RELIGIÕES: O movimento pentecostal na América Latina e suas quatro faces no Brasil - Se Liga na Informação





RELIGIÕES: O movimento pentecostal na América Latina e suas quatro faces no Brasil

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Por Maurício Montagnero
INTRODUÇÃO
O movimento pentecostal foi um grande acontecimento digno de nota de estudo na história do cristianismo. Teve um crescimento bem considerável em apenas 112 anos, uns dos mais expressivos ao longo da história do cristianismo. Esse movimento não só cresceu em suas “paredes”, mas também, em denominações históricas e até no catolicismo romano.
Portanto, esse presente artigo estudará tal movimento através dos seguintes passos: (1) Um breve histórico do pentecostalismo, analisando seus precedentes históricos; (2) Seu histórico na América Latina, bem como o seu crescimento, enfatizando suas quatro vertentes no Brasil; e (3) Concluirá com os pontos negativos e positivos deste movimento para o cristianismo, especialmente para o protestantismo.
1. UM BREVE HISTÓRICO:[1]
Para se conhecer a historicidade do pentecostalismo é interessante salientar os movimentos que antecederam suas origens. Diante disso, é preciso serem vistos três deles: (1) O grande primeiro despertamento, (2) O segundo grande despertamento e (3) O movimento holiness.
O primeiro grande despertamento ocorreu entre 1730 e 1740, trouxe para a esfera protestante mais emoções, novas buscas por Deus, deixando as antigas tradições. Tudo começou com o metodismo wesleyano, que como o próprio nome dá a entender, teve como pioneiro John Wesley. A doutrina que mais se destacou nessa época foi a da santidade, que era entendida como “inteira santificação” ou “perfeição cristã”. Era vista como algo a ser buscado na existência humana no decorrer da vida. O sucessor de Wesley, John Fletcher, começou a apregoar que esse tipo de santidade deve ser precedida do revestimento de poder do Batismo do Espírito Santo, igualmente fora em Atos 2.  Ainda apregoava três dispensações que seriam do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e que a igreja vive a última dispensação, ou seja, a do Espírito Santo que foi iniciada no Pentecostes e que vai até a segunda vinda de Jesus Cristo. Enquanto John Wesley tinha seu foco no cristocêntrismo, John Fletcher tinha seu foco no pneumatocêntrismo.
O segundo grande despertamento ocorreu no século XIX, mais especificamente nas primeiras décadas e enfatizava as experiências do primeiro, começou a questionar a teologia reformada calvinista sobre a soberania de Deus, e no lugar, começou a apregoar a liberdade e a decisão do ser humano. Sendo assim, a teologia enfocada por eles foi a arminiana. Começou também a haver mais concentração na vida espiritual, as pregações tinham fortes cunhos emocionais, seguidas de apelos persistentes e assistência espiritual aos novos convertidos, pode-se notar também a participação das mulheres falando e orando durante os cultos. Charles G. Finney, que era de origem presbiteriana, foi um grande peregrino dessa jornada, além de elaborador da teologia arminiana.
A partir da década de 30 do século XIX, começou uma maior enfatização pela doutrina da santidade wesleyana, logo houve o surgimento do movimento da santidade que ficou conhecido em sua expressão em inglês: Holiness. A pioneira desse movimento foi Phoebe Palmer, que era esposa de um médico em Nova York, ela liderava reuniões semanais para propagar a santidade e viajava como evangelista itinerante pela América do Norte e Europa para propagar a doutrina Holiness.
Essa doutrina coloca a santificação como a segunda obra da graça, e não um processo da vida cristã pela expiação de Cristo. Nessa época, alguns entendem que surgiu o terceiro grande despertamento (1857 – 1858).
Nos anos de 1861 – 1865, começou haver uma concentração no discurso e na simbologia do Pentecostes em Atos 2, que foi dominando finalmente o movimento “holiness”. Assim, a santidade cristã começou a ser vista como o Batismo do Espírito Santo e como uma segunda benção, separada da conversão, principiou a busca pelo poder do cristianismo primitivo com profecias extáticas e sobrenaturais, curas e milagres. Na mesma época nasceram os hinos pentecostais que podem ser vistos hoje, parte deles, na Harpa Cristã. Ainda neste movimento surgiram homens que falaram sobre o Batismo com o Espírito Santo e com o fogo como uma terceira experiência da vida cristã.
Portanto, próximo ao século XX, houve esse grupo de santidade a enfatização no Pentecostes de Atos 2, apregoando e valorizando o Batismo “com”, “do” ou “no” Espírito Santo. A partir daqui começa-se a entrar na história do pentecostalismo.
Um homem chamado Charles Fox Parham (1873 – 1929), pregador Metodista, foi influenciado pelo movimento, ele criou um instituto bíblico na cidade de Topeka, ensinava a glossolalia, isto é, o falar em línguas, sejam elas estranhas ou estrangeiras e essas acompanhavam o Batismo no Espírito Santo. Apesar da glossolalia já ter ocorrido na história do cristianismo, como também nos Estados Unidos, o ponto diferencial para Charles Fox Parham era que a mesma tornara-se a evidência do Batismo no Espírito Santo. Essa característica se tornou o diferencial no movimento pentecostal que começou a ocorrer em 1900 ficando conhecido por alguns nomes como: Fé apostólica, Movimento Pentecostal e Chuva Tardia.
O que diferenciava o movimento Holiness do movimento pentecostal é que o primeiro enfatizava a santidade como a perfeição cristã, e o segundo enfatizava o conceito do poder – Na mesma época, um fenômeno semelhante estava ocorrendo no País de Gales.
A partir de então, é visto definitivamente o início do pentecostalismo como movimento propriamente dito.
Charles Foz Parham em 1905 mudou-se para o Texas, onde começou uma escola bíblica em Houston. Um homem chamado William Joseph Seymor (1870 – 1922) foi seu aluno. William Joseph Seymor era um homem negro, pregador do movimento Holiness, esse homem recebeu o convite para pregar em Los Angeles, lá pregou o texto de Atos 2.4: E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Depois disso, um grupo começou a fazer reuniões na casa onde ele estava hospedado e nelas várias pessoas começaram a falar em línguas, o próprio William Joseph Seymor apesar de ensinar não as falava, entretanto, começou depois a falar. Alugaram um edifício na Rua Azusa que ficava perto do centro de Los Angeles, as reuniões eram caracterizadas da seguinte maneira: (1) Muitas horas de culto, no mínimo eram 12 horas; (2) Não havia hinário e liturgia; (3) Os homens gritavam e saltavam pelo salão; (4) As mulheres dançavam e cantavam; e (4) Não havia distinção de raça (negros e brancos), todos se reuniam para cultuar.
Por isso, esse movimento era considerado realmente de Deus, pois desconsiderava o racismo norte-americano – O presente estudo não quer mostrar os problemas surgidos, porém é importante deixar notório que no meio dos cultos apareciam médiuns espíritas realizando suas sessões.
A missão começou em 1906, chamada de Missão Apostólica, com William Joseph Seymor na Rua Azusa, e é aqui o começo, como dito, do movimento pentecostal que enfatizava o Batismo pelo Espírito Santo evidenciado pelos dons do Espírito que eram o falar em línguas estranhas, curas, profecias e interpretação de línguas.[2]
O movimento entrou em crise depois da morte de Seymor em 1922 e de sua esposa Jennie em 1936, chegando até a fechar as portas. Todavia, depois obteve novas forças que puderam impactar o mundo inteiro.
Através desse grupo, surgiram três movimentos pentecostais heréticos que foram: (1) Os pentecostais unicistas – levantaram a velha heresia monarquianista modal; e (2) Manipuladores de Serpentes – que faziam práticas baseados em Mc 16.17 e 18.
2. A HISTÓRIA NA AMÉRICA LATINA E SUAS VERTENTES DO BRASIL:
O pentecostalismo começou na América Latina pelo Chile em 1909 e depois veio para o Brasil em 1910. A expressão atual do pentecostalismo na América Latina como também o motivo do seu crescimento é bem descrito nestas palavras:
“Em El Savador, a Assembleia de Deus e a Igreja de Deus fundadas por missionários norte-americanos, elevaram o percentual de evangélicos, neste mesmo período, de 3% para 18%. No Peru, é também a Assembleia de Deus quem se responsabiliza, a partir de 1940, pelo crescimento da presença pentecostal (na cidade de Lima, atinge o percentual de 12% em 1987). Duas características são marcantes neste período: o uso do rádio para difusão do Evangelho e as tendas de lona, que aproximam os pregadores do público… Segundo Freston, em uma estimativa conservadora realizada entre 1990-94, calcula-se que 45 milhões de latino-americanos sejam evangélicos, dos quais, 1/3 protestantes e 2/3 pentecostais… A pentecostalização do universo evangélico de cada país varia de 30% nos Andes (onde 2 a 5% da população é evangélica) a 80% no Chile (com 15 a 20% da população evangélica)… No Brasil, onde 15 a 20% da população é evangélica, 62% é pentecostal. Na Guatemala, dentre os 30% de evangélicos, 75% é pentecostal… Stoll confirma esta tendência: segundo ele, de 1960 a 1985, o número de evangélicos duplicou no Chile, Venezuela, Paraguai, Panamá e Haiti. Na Argentina, Nicarágua e República Dominicana, triplicou. No Brasil e em Porto Rico, quadriplicou. Em El Salvador, Costa Rica, Peru e Bolívia, quintuplicou. No Equador, Colômbia e Honduras, sextuplicou. E na Guatemala, cresceu sete vezes. Já um alarmista da Igreja Católica, porta-voz do Vaticano, afirmou que tais seitas teriam crescido 500% nas últimas décadas, devido a televangelização… O uso dos meios de comunicação de massa são um contributo de inegável importância e, por certo, as estratégias adotadas provêm dos Estados Unidos, tendo como modelo principal a figura do pregador norte-americano Billy Graham.”[3]
Amarrando neste momento de sua história e seu do crescimento no Brasil, serão analisadas as três ondas do pentecostalismo que são destacadas pelo sociólogo Paul Freston incluindo outra vertente que é a renovação carismática.
2.1 Primeira Onda (1910 – 1950):
A primeira onda é conhecida como Pentecostalismo Clássico. Essa vertente é identificada pelo Batismo “com”, “do” e “no” Espírito Santo com glossalia, curas, profecias, interpretações de línguas e rejeição do mundo, ela ficou marcada no Brasil por duas denominações que vieram para o país como fruto do avivamento da Rua Azusa que são: (1) Congregação Cristã do Brasil e (2) Assembleia de Deus.
Louis Francescon (1866 – 1964) fundador da Congregação Cristã do Brasil recebeu o Batismo do Espírito Santo um mês depois da sua esposa Rosina Balzano ter recebido. Em Setembro de 1909, Louis Francescon foi para Argentina como missionário, depois veio para o Brasil em março de 1910. Ficou na cidade de São Paulo frequentando a igreja presbiteriana do Brás, onde provocou uma divisão por causa da doutrina do Espírito Santo. Diante disso, formou a Congregação Cristã do Brasil com alguns Presbiterianos, Metodistas, Batistas e até Católicos.[4]
Gunnar Vingren (1879 – 1933) e Daniel Berg (1885 – 1963) foram os fundadores da Assembleia de Deus no Brasil. Ambos eram filhos de jardineiros suecos, que foram para os Estados Unidos onde conheceram o pentecostalismo. Receberam uma revelação de Adolf Ulldin sobre assumir um ministério além – mar, em um lugar cujo nome era Pará, eles vieram para o Brasil em novembro de 1910, em Belém do Pará frequentaram a Igreja Batista do pastor Erik Nilson que também era Sueco e nesse ministério provocaram uma divisão por causa da doutrina do Espírito Santo.
Gunnar Vingren passou pela experiência do Batismo com o Espírito Santo, conforme pregado pelos pentecostais. Como era mais preparado, liderou o movimento pregando, batizando e abrindo novas congregações. Suas pregações como as de Daniel Berg eram sobre a Salvação em Cristo e o Batismo com o Espírito Santo.
A Igreja, organizada realmente, ocorreu em 18 de Junho de 1911 como Missão Apostólica, copiando assim o nome que foi colocado naquele movimento da Rua Azusa, depois de sete anos, em janeiro de 1918, o nome foi trocado por Assembleia de Deus, essa igreja foi fundada no extremo Norte do Brasil e foi a que teve maior crescimento no lugar. No início, rejeitava o aprendizado e aprofundamento formal e teológico.[5]
2.2 Segundo Onda (década de 50):
A segunda onda é conhecida como Pentecostalismo Neoclássico ou Deuteropentecostalismo, o segundo nome é mais usado.  Essa segunda vertente ficou marcada pela sua ênfase na Cura Divina, utilizou fortemente o meio de evangelização em massa. As denominações expoentes dessa vertente são: (1) Igreja do Evangelho Quadrangular, (2) Igreja Evangélica O Brasil para Cristo e (3) Igreja Pentecostal Deus é Amor.
A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada nos Estados Unidos em 1927 na cidade de Los Angeles por Aimée Semple McPherson, que era canadense. Ela teve a experiência Pentecostal em 1907 e aos 17 anos começou a pregar pelo país em tendas com ministrações de Cura Divina, faleceu em 1940 com 54 anos.
Um dos convertidos desse movimento foi Harold Willians, que era ex-ator de filme de faroeste em Holywood, veio para o Brasil como missionário e implantou a primeira Igreja do Evangelho Quadrangular em São João da Boa Vista no estado de São Paulo em 1951. Em 1953 ele começou com a Cruzada Nacional de Evangelização ao lado de Raymond Boatright, que era um ex-caubói. Raymond Boatright cantava, tocava guitarra e usava chapéu de vaqueiro, ele foi o principal evangelista nessa cruzada, enquanto pregava, Harold Willians interpretava.
A cruzada de evangelização funcionava em uma tenda desmontável de 1.200 lugares, mesmo recurso utilizado por Aimée Semple McPherson. Harold Willians trouxe essa tenda dos Estados Unidos.
O primeiro nome da igreja do Evangelho Quadrangular foi Igreja Evangélica do Brasil (1951) com a doutrina Quadrangular, porém, mudou para o nome atual em 1958. Sua peculiaridade é a ênfase no ministério feminino, isto é, mulheres pastoras, e não poderia ser diferente, pois a mesma foi fundada por uma mulher.[6]
Existia um homem conhecido como Manoel de Mello que era pernambucano, servente de pedreiro, pedreiro, eletricista, encanador, carpinteiro, pintor e mestre de obras, e ao mesmo tempo evangelista da Assembleia de Deus, depois se tornou um dos primeiros pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular, logo após, ele saiu da Quadrangular e fundou a sua igreja em 1955 com 26 anos, conhecida como Igreja Evangélica O Brasil para Cristo, esse homem ficou conhecido como o pregador das multidões, pois pregou nos maiores auditórios e estádios do país, foi tão ousado que conseguiu filiar sua igreja à CMI (Conselho Mundial das Igrejas) em 1969, sendo a única igreja Pentecostal a se filiar nesse conselho até então, contudo, essa filiação terminou em 1986. Manoel Mello morreu no dia 5 de maio de 1990, três dias depois de ter tido um derrame na rua, no mesmo dia em que iria gravar seu primeiro programa de televisão na rede Bandeirantes.[7]
Um sulino do Paraná conhecido como David Miranda veio para São Paulo em 1957, esse homem era muito católico como toda a sua família, seu pai morreu e sua mãe, influenciada pela filha mais velha, converteu-se em uma igreja evangélica, todos seus irmãos foram se convertendo sendo ele o último, em uma pequena igreja pentecostal. Em 1961, aos 25 anos, após ter lido a bíblia duas vezes, sentiu um chamado para “uma grande obra” que Deus estava fazendo, contudo não sabia onde era, depois descobriu que era na denominação Deus é Amor, no entanto, ele não encontrava essa igreja, então, recebeu a orientação de Deus que era para ele fundar a mesma, organizou-a na Vila Maria em 1962 com sua mãe e irmã mais velha. A igreja era notável pelo seu legalismo, assim como a Congregação Cristã do Brasil onde homens têm que se sentar de um lado e mulheres de outro, não podem estudar teologia nem se relacionar com outras igrejas, pois, segundo eles, são todas mundanas.
Sua sede fica na Baixada do Glicério, utiliza emissoras de rádios para seus programas que abrangem toda a América Latina. É normal ver o nome de David Miranda escrito junto com o nome da igreja nos templos.[8]
A igreja Universal do Reino de Deus vai usar de forma mais expressiva e notável algumas práticas que já pertenciam à Igreja Pentecostal Deus é Amor, como o exorcismo e a teologia da prosperidade.
2.3 Terceira Onda (década de 70):
A terceira onda é conhecida como Neopentecostalismo, essa terceira vertente ficou marcada pela sua ênfase na teologia da prosperidade e no exorcismo. Eles utilizam fortemente a mídia eletrônica e o televangelismo, e, também, criaram uma força social e política.[9]
As denominações expoentes dessa vertente são: (1) Igreja Universal do Reino de Deus; (2) Igreja Internacional da Graça de Deus; (3) Comunidade Sara Nossa Terra; (4) Renascer em Cristo; (5) Igreja Mundial do Poder de Deus e (6) Paz e Vida. Além dessas cinco, existem outras, entretanto, essas são as mais expressivas.
O presente estudo só se concentrará em uma: Igreja Universal do Reino de Deus.
A Igreja Universal do Reino de Deus foi fundada pelo Bispo Edir Macedo que nasceu em 1944, em Rio das Flores no estado do Rio de Janeiro, e vive até os dias de hoje. Morou na cidade do Rio de Janeiro onde trabalhou em uma casa lotérica e frequentou um centro de umbanda por pouco tempo, converteu-se na Igreja da Nova Vida, em Botafogo, RJ. O pastor dessa igreja era Robert McAllister. Não se sabe exatamente o porquê, mas Edir Macedo e R.R Soares (que é seu cunhado) deixaram a igreja e fundaram no dia 9 de Setembro de 1977 a Igreja da Benção, que depois de um ano passou a ser chamada de Igreja Universal do Reino de Deus – outro homem que se juntou a eles foi Miguel Ângelo.
R.R Soares e Miguel Ângelo se separaram de Edir Macedo e da Igreja Universal do Reino de Deus, sendo que o primeiro fundou a Igreja Internacional da Graça e o segundo fundou a Igreja Cristo Vive. Edir Macedo comprou a Rede Record de televisão.
Sendo enfático nesse momento, a Igreja Universal do Reino de Deus não tem sua concentração na glossalia, mas, sim, na teologia da prosperidade que abrange tanto a saúde, como as finanças e o amor; a guerra espiritual e o exorcismo; e seu sincretismo com a umbanda.[10]
Segundo o ponto de vista do artigo: Os pentecostais: entre a fé a política,[11] o crescimento pentecostal, especialmente o neopentecostal, especificamente a Igreja Universal do Reino de Deus, ocorre por causa do crescimento da pobreza no Brasil:
“Sociologicamente se fala de pentecostalismo como da ‘religião dos pobres’… Os pobres não possuem livros, e mesmo que os tivessem,  não disporiam de tempo e de preparação para estudá-los. Isso leva a uma religião que dá pouca importância ao fator intelectual e muita ao emocional, aos sentimentos… Se tais considerações estão corretas, em um continente em que a pobreza não cessa de crescer, as razões para o crescimento de tais movimentos e organizações religiosas parecem ser evidentes… Essas inquietações nos conduzem a Max Weber, para quem a rotinização do carisma e a apropriação dos poderes que dela decorrem, pode se constituir em fator explicativo para tal crescimento… O apelo emocional dos seus líderes, os cantos estridentes, a violência nos atos de exorcismo, a exploração dos fiéis na cobrança do dízimo são evidências da manipulação realizada por pessoas pouco escrupulosas em face de um povo ignorante”[12]
Antes de Paul Freston ter analisado essas três ondas, C. Peter Wagner já havia feito essa análise.[13] Entretanto, Paul Freston a trouxe para a realidade brasileira.
Nesse espaço deve ficar notório que existe para alguns a segunda onda do neopentecostalismo praticado por várias igrejas que têm sido abertas pelas ruas da cidade com seus nomes particulares e não filiadas a nenhuma convenção ou denominação, mas adeptas às mesmas práticas das grandes igrejas pentecostais, como: (teologia da prosperidade, batalha espiritual e etc). Este movimento pode ser intitulado como neopentecostalismo de segunda onda.


2.4 Renovação carismática (década de 60 e 70):
Houve um movimento do pentecostalismo dentro das denominações históricas e do catolicismo romano, esse movimento ficou conhecido como “renovação carismática” (do grego “charismata” que significa “dons” especificamente “dons espirituais”),[14] isto é, o movimento começou a enfatizar os dons espirituais nas denominações que outrora não davam ênfase a isso, e, também, começaram a enfatizar as manifestações pentecostais, porém, não quiseram romper com o sistema que a denominação utilizava. Através disso, surgiram novas denominações com o nome das denominações antigas e com o mesmo sistema, todavia, com práticas pentecostais ou carismáticas, que são: (1) Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil; (2) Convenção Batista Nacional e (3) Igreja Metodista Wesleyana.
Esse movimento tem crescido e sido perceptível no catolicismo romano, o qual será enfocado nesse momento.
Em 1964 a diocese de Pittsburg na Pensilvânia adquiriu uma propriedade que ficou conhecida como “a arca e a pomba”, o lugar se tornou um centro de retiros espirituais. Em 1967, nesse mesmo lugar, nasceu o movimento de renovação carismática do Catolicismo Romano. Ocorreu um derramar do Espírito Santo em fevereiro com um grupo de 15 estudantes e 2 professores que buscavam o Batismo do Espírito Santo, faziam isso através de cânticos gregorianos, orações esporádicas e estudo de Atos 1 – 4. Isso já vinha ocorrendo um tempo antes de haver o derramar. A partir daí, houve o nascimento do grupo carismático.
Três anos depois dois missionários americanos e jesuítas (Harold J. Rahm e Edward J. Dougherty) vieram para o Brasil trazendo esse movimento, com retiros na cidade de Campinas, estado de São Paulo. Muitos católicos e padres foram contagiados. Um padre do Vale da Paraíba (SP) imergiu neste movimento, conhecido como Jonas Abib, esse homem fundou a Canção Nova, que é o maior referencial da renovação carismática do Catolicismo Romano no Brasil. Eles têm programas de rádio e televisão e vendem jornais, livros e CDs. Sua SEDE fica em Cachoeira Paulista, no estado de São Paulo.
CONCLUSÃO
Concluindo esse artigo, serão vistos os pontos positivos e os pontos negativos do movimento pentecostal em suas quatro vertentes para o cristianismo.[15]
Os pontos negativos que o movimento pentecostal trouxe para o cristianismo e especialmente para o protestantismo são: (1) as experiências e emoções serem colocadas acima das Escrituras como fundamento de vida, pelo menos na prática e não na teoria; (2) falta de boas regras interpretativas em relação à bíblia, tanto na hermenêutica como na exegese; (3) colocar a santidade uma condição para a salvação e não como atuação da mesma pela graça de Deus; (4) o ensino do cair da graça; (5) concentração dos males da vida no mundo espiritual tirando a culpabilidade humana e carnal; (6) liderança centralizadora e legalista; (7) colocar os adoradores no centro do culto, descentralizando Deus; (8) o culto é feito para agradar ao povo; (9) pouca participação da igreja na administração da mesma; e (10) centralização nos dons espirituais e na busca pelo poder do Espírito Santo e a falta da busca do desenvolvimento do fruto espiritual e de um viver ético.
Os pontos positivos que foram trazidos para o cristianismo pelo movimento pentecostal e especialmente para o protestantismo são: (1) experiências mais profundas com Deus, buscando mais a Sua face; (2) cultos mais vivos e fervorosos; (3) vida Cristã mais plena; (4) enfatização na mensagem bíblica atualizada e contextualizada; (4) a extravagância no louvor; (5) a evangelização intensa; e (6) compaixão pelos pobres e marginalizados, e, também, por aqueles que vivem contra o Status quo.
Como ensina a própria Escritura, deve-se examinar tudo e reter o que for bom (1 Ts 5.21), e como foi visto, muitas coisas boas vieram de nossos grandes irmãos pentecostais que tanto contribuíram para o Reino de Deus.
NOTAS 
MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário.Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
ATAÍDES, Florêncio Moreira de. História do Pentecostalismo. Disponível em: <http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art101_150/art137.htm>.
3 SOUZA, Caloy Bovkalovski de. Os pentecostais: entre a fé e a política. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000100006>.
CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 113 – 114.
CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122; MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
6 CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
8 CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
9 SOUZA, Caloy Bovkalovski de. Os pentecostais: entre a fé e a política. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000100006>
10 CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
11 SOUZA, Caloy Bovkalovski de. Os pentecostais: entre a fé e a política. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000100006>.
12 SOUZA, Caloy Bovkalovski de. Os pentecostais: entre a fé e a política. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000100006>.
13 MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. São Paulo: Vida Nova, 2005, 659 p 161.
14 MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. São Paulo: Vida Nova, 2005, 659 p 161.
15 MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário.Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
REFERÊNCIAS
ATAÍDES, Florêncio Moreira de. História do Pentecostalismo. Disponível em: <http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art101_150/art137.htm> 
CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, 191 p.
MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário.Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristãSão Paulo: Vida Nova, 2005, 659 p.
SOUZA, Caloy Bovkalovski de. Os pentecostais: entre a fé e a política. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000100006>
[5] CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
[6] CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: Dos Jesuítas aos Neopentecostais. 2° Edição. Viçosa: Ultimato, 2000, p. 117 – 122. MATOS, Alderi Souza de. O movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, 1999, Volume 11/2, 28 p.
[7] Loc. cit.

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