Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 6 do trimestre sobre "Adoração, Santidade e Serviço"
A proposta da Lição desta semana é estudar o direito de posse e domínio que o Criador tem sobre a criação (material, vegetal, animal e humana) a partir da compreensão do ensino geral do livro de Levítico, destacando-se seus muitos sacrifícios e ofertas. Embora o título da Lição seja “A doutrina do culto levítico” – que não me parece fazer jus ao assunto abordado -, não se trata de uma exposição do culto propriamente (se assim fosse, ao menos o tópico I da Lição estaria fora de lugar). Veremos como Deus é digno de ser adorado por suas criaturas, visto que tudo a Ele pertence.
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I. A terra é do Senhor
Tratando-se da ordem e origem da natureza no universo, a cosmologia pagã tem seus inúmeros mitos para explicar a origem e o propósito do mundo. Um dos mitos egípcios, por exemplo, explica as origens da humanidade como as lágrimas de alegria do deus-sol, Rá (ou Rê; em egípcio, remut significa “lágrimas”, e remet, “humanidade”). Embora não haja uma expressão egípcia clara do propósito da humanidade, existe a afirmação de que, apesar de os seres humanos serem criados com oportunidades iguais para fazer o bem, eles escolheram desenvolver o mal em seu coração.
A cosmologia bíblica trata de fenômenos naturais do ponto de vista de uma cosmovisão monoteísta: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Diferentemente de concepções pagãs da antiga Mesopotâmia, na cosmologia bíblica as águas primordiais não são difamadas nem divinizadas. Deus comandou a Criação pelo poder de sua palavra, moldando o cosmos de maneira ordenada e governando o mundo com sabedoria (Gn 1; Pv 8.22-31).
Deus é criador da terra, do mar e de tudo o que neles há (Gn 1.1; Dt 10.14), e por esta razão seu é o direito de posse sobre todas as coisas, bem como o direito de ser adorado por suas criaturas (Sl 24.1,2; 148).
Que a terra é do Senhor, isto está expressamente declarado: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo” (Lv 25.23). Quando perguntam qual a moralidade de Deus expulsar os canaanitas pagãos para fazer os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó habitarem ali (Gn 15.18-21), a resposta não é outra senão esta: a terra é de Deus e Ele a dá a quem quiser!
Visto que a tudo Ele criou e que todas as coisas lhe pertencem, Ele tem também o poder e a liberdade de prover vida e alimento aos homens conforme bem lhe aprouver, segundo as condições que Ele quis estabelecer. Por isso, a obediência é exigida de seu povo: “Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, então eu vos darei as chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto. E a debulha se vos chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra” (Lv 26.3-5).
O homem no sertão hoje deve confiar em Deus, que governa as estações chuvosas do ano; o agricultor deve confiar em Deus que faz a terra estéril frutificar e dar boa colheita; o navegante deve confiar em Deus que controla os ventos e as ondas do mar; o pescador ribeirinho deve confiar em Deus que faz o rio correr perene e os peixes se reproduzirem a seu tempo. Deus, somente Deus, é Criador, Dono e Provedor do universo! Soli Deo Gloria.
II. Os animais e os vegetais são do Senhor
Fauna e flora pertencem ao Senhor porque por Ele foram criadas (Gn 1.11,12; 2.20-25) e existem como expressões de seu poder, sua bondade e seu domínio. O famoso pregador do século 18 Jonathan Edwards dizia que a natureza é o maior evangelista de Deus, que testemunha sua existência, seu poder e sabedoria (Sl 19.1-4).
Todavia, desde cedo Deus procurou o homem para a ele revelar-se pessoalmente, a fim de que o homem não confundisse a criação com o Criador, vindo a prestar culto às coisas e aos seres ao invés do Deus todo poderoso. A concepção panteísta (“tudo é Deus”), que de longos séculos estava entranhada em religiões pagãs, como a egípcia donde os hebreus receberam influências ou as dos povos cananeus onde os hebreus habitariam, é taxativamente reprovada na Lei mosaica. “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3).
Foi gravíssimo o pecado do povo hebreu quando na ausência de Moisés instigou o líder Arão a confeccionar deuses para si (Ex 32.1). Arão, contrariando a já dada expressa ordem de Deus contra a idolatria, fabrica um bezerro de ouro e junta-se ao povo na proclamação: “Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito” (Is 32.4). Dois pecados ao menos ali estavam expressos naquele culto profano: o supremo Criador reduzido à imagem de um animal (típico dos cultos egípcios) e louvores sendo prestados a uma imagem de escultura, o que Deus proibira com forte ameaça (Ex 20.4,5).
Não pensemos, contudo, que tal veneração da natureza seja uma prática ultrapassada. Comunidades indígenas não muito distante de nós aqui no Brasil ainda mantém as tradições milenares de suplicar graças à “mãe natureza” – eis aí mais um motivo porque a Igreja deve acelerar a evangelização global e garantir a manutenção dos missionários que estão apresentando o Criador e Salvador à estas pessoas ainda presas na ignorância e perdidas nas trevas. Oremos e trabalhemos!
Especula-se que existam hoje pelo menos 300 milhões de divindades só na Índia, onde plantas e animais são venerados como divindades. Paulo, em seu tempo, já falava sobre estas religiões panteístas: “…honraram e serviram mais a criatura do que o Criador…” (Rm 1.25). É muito propícia a este assunto a letra do hino Grata Nova, na Harpa Cristã:
“Com ofertas e obras mortas,
Sacrifícios sem valor,
Enganado, pensa o homem,
Propiciar Seu Criador,
Meios de salvar-se inventa;
Clama, roga em seu favor,
A supostos mediadores,
Desprezando o Deus de amor”
Como dizia Salomão, “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29). Inventa para si deuses e religiões, clama e roga a eles por benesses; alguns o fazem por pura ignorância, outros em deliberada rejeição ao evangelho de Jesus Cristo.
Como já vimos no estudo das primeiras Lições, os capítulos iniciais de Levítico (1 a 7) são dedicados à regulamentação das ofertas de origem animal ou vegetal na adoração ao Senhor. Um estudo atento do livro de Levítico mostrará que Deus sempre requereu duas coisas dos que o adoravam: santificação e oferta. “Ninguém aparecerá diante de mim com as mãos vazias” (Ex 23.15; 3.20).
Retrocedendo até os dias primitivos, notamos que desde cedo os adoradores aprenderam a “trazer as mãos cheias” para ofertar ao Senhor tanto sacrifício animal como vegetal (veja-se o caso dos irmãos Abel e Caim, filhos de Adão – Gn 4.2-4). Cultuar a Deus mediante tais ofertas era:
III. O ser humano é do Senhor
O salmo de Davi testemunha: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). Para evitar que os judeus escravizassem e oprimissem seus próprios irmãos, Deus ressalta de quem eles são servos: “Porque os filhos de Israel me são servos; meus servos são eles, que tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 25.55).
As cidades de refúgio em Israel (Nm 35) foram designadas justamente para garantir que injustiças não fossem competidas devido um desejo de vingança contra quem matasse acidentalmente o seu próximo. Não se poderia fazer justiça própria contra as pessoas, pois o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus, e a ele pertence a vida de cada pessoa (Gn 1.27; 9.6). Somente quem fosse comprovadamente culpado deveria receber a punição previamente estabelecida. Punir um inocente era incorrer em condenação da parte de Deus! (Dt 19.9,10; 27.25; 2Re 24.4).
A mulher grávida é do Senhor, tanto quanto o bebê em seu ventre; aquela não tem domínio sobre a vida deste! Leis abortistas fedem nas narinas de Deus e Ele não deixará passar em branco essa cultura de morte às crianças praticadas no Brasil e no mundo, não raro com anuência dos poderes públicos!
O Deus que puniu o mundo de Noé com o dilúvio global devido a terra se haver corrompido e se enchido de violência (Gn 6.11-13), não deixará barato essa onda de violência que tem ceifado a vida de crianças, adolescentes, jovens, e idosos em nosso país. Corruptos e corruptores que financiam o crime ou negligenciam a sua repressão; traficantes e assassinos, terroristas e genocidas… nenhum deles ficará impune no tribunal de Deus, visto que usurparam do Criador o direito exclusivamente seu de findar a vida dos homens! É tempo de clamarmos como os salmistas: “Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois tu possuis todas as nações” (Sl 82.8).
O ser humano não é uma criação servil destinada a satisfazer as necessidades de comida e adoração dos deuses, como em Canaã, onde crianças eram oferecidas em sacrifício para saciar a fome de Moloque (Lv 18.21; 20.4; Jr 32.35). Hoje, não poucos pais estão entregando seus próprios filhos para a escravidão aos deuses desta era: vícios, jogos, ocultismo, Tv, internet… Falta oração, culto doméstico e reverência ao Senhor nos lares! A Bíblia há muito está encostada, enquanto os dedos se ocupam o dia inteiro na tela do celular. Quantos filhos que acordam de madrugada aos gritos, devido sonhos perturbadores – e os pais achando que é “coisa da cabeça do menino”. Falta discernimento espiritual!
Não só filhos, mas casais e famílias inteiras estão sobrevivendo alienados de Deus, suscetíveis ao pecado e à opressão maligna! Casais estão se destruindo, despencando no precipício do divórcio, devido uso imoderado e irreverente das redes sociais. Outros casais há que estão se unindo para prática de pecados e crimes virtuais – como o casal Ananias e Safira que se aliançaram para a mentira, tais casais pagarão alto preço diante de Deus!
Em nome de Jesus, destruamos o bezerro de ouro que está em nossa casa! Destruamos os altares erigidos à Moloque nos quais crianças são entregues ao futebol, às novelas e desenhos animados perniciosos! Oremos diariamente por nosso cônjuge, intercedamos como Jó em favor dos filhos (Jó 1.5), santifiquemos nossas casas para que o Deus santo habite dentro dela e desfrutemos de sua maravilhosa presença diariamente! Como Zaquel, recebamos Jesus alegremente em nosso lar (Lc 19.6).
A humanidade foi criada à imagem de Deus e destinada à comunhão com Ele e um propósito de bênçãos (Gn 1.27,28). Nisto se resume todo o propósito de nossa existência: “…teme a Deus e observa os seus mandamentos, porque isto é o tudo do homem”(Ec 12.13).
CONCLUSÃO
Toda a criação pertence a Deus, pois por Ele foi trazida à existência. Somente uma coisa há que podemos chamar de “meu” e que não veio de Deus: o nosso pecado. Precisamos colocar sob o governo de Cristo todo o nosso ser e bendizer ao Senhor com tudo o que há em nós (Sl 103.1).
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