'Serve para refrescar a memória',
diz jovem sobre
recomeço de aulas na BA
Medida do governo começa a ser aplicada nesta segunda-feira em Salador.
Cerca de 22 mil alunos podem retomar estudos no 3° ano do ensino médio.
Para o estudante Gabriel Costa, de 16 anos, o recomeço das aulas para o 3° ano, nesta segunda-feira (25), em Salvador, serve para "refrescar a memória". "Se a greve [dos professores] continuar, talvez terão que passar todo mundo. Não vai ter nota, não vai ter prova, as aulas são para preparação para o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e vestibular. Quem não for fazer, como eu, serve para refrescar a memória, revisar os assuntos", avalia.
O ano letivo para o 3° ano do ensino médio foi retomado na manhã desta segunda-feira (25), ainda durante a greve dos professores da rede estadual de ensino, que já dura mais de 70 dias na Bahia. A decisão foi anunciada pela Secretaria de Educação como plano emergencial e visa atender 22 mil estudantes que vão prestar os vestibulares e realizar a prova do Enem.
Gabriel Costa relata que a sala de aula da Escola Davi Mendes, na avenida São Rafael, estava cheia. "A turma era grande, quase 60 pessoas, com dois professores. Hoje não deram assunto, foi apenas apresentação. Falaram da greve e disseram que tinham muita experiência, rebatendo as críticas", diz. Afirma ainda que a presença de professores grevistas no início da manhã em frente à escola atrasou quase uma hora o início da aula.
No Colégio Estadual Governador Roberto Santos, no bairro do Cabula, o movimento de alunos foi fraco. Das dez turmas previstas para o turno da manhã, apenas duas foram formadas, cada uma delas com 18 alunos. Uma das estudantes conta que ocorreram aulas de matemática, química e física. "Foram proveitosas, queremos dizer para os alunos que não compareceram, que venham, porque vai vale a pena", afirma (veja entrevista no vídeo ao lado).
Os professores disseram que estão empenhados na reposição de todo o conteúdo letivo até o fim do ano. Já os profissionais em greve realizaram manifestação na porta de algumas unidades. "Isso não resolve a situação. O pessoal não foi preparado para um trabalho específico de pré-vestibular", avalia a professora Edenice Santana, que se apresentou como pertencente ao comando da greve.
Unidades
Dezenove escolas foram escolhidas para sediar as aulas. Para saber em qual unidade vai estudar, os alunos podem acessar o site da secretaria. Informativos foram disponibilizados na portaria de cada escola e nas portas das salas para orientar professores e alunos. Foram convocados 545 professores para ministrar as aulas. Eles atuam em estágio probatório e 706 contratados pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda), além de profissionais que não aderiram ou que encerraram a participação no movimento.
Dezenove escolas foram escolhidas para sediar as aulas. Para saber em qual unidade vai estudar, os alunos podem acessar o site da secretaria. Informativos foram disponibilizados na portaria de cada escola e nas portas das salas para orientar professores e alunos. Foram convocados 545 professores para ministrar as aulas. Eles atuam em estágio probatório e 706 contratados pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda), além de profissionais que não aderiram ou que encerraram a participação no movimento.
InteriorEm Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km da capital, 50 mil alunos estudam em 78 escolas da rede estadual. Do total, 4.592 estão matriculados no 3° ano. A greve paralisa as atividades em 43 escolas e, das demais, 13 funcionam parcialmente. De acordo com a Diretoria Regional de Educação (Direc), a reposição das aulas na cidade ocorrerão durante 16 sábados a partir de julho. Na cidade, 99 professores em regime Reda foram convocados para ministrar as atividades. Outros 55 que foram aprovados no último concurso da Secretaria Estadual da Educação também serão chamados.
Em Itabuna, a Direc do sul da Bahia afirma que oito das 20 escolas estaduais voltaram as aulas do 3° ano. Na cidade de Ilhéus, 35% dos estudantes do 3° ano voltaram a estudar. Dos 22 colégios estaduais, dez continuam sem aula, segundo a Secretaria da Educação. Na cidade de Barreiras, situada no norte do estado, das 15 escolas estaduais, 11 funcionam normalmente, informa o Direc local.
Outras medidas
No pacote de medidas, está prevista a realização de “Aulões Enem” coordenado pelo professor de português Jorge Portugal, com o apoio de professores especialistas. Ao todo, serão 384 “aulões” em 24 polos de toda a Bahia – 13 unidades na capital e 11 no interior. Cada sessão será acompanhada por quatro professores, que irão enfatizar 32 temas considerados mais recorrentes nas provas do exame. Em Salvador, as aulas ocorrem às segundas e quartas-feiras, na Escola Parque, localizada no bairro da Caixa D'Água, e serão transmitidas pela TV Educadora. A estreia está marcada para a quarta-feira (27), às 9h. No interior, as aulas ocorrem sempre aos sábados. “Cada 'aulão' terá de 500 a 700 alunos”, detalha o secretário.
No pacote de medidas, está prevista a realização de “Aulões Enem” coordenado pelo professor de português Jorge Portugal, com o apoio de professores especialistas. Ao todo, serão 384 “aulões” em 24 polos de toda a Bahia – 13 unidades na capital e 11 no interior. Cada sessão será acompanhada por quatro professores, que irão enfatizar 32 temas considerados mais recorrentes nas provas do exame. Em Salvador, as aulas ocorrem às segundas e quartas-feiras, na Escola Parque, localizada no bairro da Caixa D'Água, e serão transmitidas pela TV Educadora. A estreia está marcada para a quarta-feira (27), às 9h. No interior, as aulas ocorrem sempre aos sábados. “Cada 'aulão' terá de 500 a 700 alunos”, detalha o secretário.
O reforço será exercido ainda por meio do projeto “É Bom Saber”, que é parte da política de educação do estado desde o ano passado. O objetivo do programa é melhorar o desempenho dos alunos através de 175 programas de 26 minutos gravados em formato de “revista” e que abordam “temáticas contemporâneas” frequentes em Enem e vestibulares. Os alunos podem assistir às aulas na programação da TVE e nos sites do Iderb e da Educação.
Adesão à greve
O secretário Osvaldo Barreto aproveitou a ocasião para criticar a postura dos sindicalistas de estender a greve sem considerar os vestibulandos e garantiu que não existe a possibilidade de nova proposta por parte do governo. “É lastimável a posição do comando da greve nessa direção. Pedimos que eles abandonem a ideia de bater recorde [de tempo] com a greve, isso não interessa a ninguém. Dos 417 municípios, nos aproximamos de 300 municípios sem nenhuma dimensão de greve, que se concentra basicamente em Salvador e em Feira de Santana”, afirma.
O secretário Osvaldo Barreto aproveitou a ocasião para criticar a postura dos sindicalistas de estender a greve sem considerar os vestibulandos e garantiu que não existe a possibilidade de nova proposta por parte do governo. “É lastimável a posição do comando da greve nessa direção. Pedimos que eles abandonem a ideia de bater recorde [de tempo] com a greve, isso não interessa a ninguém. Dos 417 municípios, nos aproximamos de 300 municípios sem nenhuma dimensão de greve, que se concentra basicamente em Salvador e em Feira de Santana”, afirma.
A situação de cada escola, segundo ele, é acompanhada através de um sistema interno, alimentado pela secretaria com base nas informações das 33 diretorias regionais do estado. Na capital, do total de 1.412 escolas, por exemplo, a secretaria aponta que as aulas já estão normalizadas em mil unidades. O sindicato da categoria (APLB) nega o dado e reafirma que o movimento quer negociar com o governo. Para Marilene Betros, vice-coordenadora da APLB, a quantificação do governo inexiste e é uma tentativa de enfraquecer o pleito da categoria.
Movimento grevista
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio.
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio.
Salários cortados
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi favorável ao Governo da Bahia no pedido para suspender a liminar que determinou o pagamento de salários aos professores da rede estadual. A decisão foi proferida pelo presidente do STJ, o ministro Ari Pargendler, no dia 12 de junho. Os professores já anunciaram que vão recorrer da decisão.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi favorável ao Governo da Bahia no pedido para suspender a liminar que determinou o pagamento de salários aos professores da rede estadual. A decisão foi proferida pelo presidente do STJ, o ministro Ari Pargendler, no dia 12 de junho. Os professores já anunciaram que vão recorrer da decisão.
Com a decisão, os efeitos da liminar concedida pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), do dia 29 de maio, são suspensos. De acordo com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), representante jurídica do governo, o STJ entendeu que a aplicação da lei de greve "não obriga o pagamento dos salários no período de paralisação", argumento defendido no recurso encaminhado.
No dia 8 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou seguimento ao recurso do governo do estado, optando assim por não apreciar o mérito do pedido. Diante disso, a PGE o direcionou para revisão do STJ.
O corte nos pontos dos profissionais grevistas foi comunicado às 33 diretorias regionais, na capital e no interior do estado, no dia 18 de abril. A medida foi baseada, segundo a secretaria de Educação, na decisão do próprio TJ-BA, que determinou a ilegalidade do movimento grevista. No recurso acerca do pagamento dos salários, a PGE argumentou que pagar salários vai de encontro com a declaração de ilegalidade afirmada pela Justiça baiana.
Proposta negadaA proposta feita pelo governo prevê reajuste salarial entre 22% e 26% por meio de progressão na carreira, através da presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo.
"Ela vai atingir 90% a 100% de quem está na ativa. Não estamos falando de provas, nós estamos falando de cursos de qualificação. Ninguém tem que fazer prova, tem que estar presente no curso, se qualificou para poder fazer jus a uma promoção", explica o governador Jaques Wagner.
O sindicato aponta, por outro lado, que a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório. Afirma ainda que o governo estaria colocando cursos de qualificação no lugar da prova de desempenho, avaliação feita todos os anos, que concede avanços na carreira e aumento de salários a um número limitado de professores.
Professores fazem
manifestações no início das
aulas para o 3º ano
Cerca de 22 mil jovens terão aulas voltadas para Enem e vestibulares.
Nova assembleia da categoria será feita na manhã de terça-feira (26).
Professores em greve há mais de 70 dias na rede estadual de ensino da Bahia participaram de manifestações na manhã desta segunda-feira (25) em frente a escolas que inciaram aulas para os estudantes do 3º ano do ensino médio em Salvador.
No Colégio Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, um carro de som foi utilizado para comunicar aos pais e professores o posicionamento do sindicato sobre a volta parcial às aulas. "Isso não resolve a situação. O pessoal não foi preparado para um trabalho específico de pré-vestibular. Os alunos não vão ter nota e não vai corresponder aos 200 dias letivos", avalia a professora Edenice Santana, que se apresentou como pertencente ao comando da greve.
O presidente do sindicato da categoria (APLB-BA) informou que também houve manifestação na frente da Escola Estadual Teixeira de Freitas, no bairro de Nazaré. "Amanhã [terça-feira], temos mais uma assembleia, às 9h, na Assembleia Legislativa da Bahia. A greve continua. Não temos marcada nenhuma negociação nova com o governo do estado", informa o sindicalista. Durante a manhã, panfletos foram distribuídos aos pais e estudantes.
A dona de casa Maria da Ajuda Santos contou ao G1 que encontrou uma confusão quando chegou junto com a filha adolescente ,por volta 7h desta segunda-feira, na Escola Estadual Davi Mendes, no condomínio Colinas de Pituaçu, no bairro de São Marcos. "Estava tumultuado. Tinham kombis com som alto e professores falando sobre a negociação da categoria. Os alunos entraram na escola, mas depois minha filha ligou para dizer que não estava tendo aula'", relata.
Maria da Ajuda é mãe de uma estudante de 16 anos, que deveria concluir o ensino médio este ano. "Minha filha nunca perdeu de ano e esse ano está perdido. Não sei como vai ficar o Enem e o vestibular", teme.
FONTE: REDE BAHIA
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