O objetivo deste artigo não é fazer uma exegese, mas um comentário de João 1.1 levando em conta o texto em grego para mostrar que seu tema é o Pacto da Redenção. Se a História da Criação começa com Berishit (en arkhé) bara Elohim (Theos – plural - Trindade) et hashamain weethaaret (o Cosmos), a História da Redenção começa com En Arkhé en ho Lohos, kai ho Logos pros ton Theon kai Theos en ho Logos. Para muitos João 1.1 e Gênesis 1.1 descrevem o mesmo Tempo, na realidade não, João 1.1 descreve a Eternidade ao passo que a criação começa a ser relatada nos versos seguintes.
O Evangelho de João foi claramente escrito para mostrar que Jesus é Jeová. Se no Antigo Testamento lemos que Jeová é a Rocha Eterna, a Videira de Israel, Vida e Verdade e o Pastor que nada deixa faltar às suas ovelhas é Jesus quem diz “Eu Sou” a Videira verdadeira, a Vida e o Bom Pastor.
Jeová é o nome pactual de Deus. O destaque do Evangelho de João é em como Jesus, o Deus Verdadeiro que representa o Homem diante do Pai no Pacto da Redenção vem ao mundo trazer vida, luz e salvação. Jesus estava aqui como Representante Federal de um Pacto. Ele representava Deus ao homem “Quem vê a mim vê o Pai”.
Mas Jesus fazia parte de um Pacto único e exclusivo da Divindade. “Eu e o Pai somos um”, “Ninguém pode conhecer o Pai se o Filho não revelar”. Quando Jesus diz “ninguém subiu ao Céu”, o Céu é o Céu do “Pai nosso”, ninguém esteve diante da Face do Pai como o Filho, ninguém adentrou a Trindade e se apresentou como Representante humano no Céu senão Jesus, o que desceu de lá e depois subiu.
Para facilitar vou usar grego transliterado e veremos o texto palavra por palavra:
En= Dá a ideia de lugar, espaço. Na realidade, não pode ser espaço, pois o texto fala de um Pacto na eternidade. O “em” + “o” muitas vezes é usado pra falar no eterno agora. Não sabemos como é o “eterno agora”, não é um espaço-tempo, mas nossa linguagem limitada faz com que falemos dele como se fosse um lugar.
Arché= O próprio Jesus é apresentado no Novo Testamento em Apocalipse como a Arkhé (a Origem), Jesus é o Princípio porque nele toda criação encontra sua origem. Na eternidade, Deus Pai e Deus Filho decidiram criar o Cosmos. E isso foi uma decisão pactual. Fazia parte do plano de redenção, a criação. A ordem é óbvia, se quero salvar o homem, o homem precisa existir. Mas não só isso, se quero salvar alguém, preciso que esse alguém esteja em perigo. Assim, tendo formulado o plano de salvação, o Pai e o Filho decidiram que era necessário primeiro criar um mundo bom que se corromperia.
En= A ideia do en é de existência eterna. Não é como em Gênesis. No princípio Deus criou, mas sim Deus gerou (João 1.18 - monogenes). Jesus é Eterno. Ele simplesmente era . Não começa com bara , mas com “en” . Aquele que é a Origem de todas as coisas é Eterno. Ele não diz “Antes de Abraão nascer, eu nasci”, mas sim “EU SOU” (Êxodo 3.14).
Ho Logos= Logos aqui não quer dizer lógica. O plano de fundo não é o helenismo judeu, nem a filosofia grega, não tem nada a ver com o Logos de Alexandria. Aqui o Logos tem o sentido de Verbo, Discurso, Palavra, Linguagem ou Interpretação. Ele está baseado no “Dabar-Yahweh” do Antigo Testamento, a Palavra que sai da Boca de Deus ou Aquele que “interpreta” Deus para nós. Jesus é a exegese de Deus Pai. Provavelmente comLogos, João tinha em mente Provérbios 8.22-31 que descreve ao mesmo tempo a eternidade da existência e a geração eterna do Logos (Sabedoria):
"O Senhor me gerou como o princípio de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; fui formada desde a eternidade, desde o princípio, antes de existir a terra. Nasci quando ainda não havia abismos, quando não existiam fontes de águas; antes de serem estabelecidos os montes e de existirem colinas eu nasci. Ele ainda não havia feito a terra, nem os campos, nem o pó com o qual formou o mundo. Quando ele estabeleceu os céus, lá estava eu, quando traçou o horizonte sobre a superfície do abismo, quando colocou as nuvens em cima e estabeleceu as fontes do abismo, quando determinou as fronteiras do mar para que as águas não violassem a sua ordem, quando marcou os limites dos alicerces da terra, eu estava ao seu lado, e era o seu arquiteto; dia a dia eu era o seu prazer e me alegrava continuamente com a sua presença. Eu me alegrava com o mundo que ele criou, e a humanidade me dava alegria."
Kai= Essa partícula indica distinção não há só o Logos, o mundo não foi criado por uma só Pessoa. Kai é como se lêssemos “O Filho é o Criador Eterno”, mas tem mais... (e...).
ho logos Pros ton= A ideia é de direcionamento, intencionalidade. A ideia é que Pai e Filho estão um diante do outro se movendo um em direção ao outro. É uma correlação eterna de amor intencional. Eles compartilham da mesma glória eterna e do mesmo amor.
Theon kai ho Theos= A ideia é de que Theon e Theós tem o mesmo significado. João 1.1 forma quase um silogismo (1) No começo o Logos era Deus Eterno (2) O Logos se move em direção ao Deus Eterno “para se fundir com ele” e (3) o Logos é o Deus eterno. As palavras estão lado a lado, de modo que achar que uma quer dizer o Deus Verdadeiro e a outra um deus poderoso, é loucura, é acusar o texto inspirado de falácia da equivocidade. O anartro, a distinção de Theón como predicativo e ho Theós como sujeito é clara. Jesus é Deus Eterno, mas não é “ton Theón”, ele não é o Deus Pai, ele é Deus Filho. A ausência de artigo, longe de diminuir a divindade de Jesus, revela que Ele não é Deus Pai, mas que ele estava em um relacionamento pactual comDeus Pai, o que seria impossível fossem os dois a mesma pessoa. O relacionamento pactual Pai-Filho na eternidade é o que na Teologia Aliancista se chama pacto da redenção. O texto termina com en ho Logos,enfatizando novamente que Jesus é o Deus Eterno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já expliquei em um artigo sobre Batismo Infantil (aqui):
“Segundo a Teologia do Pacto, Deus Pai fez uma Aliança com Deus Filho na Eternidade, chamado ‘Pacto da Redenção’. Neste Pacto, Cristo é o nosso Representante. O ‘Pacto da Redenção’ é aquele no qual Cristo, como representante de um povo eleito, assume o compromisso de realizar a obra da expiação (Salmos 2.7-9; Efésios 3.11; Apocalipse 13.8).”
É esta Aliança na Eternidade entre o Deus Pai e o Logos Deus Filho que João 1.1 tem em mente:
“Segundo a Teologia do Pacto, Deus Pai fez uma Aliança com Deus Filho na Eternidade, chamado ‘Pacto da Redenção’. Neste Pacto, Cristo é o nosso Representante. O ‘Pacto da Redenção’ é aquele no qual Cristo, como representante de um povo eleito, assume o compromisso de realizar a obra da expiação (Salmos 2.7-9; Efésios 3.11; Apocalipse 13.8).”
É esta Aliança na Eternidade entre o Deus Pai e o Logos Deus Filho que João 1.1 tem em mente:
“No princípio era o Logos, e o Logos estava com o Deus e Deus era o Logos”
João 1.1
FONTE: https://brunosunkey.blogspot.com
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