Marcionismo, um perigo em nosso meio.
/artigos.gospelprime.com.br/files/2017/02/so-cristaos-judeus-nao.png)
Particularmente considero os principais responsáveis por esse problema o imperador romano Constantino e Marcião de Sinope, um teólogo que exerceu grande influência no cristianismo.
Marcião (110-160 dC ) era natural de Sinope, uma cidade junto ao Mar Negro que faz parte do território Turco. Segundo relatos, ele era filho de Cristãos, e seu pai um bispo da Igreja antiga.
Marcião criou uma doutrina descontextualizada e desconhecida pelos apóstolos, principalmente baseada nas cartas de Paulo, sendo facilmente percebida até hoje quando o assunto em questão envolve a Lei e a Graça. De acordo com Marcião, Paulo era o único apóstolo que tinha entendido corretamente a nova mensagem de salvação, tal como foi proferida por Cristo.
A teologia chamada de marcionismo propunha a existência de dois deuses distintos, fator que contribuiu para divisão da Bíblia e gerou os termos “Antigo Testamento” e o “Novo Testamento”.
A consequência dessa nova modalidade bíblica fez com que o Novo Testamento fosse mais valorizado. Sendo que até hoje muitas organizações distribuem cópias apenas do NT em presídios, escolas, hotéis e hospitais como método de evangelização.
Marcião foi considerado herege quando ele rejeitou toda a Bíblia hebraica e outros livros cristãos que foram eventualmente incorporados no Novo Testamento canônico . Ele declarou que o cristianismo era distinto e em oposição ao judaísmo.
A premissa do Marcionismo é que muitos dos ensinamentos de Cristo são incompatíveis com as ações do Deus do Antigo Testamento. Tertuliano afirmou que Marcião foi o primeiro a separar o Novo Testamento do Antigo Testamento.
Enfocando as tradições paulinas do Evangelho de forma descontextualizadas, Marcião sentiu que todas as outras concepções do Evangelho se opunham à verdade.
Ele considerou parte dos argumentos de Paulo como a essência da verdade religiosa e criou dois princípios: o Deus justo e irado do Antigo Testamento, o criador do mundo e um segundo Deus do Evangelho que é puramente amor e misericórdia e que foi revelado por Jesus. Uma visão politeísta e pagã.
Marcião de Sinope teve dificuldades de entender que a Graça está presente desde a queda de Adão, e que ela também estava presente quando Deus enviava os profetas apregoando o arrependimento aos gentios (Jonas, Moisés, Noé, etc) e aos filhos de Israel. Marcião não compreendeu que a Justiça e a Misericórdia são inseparáveis – Hebreus 12:29.
Marcião foi excomungado pela Igreja de Roma por volta do ano de 144 e retornou à Ásia Menor, onde continuou a espalhar sua mensagem até sua morte.
Passado praticamente 165 anos desde a morte de Marciao de Sinope, ocorreu então a ruptura do cristianismo com Jerusalém, e o império romano estabeleceu um novo cristianismo por volta de 325 d.C.
A separação da igreja gentílica dos judeus crentes em Jesus gerou o Concílio de Nicéia (na Turquia) onde os bispos do império romano reuniram-se para definir o “NOVO” cristianismo e sua tradições, sob ordens do primeiro imperador cristão, Constantino.
Uma vez que o “CRISTIANISMO” passou a estar sob NOVA DIREÇÃO por força do império romano, os Judeus crentes em Jesus foram considerados hereges, expulsos e perseguidos por não concordarem com as mudanças que foram impostas pelo exército de Constantino. E muitos dos que se opuseram foram mortos.
No concílio de Nicéia nasceu o CRISTIANISMO MODERNO que gerou mudanças no dia de culto, do Sábado para o Domingo, cancelaram as FESTAS BÍBLICAS que a Igreja até então celebrava, alteraram o calendário (cumprindo-se DANIEL 7:25) e eliminaram ISRAEL e os Judeus do contexto bíblico, fator que mais tarde deu origem a famosa Teologia da Substituição que contradiz completamente a Carta de Paulo aos Romanos cap. 11 e a profecia de Jeremias encontrada no capítulo 31 vers 35 a 37.
Diante de todos esses fatos eu concluo o artigo afirmando que minha intenção não é denegrir a imagem do cristianismo ou exaltar o judaísmo, mas trazer à luz alguns fatos que explicam as divisões e contradições que separam os fiéis gerando até mesmo preconceitos e dificuldades no entendimento das Escrituras quanto ao cumprimento de inúmeras profecias vinculadas ao povo judeu e a Nação de Israel.
Referências
Blackman, E.C. Marcion and His Influence. Wipf & Stock Publishers, 2004. ISBN 1592447317
Clabeaux, John James. The Lost Edition of the Letters of Paul: A Reassessment of the Text of Pauline Corpus Attested by Marcion. Catholic Biblical Assn of Amer, 1989. ISBN 0915170205
Ehrman, Bart D. Lost Christianities: The Battles for Scripture and the Faiths We Never Knew. Oxford University Press, 2005. ISBN 978-0195182491
Evans, Ernest. transl. and Tertullian. Adversus Marcionem (“Against Marcion”), translated and edited by Ernest Evans. 1972.
Ferguson, Everett. in McDonald and Sanders, eds. The Canon Debate. Hendrickson Publishers, 2002. ISBN 978-1565635173
Grant, Robert M., “Marcion and the Critical Method.” Peter Richardson & John Collidge Hurd, eds., From Jesus to Paul. (Studies in Honour of Francis Wright Beare.) Waterloo, ON: 1984.
Harnack, Adolf von. Marcion: The Gospel of the Alien God. Labyrinth Press, 1990. ISBN 0939464160
Hoffmann, R. Joseph. Marcion, on the Restitution of Christianity: An Essay on the Development of Radical Paulist Theology in the Second Century. Scholars Press, 1984. ISBN 0891306382
Knox, John. Marcion and the New Testament: An Essay in the Early History of the Canon. University Microfilms International; Authorized facsim edition, 1977. ISBN 0404161839
Mead, G.R.S., Gospel of Marcion Fragments of a Faith Forgotten,gnosis.org. Retrieved November 1, 2008. London and Benares, 1900; 3rd Edition, 1931.
Tertullian. (Adversus Marcionem). Against Marcion. translated and edited by Canon Ernest Evans, Oxford University Press, 1972.
Williams, David Salter, “Reconsidering Marcion’s Gospel,” Journal of Biblical Literature 108 (1989): 477-496
/static.gospelprime.com.br/images/c/eli-simberg.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário