1844: O pai dos cálculos de Guilherme Miller - Se Liga na Informação





1844: O pai dos cálculos de Guilherme Miller

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De onde Guilherme Miller e seu companheiro Samuel Snow, tiraram suas conclusões para a interpretação de que Jesus voltaria em 1843/1844? Havia na época um grande número de crentes e intérpretes oriundos de varias igrejas, que especulavam qualquer tipo de predições com base no livro de Apocalipse e Daniel. Esses, evidentemente, deixaram uma hermenêutica sadia, que norteava a teologia das igrejas históricas protestantes, já amadurecida na época1, enveredando-se por especulações proféticas.

Ellen White assegura que Miller chegou a essa conclusão sozinho. Ela dedica um capítulo do livro O Grande Conflito para mostrar que em outros países diversos haviam chegado a uma conclusão semelhante, como que se fosse algo divinamente direcionado. Porém, essa senhora ou estava enganada, ou engana seus leitores.

Quais são os fatos? Qual a real origem desse volume de mensageiros proféticos no século XIX?

Um ex-ancião das Testemunhas de Jeová, Carl Olof Jonsson, publicou um importante livro questionando a data profética de 1914 das Testemunhas de Jeová. É o melhor e mais profundo trabalho existente sobre o assunto.


Para levantar a origem da data de 1914, Jonsson teve que percorrer uma parte da história que nos interessa agora:

“Na longa história da especulação profética, John Aquila Brown, da Inglaterra, desempenha um papel destacado. Embora não tenha sido encontrada qualquer informação biográfica sobre Brown até agora, ele influenciou fortemente o pensamento apocalíptico de sua época. Ele foi o primeiro expositor que aplicou os supostos 2.300 anos-dias de Daniel 8:14 de forma que terminassem em 1843 (depois 1844)”2

Mesmo que desde os primeiros séculos de nossa era, rabinos judaicos preparam o terreno hermenêutico para tais interpretações3, J. A. Brow foi, segundo Jonsson, o pioneiro da interpretação que se tornara o eixo da existência adventista. A expectativa de Brown era a mesma que Miller pregou:

“Esperava-se que o segundo advento ocorreria durante o ano 1843/44, contado da primavera a primavera [setentrional] como se fazia no calendário judaico.” 4

Ainda que alguns rejeitem, Jonsson refuta a possível objeção:

“Argumentou-se que os expositores nos Estados Unidos chegaram à data 1843 como sendo o fim dos 2.300 anos independentemente de Brown. Embora isso possa ser verdade, não pode ser provado, e é interessante que O Observador Cristão, de Londres, Inglaterra, um periódico iniciado em 1802 que tratava freqüentemente de profecias, tinha também uma edição americana publicada em Boston, que publicava simultaneamente artigo por artigo da edição britânica. Portanto o artigo de Brown sobre os 2.300 anos poderia ter sido lido por muitos nos Estados Unidos já em 1810. Logo depois disso, a data 1843 começou a aparecer em exposições proféticas americanas.5

Carl Jonsson apresenta em seu livro uma cópia de um periódico de J. A. Brown, mostrando assim evidência de sua afirmação. Quem precisa agora provar ao contrário, são os adventistas para salvaguardar a versão da história que Ellen White deu.

Segundo Miller, ele entendeu o tempo de Dn 8.14 como terminando em 1843/44, - em 1818 seriam oito (8) anos após  a possível presença dos escritos de J. A. Brow em solo americano.

Portanto, diante desses fatos, mas especialmente diante dos resultados do movimento adventista, não foram os anjos que guiaram Miller em suas interpretações. Nem o Espírito Santo. Não foi uma interpretação independente, como sugere Ellen White, nem mesmo uma grande movimento mundial legitimamente bíblico. Melhor pensarmos que foi uma grande euforia mundial.

NOTAS
1. Tome como exemplo a Confissão de Fé de Westminster que norteia o pensamente presbiteriano: “XXXIII,3. Assim como Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos nas suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles se despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não sabendo a que hora virá o Senhor, e estejam prontos para dizer - "Vem logo, Senhor Jesus". Amém.II Ped. 3:11, 14; II Cor. 5:11; II Tess. 1:5-7; Luc. 21:27-28; Mat. 24:36, 42-44; Mar. 13:35-37; Luc. 12:35-36; Apoc. 22:20.” Faz parte da construção de fé Reformada aceitar a verdade bíblica de Mt 24.36. Qualquer presbiteriano/reformado que se aventurar em marcar datas para a volta de Cristo, deixa de ser bíblico, isto é, Reformado.
2. Carl Olof Jonsson. Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, p. 37-40 [Versão em PDF:http://pt.scribd.com/doc/22871648/Carl-Olof-Jonnson-Tempos-Dos-Gentios-Reconsiderados].
3. Ibid, pp. 29,30.
4. Ibid, p. 40.
5. Ibid, p. 40.

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