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Escola Bíblica Dominical: Mateus, o Evangelho do Reino

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TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Mateus 7.21-23
21 - Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 - Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fi zemos muitas maravilhas?
23 - E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Mateus 18.1-31 - Naquela mesma hora, chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo:
Quem é o maior no Reino dos céus?
2 - E Jesus, chamando uma criança, a pôs no meio deles
3 - e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fi zerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus.


TEXTO ÁUREO
 "Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6.33

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, a marca indelével do Evangelho de Mateus é o Reino dos céus. Relembrar o assunto abordado na lição anterior é uma boa maneira de introduzir esta lição, pois todo Rei precisa de um reino.
Apresente aos alunos o contexto histórico daquele tempo: as regiões da Judeia, Galileia, Pereia e Samaria estavam sob a jurisdição do Império Romano; por essa razão, como bem destacou Pr. Walter Brunelli, aquele era um momento delicado; pois o fato de estarem nas mãos do governo romano criava grande tensão entre o povo; porém, o que movia Jesus não era um reino político, mas, sim, um reino espiritual e eterno.
Prepare-se com antecedência para ministrar esta aula. Que Deus possa usá-lo com graça e ousadia.
Boa aula!

Palavra introdutória
Nenhum outro evangelista falou tanto sobre o Reino como Mateus. Em seu Evangelho, a palavra reino aparece mais de 55 vezes, e a expressão Reino dos céus, 32 vezes. Das dezenas de parábolas encontradas em Mateus, apenas cinco não começam com a expressão “o Reino dos céus é semelhante a [...]” (Mt 13.3; 21.28; 21.33; 24.45; 25.14).
A definição humana de reino está diretamente relacionada à extensão territorial administrada por dado soberano. Em Mateus, no entanto, a expressão Reino de Deus não tem conotação geográfica, mas, sim, relacional.
Jesus pregou o evangelho do Reino (Mt 4.23), indicando que, onde houver um coração regenerado por Ele, ali também estará o Seu Reino. As parábolas propostas pelo Mestre para apresentar a dimensão do Seu domínio revelam sua multiforme abrangência; só em Mateus 13, Ele comparou-o:
ao semeador (v. 3-9);
ao campo, no qual crescem juntos o trigo e o joio (v. 24-30);
à semente de mostarda (v. 31,32);
ao fermento que é introduzido na massa (v. 33);
a um tesouro escondido (v. 44);
à pérola de grande preço (v. 45,46);
a uma rede lançada ao mar que apanha toda qualidade de peixes (v. 47-50).
A ideia de um reino teocrático não aparece apenas no Novo Testamento. Quando Israel estava no Sinai, após ter sido resgatado do cativeiro egípcio, Deus falou ao povo: Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa (Êx 19.6a ARA).
A priori, Israel seria o povo que formaria o Reino; e Deus seria o seu Rei. Entretanto, o advento do
Messias, como Rei prometido, revela-nos um novo prisma: Cristo viveu, morreu e ressuscitou; quem nele crê pode ingressar no Reino de Deus (Mt 21.43).

1. AS LEIS DO REINO 
Um reino no qual inexistem leis e/ou regras torna-se uma anarquia (conf. Michaelis: sistema político e social baseado na negação do princípio de autoridade governamental). O Reino de Deus é dotado de princípios que normatizam a conduta dos seus cidadãos — neste tópico, tais princípios serão chamados de leis do Reino.
Essas leis (do Reino) não podem ser entendidas como um meio para conquistar-se a salvação, visto que a recebemos por intermédio de Jesus e de Seu sacrifício na cruz. Uma pessoa pode viver de maneira ilibada, mas, se não reconhecer Jesus como único e suficiente Salvador, não será salva. As leis do Reino descrevem a condição interior e as ações exteriores dos que já são cidadãos do Reino.

Mateus registrou a mensagem mais cuidadosamente estruturada dos Evangelhos; os capítulos 5—7 do livro trazem não apenas orientações para os súditos do Rei, mas incluem advertências àqueles que pensam ser verdadeiros discípulos, mas não o são, pois suas práticas não condizem com o seu discurso.
Os escribas e fariseus, por exemplo, pensavam que, pelo fato de cumprirem a Lei de Moisés, sistematicamente, eram mais justos que os outros. Jesus ensina-nos, neste sermão, que a justiça do Reino suplanta tal premissa, pois o pecado consiste não apenas no ato cometido, mas também no motivo ou sentimento que o provocou (Mt 5.21,22,27,28). O Sermão do Monte traz, de modo sintético, o tipo de vida que Jesus, o Rei, quer que Seus súditos vivam. 

 
DIVISÃO SINTÉTICA DO SERMÃO DO MONTE
REF. BÍBLICA
Parte 1 — Introdução
 Mt 5.1-2
Parte 2 — As bem-aventuranças ou o caráter do cidadão do Reino
 Mt 5.3-16
Parte 3 — A conduta do cidadão do Reino diante da Lei
 Mt 5.17-48
Parte 4 — A conduta do cidadão do Reino em relação a Deus
 Mt 6.1-34
Parte 5 — A conduta do cidadão do Reino diante dos valores da vida
 Mt 7.1-29


1.1. Leis éticas e morais 
A ética e a moral observadas nos escritos de Mateus vinculam-se à pessoa e à obra de Jesus, cuja vida e ensino constituem-se no cumprimento da Lei. No conhecido Sermão do Monte, Jesus apresentou os princípios éticos e morais do Seu Reino, os quais formam uma contracultura diante da cultura
imposta pela sociedade.
A palavra ética tem origem no grego (ethos = morada, habitat, refúgio) e está associada ao caráter (à índole, ao modo de ser) de dado indivíduo. A moral, por sua vez, tem origem no latim (morales = relativo aos costumes) e relaciona-se ao conjunto de regras aplicadas na sociedade. Em outras pala

vras, significa dizer que enquanto a ética diz respeito ao comportamento pessoal, a moral atrela-se ao comportamento social (exercido na coletividade).

1.1.1. A ética ilumina a conduta moral 
Para aquilo que muitos consideram estar no campo da decisão moral, é a ética (pessoal) quem dita o
comportamento, na realidade. Por exemplo: em alguns países, onde o aborto é uma questão moral (normatizado pela lei), é a ética (caráter individual) quem determina sua prática ou não.

Mateus pode ser considerado o Evangelho ético por excelência; no entanto, a ética apresentada por Jesus nesse livro não se restringe a uma lista de regras; antes, diz respeito a fazer a vontade de Deus. Destaque-se, neste ponto, que a exigência central da Lei de Deus é o amor ao próximo: esse, aliás, é o cerne da missão de Cristo. Enquanto a ética e a moral do mundo dizem: “o que você me faz, faço a você”, a ética e a moral do Reino afirmam: “o que Deus tem feito por mim, isso farei por você”.
Não foi por acaso que o Mestre chamou de sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16) aqueles que — mesmo vivendo em um ambiente deturpado — sabem que precisam fazer a diferença, pois são cidadãos do Reino de Deus.

1.2. Leis espirituais 
Uma reforma eficiente começa de dentro para fora. O Reino de Deus encontra-se no campo da espiritualidade (Rm 14.16,17); sendo assim, as leis espirituais não ficam relegadas a um segundo plano.
As leis éticas e morais dizem respeito ao relacionamento dos cidadãos do Reino com os cidadãos do mundo. As leis espirituais, em contrapartida, dizem respeito ao relacionamento dos cidadãos do Reino com o Deus do Reino. Essas leis espirituais podem soar como loucura para os que estão no mundo; podem não fazer sentido para os céticos; contudo, os cidadãos do Reino entendem que não basta ter uma vida equilibrada (na horizontal), é preciso estabelecer comunhão com o Eterno (na vertical).
Dentre as muitas leis espirituais contidas nos ensinamentos de Jesus, destacamos dez: doação e liberalidade, sem pensar em recompensa (Mt 6.2-4) — fazer o bem a quem não tem condições de retribuir;
- oração (Mt 6.5-15) — trata-se da forma mais íntima e profunda de relacionar-se com Deus;
- adoração (Mt 6.9) — Pai nosso [...], santificado seja teu Nome — adorar a Deus é primazia no Reino;
- perdão (Mt 6.12-15) — ninguém pode esperar receber perdão, se não o concede a outrem;
- jejum (Mt 6.16-18) — abster-se de alimentos, não como penitência, mas como um ato espiritual;
- desapego das coisas materiais (Mt 6.19-21) — um cidadão do Reino dos céus não pode estar preso à terra; 
- crença na provisão divina (Mt 6.33) — ansiedade e preocupação não podem nos dominar;
- não julgar o próximo (Mt 7.1-5) — precisamos julgar a nós mesmos, não os outros;
- discernimento (Mt 7.6) — cidadãos do Reino precisam saber identificar as coisas espirituais;
- prática da Palavra (Mt 7.24-29) — ouvir e não praticar desabilita-nos a viver no Reino.

2. COMO SER UM CIDADÃO DO REINO
Ser cidadão do Reino de Deus é ser discípulo de Cristo.
Não há outra maneira de tornar-se um cidadão do Reino, senão por intermédio de Jesus:
 Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me (Mt 16.24). Seguir a Cristo é opcional. Ele disse: “se alguém quiser”, mas, após decidir-se pelo Caminho, há condicionais
para Seus seguidores.

2.1. Renuncie-se a si mesmo!
Cristo não nos chama para a afirmação do eu, mas para sua renúncia. Precisamos abdicar do orgulho, soberba, presunção e autoconfiança, antes de seguir Seus passos. Entrementes, negar-se a si mesmo não equivale à aniquilação pessoal. Não se trata de anular-se, mas de servir a Cristo e ao Reino com prioridade. Negar a si mesmo implica permitir o reinado soberano de Jesus, onde o ego tenha previamente exercido total controle. No reino dos homens, o ego predomina; no Reino de Deus, é preciso renúncia.
Para ser um cidadão do Reino, é preciso abrir mão dos sonhos, projetos de vida e desejos do coração? Absolutamente, não! Jesus disse: [...] buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33; grifo do comentarista). Paulo disse: [...] Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim (Gl 2.20a), ou seja, o que prevalece não é mais o meu eu, mas a vontade de Cristo.

2.2. Tome sobre si a sua cruz!
A cruz é o símbolo da responsabilidade cristã: é impossível ter Cristo no coração, se não houver cruz sobre os ombros.
Tomar a cruz é assumir a responsabilidade do martírio, se necessário for; assim como Ele fez por nós. A figura de linguagem aqui utilizada remete-nos a um condenado, forçado a levar a própria cruz até o lugar da execução (Jo 19.17); entretanto, enquanto o condenado o faz por coação, o discípulo de Cristo o faz de boa vontade. Assim como um condenado à execução não podia ocultar a sua cruz, pois era obrigado a transportá-la publicamente, assim também um discípulo de Cristo não teria como ocultar sua fidelidade como cidadão do Reino, nem os resultados dessa responsabilidade em sua vida.
Há muitos crentes sem cruz, mas vida cristã sem responsabilidade para com o Reino não existe.

2.3. Siga-me!
Esta condicional diz respeito a seguir a Cristo diária e constantemente, não apenas por um determinado tempo. Segui-lo é imitá-lo; é fazer o que Ele faria em nosso lugar; é ser-lhe fiel, não somente quando for fácil, conveniente ou popular, mas colocar a mão no arado e não olhar atrás, seguindo-o, pela fé, sem retroceder.
O cidadão do Reino dos céus é fiel a Cristo não apenas no início da jornada; ao contrário, ele anda em Suas pegadas (1Pe 2.21), obedece aos Seus mandamentos e é-lhe grato pela salvação recebida. As nossas atitudes e escolhas revelam se estamos seguindo o Rei e sendo-lhe fiéis, ou se já renunciamos à herança eterna.

3. UM REINO TRANSCENDENTE 
Ao Reino não se aplicam delimitações políticas ou geográficas, como acontece com os reinos dos homens. O domínio do Reino de Deus está na terra e no céu; ele é transcendente: Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu (Mt 6.10).
Destacamos, a seguir, algumas premissas do Reino: o Reino de Deus representa Seu domínio (Mt 5.34,35); ser um cidadão do Reino implica acreditar que, mesmo estando neste mundo e subordinado aos governos humanos,
Deus opera poderosamente, desde os céus, em favor do Seu povo, aqui na terra;
os reis da terra têm sua presença limitada; a presença do Rei do Reino, em contrapartida, não se limita ao céu, pois Ele interage diretamente com a terra (Sl 24.1).
3.1. Do céu para terra
Não podemos ser alienados, no que diz respeito à nossa cidadania terrena, mas precisamos entender que o governo do reino espiritual, no qual estamos inseridos, emana do céu.
Em outras palavras: não somos regidos por imposições terrenas, mas pela autoridade do Rei eterno.

3.2. Da terra para o céu 
Assim como o céu interatua com a terra, a terra interage com o céu. Engana-se quem pensa que atitudes tomadas neste mundo não se refletem no céu (leia Mt 10.32,33). O que fazemos aqui, seja bom ou mau, compromete nossa cidadania celestial.

3.3. Eterno
O Reino de Deus não transcende apenas a geografia (o espaço), ele transcende também o tempo. Muitos reinos e impérios levantaram-se com vigor e exuberância, mas não puderam superar a força do tempo e a pujança da evolução.
Grandes conquistadores sucumbiram, e seus reinos ruíram, mas o Reino de Deus é eterno (Sl 145.13). Não apenas o Reino é eterno; o seu Rei também é.
O tempo não pode influenciar o Reino de Deus, pois ele é eternamente (passado, presente e futuro). O Reino já estava preparado antes da fundação do mundo (Mt 25.34); desde a pregação de Jesus, ele está presente entre nós (Mt 4.17); mas, em um futuro breve, será estabelecido para sempre (Ap 11.15b). Somos cidadãos de um reino eterno.

CONCLUSÃO
O Reino de Deus deve ser experimentado e vivido, não apenas transmitido e ensinado. Enquanto aguardamos o reino escatológico, sua essência deve ser levada a cabo no tempo presente.
Jesus chamou homens e confiou-lhes a continuidade desse Reino. Princípios éticos, morais e espirituais não caminham sozinhos pela terra, eles precisam ser conduzidos por pessoas e instituições que sirvam ao Rei com inteireza de coração.
À medida que outras pessoas passam a crer e a participar dessa experiência, o Reino de Deus expande-se no mundo.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO 
1. Cite três representações utilizadas por Jesus, nas parábolas de Mateus 13, para comparar o Reino:
R.: (A RESPOSTA SERÁ PUBLICADA POSTERIORMENTE)

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 57

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