EXPERIÊNCIA, RAZÃO E INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS - Se Liga na Informação





EXPERIÊNCIA, RAZÃO E INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS

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"A experiência pessoal do intérprete, seja ela espiritual ou fenomenológica, não deve ser desprezada, mas não pode ser considerada como referencial fidedigno de interpretação. As experiências pessoais devem ser interpretadas à luz das Escrituras e não o contrário [...]. As experiências têm, portanto, apenas um papel secundário na interpretação das Escrituras. Elas devem ser levadas em consideração somente como elemento adicional na avaliação da autenticidade da nossa interpretação." (Paulo Anglada, Introdução à hermenêutica reformada, Knox Publicações, 2016, p. 227, 228)

A experiência não tem a primazia na interpretação das Escrituras, mas tem o seu devido lugar, e deve ser considerada. A experiência pode cooperar com a interpretação bíblica ou comprometê-la. A experiência deve ser submetida à autoridade das Escrituras.

"[...] aqueles com essa experiência (carismática) tendem a ter visões mais elevadas das Escrituras e maior atenção à sua mensagem do que, em média, os seus pares. A experiência carismática torna plausíveis muitos tipos de experiência com o texto bíblico que alguns que não tem experiências análogas estão mais tentados a rejeitar [...]; para ser eficaz na interpretação da Bíblia, no entanto, ela ainda precisa ser complementada com atenção especial ao texto bíblico." (Craig S. Keener, A hermenêutica do Espírito, Vida Nova, 2018, p. 431, 432)

A experiência carismática capacita o intérprete para uma maior compreensão dos textos sobre temas carismáticos, visto que o intérprete já os experienciou. A experiência produz um conhecimento além do livresco ou teórico. A experiência vivenciada ou não vivenciada pode influenciar na interpretação bíblica.

"A primeira fonte interna da autoridade é a experiência. O indivíduo relaciona-se com Deus no âmbito da mente, da vontade e das emoções. Considerando a pessoa como uma unidade, os efeitos sofridos em qualquer im desses âmbitos são sentidos, ou experimentados, nos demais, quer subsequente quer simultaneamente. De fato, a revelação de Deus tem o seu efeito na totalidade da pessoa humana. [...] A razão, portanto, é de grande auxílio no conhecimento da revelação de Deus, mas não tem a primazia sobre esta [...]. A experiência individual, especialmente se inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, bem como a razão humana, também ajudam o crente a entender a revelação divina. Nem por isso a Bíblia deixa de ser a única regra infalível e suficiente de fé e prática." (James H. Railey Jr.; Benny C. Aker, Fundamentos Teológicos in Stanley Horton (org.) Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal, CPAD, 2008, p. 48, 49)

Experiência e razão cooperam no processo de conhecimento da revelação de Deus, tendo a Bíblia como a autoridade suprema.

"Conhecer, ao menos na perspectiva da experiência, é relacionar-se com a realidade como uma presença. Exatamente por isso nos é reclamado todas as dimensões de nossa existência, não somente a razão ou os sentidos compreendidos em oposição." (Alessandro Rodrigues Rocha, Experiência e discernimento: recepção da palavra numa cultura pós-moderna, Fonte Editorial, 2010, p. 131, 132)

A interpretação bíblica é um processo que envolve experiência e razão, pensamentos e sentimentos. A interpretação bíblica envolve a totalidade do ser humano.

Interpretar a Palavra viva do Deus vivo envolve experiência e razão. Envolve iluminação do Espírito e investigação metodológica. Envolve conhecer e sentir. Envolve pensar e experimentar.

Em hermenêutica, a ênfase extremada na experiência nos levará ao subjetivismo pós-moderno, enquanto a ênfase extremada na razão nos conduzirá ao racionalismo moderno.

Experiência e razão fazem parte do fazer hermenêutico, cooperando na interpretação e aplicação do texto bíblico.

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