Novo presidente não crê em sanções ao Paraguai após impeachment - Se Liga na Informação





Novo presidente não crê em sanções ao Paraguai após impeachment

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Franco pediu que chanceler paraguaio fale com Patriota sobre crise.
Vice que assumiu reafirmou que afastamento de Lugo não foi golpe.


O novo presidente do ParaguaiFederico Franco, disse na manhã deste sábado (23) que não acredita que possa haver sanções ao seu país após o processo de impeachment em que ele substituiuFernando Lugo no poder.
Em entrevista à imprensa internacional, no palácio presidencial, Franco disse que pediu que seu chanceler, Félix Fernández, entre em contato com seu colega brasileiro, Antonio Patriota, para explicar a situação.

'Inconveniente'
Patriota e o governo brasileiro ainda não falaram oficialmente sobre o impeachment de Lugo.
Franco admitiu que o rápido processo de impeachment gerou um "inconveniente" com a comunidade internacional, mas reafirmou que não houve golpe, como disseram Lugo e seus partidários.
"A situação não é fácil, reconheço que há incovenientes com a comunidade internacional. Ratifico e reafirmo que aqui não há golpe, não há crise institucional, tudo foi feito dem acordo e com respeito à Constituição e às leis, é uma situação legal que a situação que as leis permitem, para fazer mudança", disse.
"Vamos fazer o maior dos esforços, daí a nomeação imediata do nosso chanceler, para fazer contato com os países vizinhos, demonstrando, mais que com palavras, com feitos, nossa clara vocação democrática em favor do respeito irrestrito ao estado de direito, da democracia em meu país", continuou.
'Organizar a casa'
O novo presidente disse que não conversou ainda com nenhum líder internacional sobre a situação.
"Não houve conversa. O primeiro que temos que fazer é organizar a casa. Uma vez que os ministérios estejam operativos, o segundo passo é tomar contato com os presidentes [de outros países]."
"Aqui o vice-presidente tem tres funções e uma delas é substituir o presidente da República", disse.
Sanções
Franco disse não acreditar em represálias ao nível da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), por uma suposta infração na "cláusula democrática" a que os países membros devem obediência.
Antes do veredicto contra Lugo, a comissão de chanceleres da Unasul que foi ao país acompanhar o processo afirmou que o julgamento político do agora ex-presidente "ameaçava a ordem democrática" no país. O documento respaldava Lugo como "presidente constitucional" do Paraguai.
"A Unasul vai tomar sua decisão. Sempre dissemos que primeiro temos que receber a notificação. Se assim o fizer, vamos ter nossos argumentos. O Paraguai é uma país soberano, livre, independente, sabemos da situação de crise e sabemos que os amigos da Unasul vão saber compreender a situação do Paraguai", disse Franco neste sábado.
Brasil
Questionado se temia sanções comerciais brasileiras, Franco também negou.
"Não creio que o Brasil tenha que aplicar nenhuma sanção comercial. Creio que os mais afetados iriam ser os empresários brasileiros", disse.
"Há muitos investimentos de empresários brasileiros não só na região de Ciudad del Este e Alto Paraná, mas também na região do Chaco e mesmo em Assunção."
"Nosso chanceler tem indicações precisas de fazer contato com seu par no Brasil e com a presidente Dilma", disse Franco.
"Temos a esperança e o desejo que as relações entre Paraguai e Brasil sejam absolutamente harmônicas, como foram sempre. Itaipu é apenas uma amostra da presença de vários comerciantes brasileiros em meu país", disse.
'Brasiguaios'
"Há muitas indústrias em território paraguaio, e a presença de 80 a 100 mil colonos brasileiros que são cidadãos paraguaios, que podem estar certos de que a minha conduta pessoal e a do meu partido vão ser de respeito irrestrito ao trabalho dos cidadãos do campo."

Entenda a crise política no Paraguai


Federico Franco assumiu governo após impeachment de Fernando Lugo.
Conflito agrário que deixou 17 mortos ocasionou processo.


A grande crise política que atingiu o Paraguai no mês de junho, resultando no impeachment do presidente Fernando Lugo promovido pela Câmara dos Deputados, tem sua origem em um confronto armado em Curuguaty, 250 km a nordeste de Assunção, que causou a morte de  trabalhadores sem-terra e de policiais durante a desocupação de uma fazenda.
O que aconteceu
Após o confronto armado na fazenda em Curuguaty no dia 15 de junho, os oposicionistas responsabilizaram Lugo pela morte das 17 pessoas. Em seguida, o Partido Liberal Radical Autêntico, que apoiava o presidente, abandonou o governo e agravou a crise política no país. De acordo com a ata de acusação, "o mau desempenho de suas funções aparece em sua atitude de desprezo pelo direito e pelas instituições republicanas, minando os cimentos do Estado Social de Direito proclamado em nossa Carta Magna".
O processo de impeachment aconteceu de forma extremamente rápida. Sua votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. Três se abstiveram. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
O julgamento do processo de impeachment do presidente Fernando Lugo começou no início da tarde desta sexta-feira (22). Lugo decidiu não comparecer ao julgamento e apenas enviou sua equipe de cinco advogados para apresentar sua defesa ao Senado.
Lugo foi afastado da presidência do Paraguai pelo placar de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Eram necessários dois terços dos votos dos senadores para confirmar o afastamento. Em discurso, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado. Ele pediu que seus partidários fizessem manifestações pacíficas e que "o sangue dos justos" não fosse mais uma vez derramado no país.
A notícia do impeachment foi recebida sob protesto por manifestantes que ocupavam a praça em frente ao Congresso e que consideraram que houve, na verdade, um golpe contra o presidente. Houve confusão e tentativa de invadir o prédio, reprimida pela polícia.
No lugar de Lugo, Federico Franco assumiu a presidência do Paraguai. Nascido em 23 de julho de 1962 em Assunção, a capital do Paraguai, Franco é médico cirurgião. Casado, possui quatro filhos.
Mandato conturbado
O ex-bispo Fernando Lugo sempre teve problemas para governar o país. Desde o início de seu mandato, que começou em 2008, ele não tem maioria na Câmara e no Senado, com parlamentares sendo contrários a suas ações, especialmente na tentativa de resolver o complicado e antigo problema agrário.
Lugo foi eleito por uma frente de partidos de oposição que se uniu contra o tradicional Partido Colorado, no poder havia mais de 60 anos. Mas a aliança que se ofereceu como alternativa ao país logo se desfez, enfraquecendo a base política do presidente.
Por não conseguir tornar realidade diversos projetos, sua imagem e popularidade no país ficaram abaladas, além de sua base social, que é formada por movimentos sociais. Ele também enfrentou denúncias de paternidade por parte de quatro mulheres. Lugo reconheceu dois dos filhos, mas ainda enfrenta batalhas judiciais com as outras duas mulheres.
Processo contra o presidente e isolamento político
As denúncias de paternidade contra o Fernando Lugo causaram tentativas de setores da oposição de iniciar um processo político contra o presidente. A iniciativa não deu certo por conta de discordâncias internas na época em questão.
Em junho de 2012, entretanto, com a aliança rompida entre Lugo e seu vice, Federico Franco, que é do Partido Liberal Radical Autêntico, o processo de impeachment foi iniciado com maior facilidade, somando-se ao fato de que o presidente recebeu um voto a seu favor, ficando politicamente isolado.
Fonte: G1


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