e a multidão que o ouvia durante o seu sermão. Mas o interessante é que suas declarações tem um tom de pessoalidade, de intimação, do tipo “olha, isso é o que você tem que fazer”. Somos nós que damos o pontapé inicial, que movemos a engrenagem, damos a partida para vermos as maravilhas de Deus em nossas vidas. Não que a ação soberana de Deus dependa da minha e da sua atitude para acontecer, mas é como se Ele estivesse dizendo isso apontando para cada um dos seus ouvintes, num tom intimidador por assim dizer, mas num bom sentido. Pois acima de tudo, isso é uma decisão pessoal. Veja como essa declaração é poderosa quando ele nos intima a tomar iniciativa. Quando eu e você somos convidados para uma festa de aniversário, por exemplo, e a pessoa lhe diz “faço questão que você vá”, você não se sente intimado e até um pouco constrangido? É neste sentido que estamos falando.

“…quando orares…”
Perceba que todo o versículo 6 em suas orientações, apresenta-se totalmente conexo, ou seja, uma ação acaba desencadeando outra. A ação de Deus na nossa vida passa a ter efeito, por assim dizer, quando nós tomamos a iniciativa de orar. A oração é a única (e suficiente) forma do homem se comunicar com seu Senhor. Gosto muito de uma definição que ouvi (dentre várias) sobre oração, vinda de um pastor amigo há uns anos atrás em que ele que dizia: Oração é transferência de responsabilidade. Essa definição trago comigo até hoje no coração, pois se trata de uma grande verdade. Colocamos diante de Deus pedidos que, na sua maioria, não estão na nossa alçada para serem resolvidos e depositamos, através da oração, nossa confiança Nele para nos socorrer em tempo oportuno. E está totalmente condicionado ao “quando orares”, ou seja, as ações de Deus só serão reais quando começamos a orar.
“…entra no teu aposento e, fechando a porta…”
Chegamos exaustos de um dia de trabalho. Tudo o que queremos e chegar em casa, tirar a roupa do trabalho, tomar um bom banho e descansar. Certamente não vamos fazer isso em qualquer outro cômodo da nossa casa que não seja o nosso quarto. Quarto (ou aposento) é o lugar onde repousamos dos nossos atribulados pensamentos do dia-a-dia, conversamos com nosso cônjuge sobre nossas vidas, trocamos nossas vestimentas… tudo isso nos remete à um lugar onde se tem privacidade. E é justamente nesse lugar que o Senhor quer nos encontrar. Num lugar onde o acesso é restrito. Ele quer que tenhamos um lugar íntimo nas nossas vidas para estar com Ele, e somente Ele. Tanto o é que Ele nos ensina que só temos nossa intimidade garantida quando “fechamos a porta”.
“…ora a teu Pai que está em secreto…”
Após estarmos no lugar de intimidade que é o nosso aposento, nada melhor do que poder ter um relacionamento aberto, com alguém que conhece o nosso interior e sabe o que sentimos e pensamos. Nosso Deus espera que parta de nós um desejo de relacionamento, uma iniciativa. Ele nos criou para isso, para sermos sua imagem e semelhança, principalmente pelo fato do ser humano ser um ser relacional, que foi feito para viver em comunhão com seu Deus e com seu próximo. Intimidade não é um ato público. E se Deus diz que Ele está em secreto, temos que nos “deslocar” até este lugar para encontrá-lo. Como foi dito antes, a oração nos torna humildes, por através dela reconhecemos que precisamos e dependemos de Deus. Em 1 Pedro 5:6 e 7, o Senhor nos ensina sobre humilhação e que podemos perfeitamente desabafar com Ele, desfrutando de sua graça quando diz: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”.
“…e teu Pai que vê em secreto, te recompensará publicamente”.
Quando priorizamos um relacionamento íntimo com Deus, somos recompensados de maneira explícita. Os que estão ao nosso redor percebem nitidamente a diferença que faz na vida de alguém, quando este coloca em primeiro lugar o reino de Deus. Em Mateus 6:33, quando tomamos a iniciativa de colocar o reino celestial em primazia, tudo que nos é necessário Deus promete suprir. Ele nos vê em secreto. Conhece cada passo meu e seu. Sabe o que pensamos, conhece nossas opiniões e está sempre observando o nosso caráter. Ele quer saber se, mediante essa vida de intimidade, daremos as respostas que Ele espera de nós quando nos deparamos com as adversidades da vida. Essa é a verdadeira recompensa pública. Quando você responde as aflições deste mundo como seu filho Jesus responderia. Pois seu relacionamento com o Pai era de total intimidade. Várias são as passagens bíblicas que ilustram a intimidade de Cristo com Deus o Pai, quando lemos “falo como o Pai ordenou”, “recebi de meu Pai este mandamento”, “eu e o Pai somos um”, entre outros tantos. Em resposta, vemos o manifestar da glória de Deus através de Cristo, com milagres espantosos, curas, mortos ressuscitando… frutos de uma iniciativa de relacionamento.
Para concluir, aprendemos que o primeiro passo dado por nós é fundamental. Deus estabelece as condições de como se achegar a Ele para usufruirmos de Sua maravilhosa presença. Começando pelo instrumento poderoso da oração que, feita no lugar de intimidade, à portas fechadas, Ele promete que nos ouve e nos vê. Com isso, vêm os tempos de refrigério e a certeza de seu cuidado diário. Tudo é uma questão de iniciativa.

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