Procuradoria e Comissão da Verdade decidem exumar corpo de João Goulart - Se Liga na Informação





Procuradoria e Comissão da Verdade decidem exumar corpo de João Goulart

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Procuradoria e Comissão da Verdade decidem exumar corpo de João Goulart
Procuradoria e Comissão da Verdade decidem exumar corpo de João Goulart
Rio de Janeiro, 3 mai (EFE).- O Ministério Público Federal pedirá a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart para determinar se ele foi vítima de envenenamento, mas antes deverão ser feitas análises técnicas porque sua família não quer que a ação 'seja em vão', disseram nesta sexta-feira à Agência Efe fontes oficiais.
A exumação de Goulart, derrubado pelos militares em 1964 e morto durante o exílio na Argentina em 1976, pode determinar se Jango foi envenenado como parte do plano coordenado de eliminação de opositores realizado pelos regimes militares do Cone Sul nos anos de 1970 e 1980 - conhecido como Plano Condor -, segundo porta-vozes do Ministério Público.
Tanto a Procuradoria como a Comissão Nacional da Verdade estão interessadas em que os restos mortais do ex-líder, que estão enterrados em São Borja, no sul, sejam submetidos a uma autópsia e decidiram iniciar as respectivas ações neste mês.
No entanto, a exumação ainda depende da autorização da justiça e que um estudo técnico demonstre previamente a viabilidade do procedimento.
A exumação foi autorizada em 18 de março pelos parentes de Goulart em uma audiência pública na qual participaram membros da Procuradoria e da Comissão Nacional da Verdade, criada no ano passado para investigar as violações dos direitos humanos durante a última ditadura (1964-1985) no Brasil.
'Mas os parentes condicionaram a exumação a uma análise técnica prévia que determine que a autópsia será conclusiva, ou seja, que os peritos confirmem que a análise dos ossos poderá determinar se houve envenenamento ou não', disse à Agência Efe um porta-voz da Comissão Nacional da Verdade.
'Os parentes não querem que o corpo seja exumado em vão e exigem uma confirmação de que a autópsia poderá determinar a verdadeira causa da morte', acrescentou.
'Tudo será feito com muito cuidado e cautela já que se trata de um assunto muito delicado', afirmou a coordenadora do grupo da Comissão Nacional da Verdade responsável pelas relações com a Sociedade Civil, Rosa Cardoso, em declarações aos jornalistas.
'Serão necessários muitos estudos antes que possamos realizar o procedimento (exumação), mas a decisão está tomada', acrescentou a funcionária.
As fontes da Procuradoria consultadas pela Efe informaram que já está sendo preparado um pedido fundamentado para convencer a justiça da necessidade da exumação.
'Estamos analisando a forma como será feita esse pedido e qual será a melhor forma de realizar a exumação e a autópsia', afirmou um porta-voz da Procuradoria.
'Como existe a autorização da família, dificilmente um juiz se negará a ordenar a exumação', acrescentou.
Apesar de Goulart ter morrido na Argentina, a Procuradoria brasileira abriu em 2007 uma investigação para determinar as causas de sua morte perante testemunhos de ex-agentes de organismos de inteligência de que foi assassinado.
Goulart, conhecido como Jango e considerado um líder progressista simpatizante das esquerdas dos anos 60, em plena Guerra Fria, morreu em dezembro de 1976 em um hotel da cidade argentina de Mercedes, onde se encontrava exilado.
Sua morte foi atribuída oficialmente a um 'ataque cardíaco', mas sua família sempre sustentou que foi vítima de um assassinato.
Essa tese foi ratificada há quatro anos por um ex-membro do serviço secreto uruguaio, preso no Brasil por tráfico de armas, que assegurou que Goulart foi envenenado por agentes de vários países que atuavam no marco da 'Operação Condor'.
A Comissão Nacional da Verdade deseja que o processo e a possível autópsia conte com a participação de peritos da Argentina, onde o ex-presidente morreu, e do Uruguai, em onde viveu após ser derrubado pelo golpe militar de 1964.

Fonte: MSN

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