Carnaval carioca demonizado: cultura ou satanismo? - Se Liga na Informação





Carnaval carioca demonizado: cultura ou satanismo?

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Os seguidores hedonistas dessa falsidade cultural têm vantagem nesse embate religioso.




Carnaval carioca demonizado: cultura ou satanismo? 

Como bem disse Rodrigo Constantino em seu magistral prefácio da obra Nossa cultura…ou o que restou dela: 26 ensaios sobre a degradação de valores, de Theodore Dalrymple, editora É Realizações, “troquei o hedonismo por Theodore Dalrymple”. Apesar de antes eu não estar vivendo no hedonismo, a frase se encaixa bem pelo momento em que estou escrevendo, que é no carnaval brasileiro.
Antes de passar para o tema principal e objeto do presente artigo, posso afirmar que, no Brasil, a Constituição Federal de 1988 assegura a qualquer indivíduo a livre manifestação do pensamento, de consciência e de crença. Se é assim, então, o que se faz na sapucaí, de acordo com o que se verá nas linhas seguintes, não é diferente do que acontece neste artigo: a livre manifestação do pensamento, de consciência e de crença religiosa. Logo, estou livre de qualquer censura, mesmo que essas linhas falem o que os carnavalescos não querem ler ou depois ouvir. O que eles fizeram lá na passarela é o que estou fazendo aqui. Estamos tratando do mesmo fenômeno. E ele está mais para religião do que para a cultura. A considerar como cultura, poderia muito bem ser objeto do 27º ensaio de Theodore Dalrymple na obra citada acima.
A escola de samba Salgueiro, neste carnaval de 2017, trouxe para o desfile carioca sambistas vestidos de demônios e praticando cenas de sexo, além de um carro com a figura de um demônio e um enredo adequado a esse inferno, numa homenagem à Divina Comédia de Dante. O que isso significa, verdadeiramente e sob o ponto de vista cristão ou religioso? Mais do que uma simbologia do satanismo: a prática pública escrachada e sem qualquer pudor ou peso na  consciência da religião satânica. Por outro lado, a autêntica e mais brava mão do gramscismo cultural, a Rede Globo, insiste em desinformar o indivíduo, chamando esse arremedo de fé simplesmente de… cultura, além de deixar de informar que o carro alegórico que carregava a estátua do diabo pegou fogo. Ou seja, não quis desmoralizar a figura da entidade perante o público.
Além da demonização política que a mídia faz contra a direita conservadora, fenômeno da mesma natureza está impregnado em nossa cultura, tratando-se de uma subcultura ou uma pseudocultura, sendo seus adeptos mãos ou braços fortes da revolução gramsciana. Trata-se de um fenômeno dúplice: a) negam a existência de um ser transcedental apesar do nítido paganismo e; b) camuflam a religião sob o vél da “cultura”. Todas as duas são formas de negar o divino e exaltar o pagão. No caso, exaltar o maior adversário do cristianismo: o diabo. Seria o mesmo que a morte de Deus na cultura, trazida por Terry Eagleton.
Chesterton, em homem eterno, alude a um tipo imaginativo de paganismo que enche templos e é o ancestral do espírito de festividade popular. Existia a fraqueza do pecado original nesse politeísmo vago e impreciso. Trata-se ou de mitologia de devaneio ou de pesadelo.
O mero levantar estátuas ou postes-ídolos em favor de uma entidade que não seja o Deus autêntico, que levou nosso legado cristão a ser o que é hoje, é sacrificar em favor de deuses estranhos ou de entidades que vieram apenas, na visão cristã, para matar, roubar ou destruir. Isso é bíblico e sagrado, crença cristã dogmatizada de anos. Ainda que o carnavalescos levantem suas estátuas ou ídolos em nome da cultura e dizendo que não há culto, há sim culto em favor dessas entidades mórbidas, conforme se conhece na religião cristã. Apenas para ficar num só exemplo, no tempo antigo, havia Baal, o deus da promiscuidade (Juízes 3.7).
Absolutamente, essa demonização do desfile carnavalesco não trata de arte ou de cultura pura, mas de um verdadeiro paganismo sofisticado e camuflado, uma maneira “civilizada” de se oferecer culto àqueles “deuses” (no caso, confessadamente demônios mesmo!). Uma forma de religião travestida de cultura com o nítido propósito de enganar pelo prazer da carne. Uma cultura que leva ao empobrecimento da alma e do espírito, aquela um lugar de Deus dentro de cada de um nós, o coração, de onde brota o mais profundo desejo do bem e do mal, este um lugar de pensamento e de reflexão para o agir. Contaminado o coração, o resto vai por água abaixo.
Mesmo que os seus promoventes e seguidores, dos menos aos mais ferrenhos, silenciem quanto a esse fato, afirmem ser propagadores de uma certa arte moderna, o culto existe e é direcionado a um deus certo e preciso: satã. Ainda que aqueles agentes neguem tal fato, a sua incredulidade em nada lhes aproveita ou retira a profanação ou o paganismo. Acreditar ou não é a mesma coisa. Dá no mesmo. Esses agentes são mais do que audaciosos. Sem freio moral algum, são corajosos. O mundo jaz do igno. O inferno existe é a crença de todos os povos, de todos os tempos. Aliás, o ser humano é um crente por natureza. A crença em Deus ainda faz parte de nossa cultura e é nosso maior legado ocidental, apesar das várias tentativas de negá-lo ou destruí-lo. Destruí-lo significaria a destruição da própria civilização, com seus princípios naturais, universais e atemporais.
Se o preferível dessa turma hedonista é dizer que essa manifestação não se trata de religião, vamos proceder, então, como querem eles e levar a análise para o campo da arte. Figuras de demônios revelam uma estética desumanizada, ainda mais quando se vê a banalização do sexo pelas cenas na passarela, algo inferiorizado e semelhante à lata de fezes e ao vaso sanitário mostrado por Roger Scruton em um de seus vídeos no Youtube, que trata que a beleza é algo necessário para a verdadeira arte. Mas não. O exposição de figuras demoníacas e de gente vestida de diabo é algo que dói aos olhos humanos. Os picaretas do espírito dignificam esse avermelhado satânico que tomou conta da passarela. De repente, a Salgueiro descobriu ou confirmou um novo tom de cor: o vermelho satânico. O mesmo vermelho do manto que vestiu Zeena, de apenas três anos de idade, filha de Anton Szandor Lavey, o fundador da primeira Igreja de Satã no mundo.
Os seguidores hedonistas dessa falsidade cultural têm vantagem nesse embate religioso. Primeiramente, porque eles insistem em não transcedentalizar o tema, cobrindo com o manto da “arte”. Depois, porque o culto está em meio à festividade, ao carnaval, à festa da carne. Existe prazer e alegria nesse entretenimento, sendo certo que eles não estão ali para fazer orações e sacrifícios puros, santos e verdadeiros. Não há sacrifício da carne em prol do espírito, e sim do espírito em favor da carne. O resultado não pode ser outro senão uma larga vantagem em relação à captação de adeptos sedentos por prazer e alegria, ainda que momentânea e enganadora ou falsa. Não vou nem entrar nas consequencias trágicas desse aglomero de intenções carnais, como acidentes com mortes, doenças, destruição de lares e de personalidades, enfim, daquilo que se sabe, por notório, como consequencia de irresponsabilidades.
Esse maniqueísmo que os hedonistas carnavalescos querem combater e, mais uma vez, igualar a sociedade, tratando iguais quem não é e não deseja ser igual (exatamente porque naturalmente não somos iguais), é uma versão utópica e idealizada, portanto contrária, a trazida por Shakespeare, quando este afirma que o homem é naturalmente mau e, se não cuidar dos seus instintos, vai acabar destruindo a civilização. Os hedonistas, ao contrário, têm uma receita infalível para isso. Eles apelam para um sentimento humano fugaz e vendem uma receita paradisíaca, pronta para qualquer depressivo, desiludido ou para um mero entediado. Não é muito difícil cair nela, já que no seu interior reluz uma tal de “felicidade”.
A Rede Globo não disse, mas pegou fogo no carro alegórico que trazia a figura do diabo. Ao fim, então, a Salgueiro, literalmente, permitiu um verdadeiro inferno para dentro da avenida, o elemento preferido mesmo do diabo, o fogo. Só que esse fogo não foi trazido pelo diabo, mas por Deus contra o paganismo, demonstrando que nosso legado é o verdadeiro Deus

Sérgio Renato de Mello

Sérgio Renato de Mello

Defensor Público do Estado de Santa Catarina.

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