Escola Bíblica Dominical: Os Cônjuges e a Sexualidade - Se Liga na Informação





Escola Bíblica Dominical: Os Cônjuges e a Sexualidade

Compartilhar isso

                                                               TEXTO ÁUREO


O marido pague à mulher
 o que lhe é devido, e do mesmo modo 
a mulher ao marido.
1Co 7:3  

 DECLARAÇÃO SOBRE SEXUALIDADE 


A Diretoria da Aliança Cristã e Missionária aprovou a seguinte Declaração sobre Sexualidade em 21 de fevereiro de 2019. Ela será apresentada ao Conselho Geral bienal em junho de 2019.

Embora esta Declaração sobre a Sexualidade procure expressar a verdade da Escritura, essa verdade deve sempre ser expressa com o espírito de graça encontrado em Jesus Cristo, que veio a nós cheio de graça e verdade (João 1: 16–17). Da mesma forma, devemos nos aproximar dos outros com o mesmo espírito de graça e verdade.

A intenção de Deus: criação 
A sexualidade é criada por Deus e é boa. Somos criados e encarnados como homens e mulheres. Na comunidade, refletimos a imagem de Deus e cumprimos Seu propósito no mundo (Gênesis 1: 26–28). Somos criados para uma comunidade íntima e comprometida, livres da vergonha (Gênesis 2: 24-25). Para um homem e uma mulher, essa intimidade pode ser expressa e consumada sexualmente quando eles estão unidos como uma só carne no casamento (Gênesis 2:24). O prazer da união sexual destina-se a expressar não apenas uma intimidade corporal, mas também uma intimidade de coração, alma e mente. O propósito divino para a união sexual é reproduzir as crianças que representam Deus e estender o governo de Deus até os confins da Terra (Gênesis 1: 26-28). * Nosso sexo e sexualidade criados são dons do Criador para serem abraçados com gratidão e adoração. .

Nossa distorção: a queda 
Qualquer rebelião contra o desígnio perfeito de Deus é pecado. Nos separa de Deus e distorce a intimidade. Todos nós experimentamos o quebrantamento sexual de alguma forma. Não mais nu e sem vergonha, Adão e Eva se vestiram de folhas de figueira (Gênesis 2:25; 3: 7). As diferenças entre os sexos destinadas a complementar levaram a relacionamentos disfuncionais, dominadores, negligenciados e até mesmo abusivos (física, emocional e sexual [por exemplo, estupro e incesto]) (Gênesis 3:16). Alguns procuram redefinir a natureza criada de nossa sexualidade em rebelião (Romanos 1: 24-27). Eles desejam a intimidade ou prazer do sexo sem o compromisso do casamento entre um homem e uma mulher (1 Coríntios 6:16; cf. Gênesis 2:24), como atividade sexual homossexual ou extraconjugal. Outros buscam uma ilusão de intimidade através da indulgência ativa na luxúria, fantasiando, e / ou pornografia. Todos esses são indicadores de nossa rebelião contra Deus.

Em toda a fragilidade da nossa sexualidade, a igreja muitas vezes não consegue reconhecer, compreender ou demonstrar compaixão por aqueles que lutam contra essas realidades. Particularmente, a igreja tem lutado para caminhar de maneira redentora com aqueles que experimentam atração por pessoas do mesmo sexo e / ou questionam sua identidade criada e de gênero. Por causa da Queda, nossas lutas com a sexualidade não podem simplesmente ser
reduzidas a nossas escolhas ou ao ambiente ambiental, mas nossas escolhas continuam significativas.

Nossa Redenção: Jesus 
Deus nos ama em nosso quebrantamento com um amor tão ilimitado que enviou Jesus para redimir o que o pecado havia distorcido. Mesmo os cristãos que antes haviam abraçado muitos pecados sexuais agora são descritos desta maneira: E isso é o que alguns de vocês eram. Mas você foi lavado, você foi santificado, você foi justificado em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus (1 Coríntios 6:11). Essas realidades podem ser verdadeiras para nós hoje. Não há nada fora do alcance do poder de Jesus para purificar e perdoar quando nos voltamos para Ele em humilde arrependimento e submissão. Deus inunda nosso mundo sexualmente destruído com graça e misericórdia para lavar nossas naturezas pecaminosas e nos faz novas criações em Jesus Cristo (Tito 3: 5; 2 Coríntios 5:17). Fora do perdão e não da condenação temos o poder de buscar a integridade sexual e a liberdade das distorções da queda (João 8:11). Deus está restaurando Sua criação, incluindo Seus propósitos para a sexualidade, através de Jesus Cristo, o primogênito de toda a criação (Colossenses 1: 15-20).

Como o Corpo de Cristo, caminhamos juntos em nosso quebrantamento sexual em direção à maturidade em Cristo. Fazemos isso falando a verdade com compreensão, amor e compaixão (Efésios 4:15). Enquanto Jesus inaugura a restauração de toda a criação, sua restauração completa ainda não é realizada. Contudo, por causa da provisão de Cristo, é nosso privilégio escolher “andar pelo Espírito” e assim “não gratificar os desejos da natureza pecaminosa” (Gálatas 5:16). Podemos experimentar a bênção prometida que Deus deseja a quem “nos encherá de toda a alegria e paz como confiamos nele, para que [nós] transbordemos de esperança pelo poder do Espírito Santo” (Romanos 15 : 13). Portanto, estamos livres da condenação (Romanos 8: 1) e podemos vencer o poder do pecado (Romanos 5:17) e Satanás (Apocalipse 12:11) pelo poder da cruz de Jesus Cristo!

Nossa Esperança: Cumprimento 
Enquanto a morte de Jesus na cruz nos libertou da pena e do poder do pecado, somente a Sua Segunda Vinda nos libertará completamente da presença do pecado. Nesse dia, vamos vê-lo face a face (1 João 3: 2; 1 Coríntios 13:12), desfrutando de uma verdadeira intimidade sem vergonha. A batalha pela pureza será vencida (Apocalipse 19: 8), e seremos inocentados em Sua presença com grande alegria (Judas 24).
* Embora não esteja explicitamente incluída no relato da criação de Gênesis, a união sexual é por prazer (Cântico dos Cânticos). Além disso, a reprodução de pessoas que representam Deus e estendem o governo de Deus até os confins da Terra não se limita à reprodução física, mas também ocorre através da multiplicação do discipulado; a linguagem de criação de ser frutífero e multiplicar grandemente é usada no Novo Testamento para como a Palavra de Deus frutifica para multiplicar os discípulos (eg, Atos 6: 7; 12:24; 19:20; Colossenses 1: 6, 10).

                                                                                  Fonte: https://www.cmalliance.org/


O ATO CONJUGAL - 

1 A Santidade do Sexo

O ato conjugal é essa bela relação íntima de que partilham marido e mulher, na seclusão de seu amor — e ela é sagrada. Na verdade, Deus determinou para eles esse relacionamento.

Prova disso é o fato de que Deus tenha apresentado esta experiência sagrada em seu primeiro mandamento para o homem: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra." (Gn 1.28.) Esse encargo foi dado ao homem antes de o pecado entrar no mundo; portanto, o sexo e a reprodução foram ordenados por Deus, e o homem experimentou-o ainda quando se achava em seu estado original de inocência.

Isso inclui o forte e belo impulso sexual, que marido e mulher sentem um pelo outro. Sem dúvida, Adão e Eva o sentiram no Jardim do Éden, como fora intenção de Deus, embora não haja um registro ou prova escrita de que tal tenha acontecido, mas é razoável supormos que Adão e Eva tenham tido relações sexuais antes de o pecado entrar no jardim. (Ver Gênesis 2.25.) A idéia de que Deus criou os órgãos sexuais para nosso prazer parece surpreender algumas pessoas. Mas o Dr. Henry Brandt, um psicólogo cristão, nos relembra que: "Deus criou todas as partes do corpo humano. E não criou algumas boas e outras más; ele criou todas boas, pois quando terminou a obra da criação, ele olhou para tudo e disse: 'Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom." (Gn 1.31.) E outra vez lembramos que isso ocorreu antes de o pecado macular a perfeição do Paraíso.

Após vinte e sete anos de ministério e o aconselhamento de centenas de casais com problemas pertinentes à intimidade conjugai, estamos convencidos de que muitos abrigam, escon- dida em algum canto da mente, a idéia de que há algo errado com o ato sexual. Temos que reconhecer que a má-vontade dos líderes cristãos, através dos anos, em abordar abertamente este assunto, tem lançado dúvidas sobre a beleza desse tão necessário aspecto da vida conjugai; mas a distorção dos desígnios de Deus, feita pelo homem, é sempre posta a desco- berto, quando recorremos às Escrituras.

Para desfazer essa noção falsa, ressaltamos que há registros na Bíblia de que os três membros da Santíssima Trindade apoiaram esse relacionamento. Já citamos o selo aprobatório de Deus, o Pai, em Gênesis 1.28. Todas as pessoas que assistem a um casamento evangélico provavelmente ouvem o oficiante relembrar que o Senhor Jesus escolheu um casamento para ser o cenário de seu primeiro milagre; os pastores, quase que universalmente, interpretam isso como um sinal divino de aprovação. Além disso, Cristo afirma claramente em Mateus 19.5, o seguinte: "E serão os dois uma só carne." A cerimônia nupcial em si não é o ato que realmente une o casal em santo matrimônio aos olhos de Deus; ela simples- mente concede, publicamente, a permissão para que eles se retirem para um local isolado, e realizem o ato pelo qual se tornam uma só carne, e que realmente os transforma em marido e mulher.

Tampouco o Espírito se manteve em silêncio com relação à questão, pois ele apoia esta experiência sagrada em muitos textos das Escrituras. Nos capítulos subseqüentes considera- remos a maioria deles, mas citaremos um logo aqui, para exemplificar sua aprovação. Em Hebreus 13.4, ele inspirou o autor a escrever o seguinte princípio: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula." Nada poderia ser mais claro do que esta declaração. Qualquer pessoa que sugerir que pode haver algo de errado com o ato sexual entre marido e mulher simplesmente não entende as Escrituras. O autor do livro poderia ter afirmado apenas: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio", o que já teria  sido suficiente. Mas, para ter a certeza de que todos entendessem bem o que queria dizer, ampliou a mensagem com a declaração: "bem como o leito sem mácula". Ele é "sem mácula" porque constitui uma experiência sagrada.

 Até recentemente, eu estava relutante em empregar a palavra coito para designar o ato sexual, embora sabendo que se trata de um termo legítimo. Essa situação mudou quando descobri que a palavra que o Espírito Santo usou em Hebreus 13.4 foi o grego koite, que significa: "coabitar; implantar o erpermatozóide masculino."1 O vocábulo koite deriva de Keimai, que significa "deitar", e que é relativo a koimao, que significa "fazer dormir".2 Embora a palavra coito derive do latim coitu, o termo grego koite tem o mesmo significado: a união que o casal realiza na cama;, coabitar. Baseados neste significado da palavra, poderíamos traduzir assim o verso de Hebreus 13.4: "O coito no casamento é honroso e sem mácula." O casal que pratica o coito, está fazendo uso de uma possibilidade e privilégio, dados por Deus, de criarem uma nova vida, um outro ser humano, como resultado da expressão de seu amor.

 NÃO APENAS A SIMPLES PROPAGAÇÃO DA ESPÉCIE

 Minha primeira experiência como conselheiro no campo do sexo foi um completo fracasso. Estava no segundo ano do seminário, quando fui abordado certo dia por um colega do time de futebol, quando saíamos do treino, em direção aos vestiários. Eu já notara que aquele rapaz grande e atlético não estava agindo normalmente. Éramos ambos casados, havia pouco mais de um ano, mas ele não parecia feliz. Ele era, por natureza, uma pessoa afável, mas, depois de alguns meses de casamento, tornara-se tenso, irritável, e, de um modo geral, muito sensível. Afinal um dia ele explodiu: "Quanto tempo você acha que devo concordar com o celibato conjugai?" Ao que parece, sua jovem esposa cria que o ato sexual era reservado "apenas para a propagação da espécie". E como haviam combinado ter filhos apenas depois que ele se formas- se, ele se tornou um marido frustrado. Muito sério ele me perguntou: "Tim, será que não existe na Bíblia uma passagem que diga que o sexo pode ser motivo de prazer?"

Infelizmente, eu também estava muito desinformado para dar uma resposta adequada. Eu tivera a bênção de ter uma  esposa que não adotava aquelas idéias, e nunca pensara muito no assunto. De lá para cá, porém, procurei examinar um bom número de passagens das Escrituras, durante meu estudo bíblico, com o objetivo de descobrir o que a Palavra de Deus ensina sobre este assunto. Já encontrei muitos trechos que abordam a questão da relação sexual dos casais; alguns falam basicamente sobre a propagação da espécie, mas muitos outros provam que Deus determinou que o ato sexual fosse praticado para o prazer mútuo. Na verdade, se todos conhecessem esse fato, ele se tornaria a principal fonte de gozo no casamento, desde os tempos de Adão e Eva até os nossos dias, como Deus determinou.

O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE SEXO

Como a Bíblia, clara e reiteradamente, condena o abuso sexual, tachando-o de adultério e fornicação, muitas pessoas — ou por ignorância ou como um meio de justificar seus atos de imoralidade — interpretam erradamente estes conceitos, e dizem que Deus condenou toda e qualquer manifestação sexual. Mas a verdade é exatamente o contrário. A Bíblia sempre fala dessa relação aprovativamente — desde que seja limitada a casais casados. A única proibição da Bíblia diz respeito a atos sexuais extra ou pré-conjugais. A Bíblia é inquestionavelmente clara a esse respeito, condenando esse tipo de conduta.
Foi Deus quem criou o sexo. Ele formou os instintos humanos, não com o fim de torturar homens e mulheres, mas para proporcionar-lhes satisfação e senso de realização pessoal. Conservemos sempre em mente como foi que isto se deu. O homem sentia-se irrealizado no Jardim do Éden. Embora vivesse no mais belo ambiente do mundo, cercado de animais mansos de toda sorte, ele não tinha uma companhia que fosse de sua espécie. Então, Deus retirou de Adão um pedaço de seu corpo, e realizou outro milagre da criação — a mulher — semelhante ao homem sob todos os aspectos, com exceção do aparelho reprodutor. Ao invés de serem opostos, eles se completavam mutuamente. Que Deus iria ter o trabalho de preparar suas criaturas, dando-lhes a capacidade de realizar determinada atividade, para depois proibi-los de realizá-la? Certamente, não seria o Deus de amor tão claramente descrito na Bíblia. O verso de Romanos 8.32 afiança-nos que 18
11. "Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as cousas?" Examinando os fatos objetivamente, temos que concluir que o sexo foi dado ao homem, pelo menos em parte, para sua satisfação conjugai.

Para termos outras evidências de que Deus aprova o ato sexual entre casais, consideremos a bela narrativa que explica sua origem. De todas as criaturas de Deus, apenas o homem foi criado "à imagem de Deus" (Gn 1.27). Isso torna a humanidade uma criação singular dentre as criaturas da terra. O verso seguinte explica: "E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos." (Gn 1.28.) A seguir, ele faz um comentário pessoal acerca de sua criação. "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom." (Gn 1.31.)

 O capítulo 2 de Gênesis apresenta uma descrição mais detalhada da criação de Adão e Eva, incluindo a informação de que o próprio Deus conduziu Eva até Adão (v. 22), e, evidentemente, apresentou-os um ao outro, e deu-lhes ordem para serem fecundos. Em seguida o texto descreve a inocência deles com as seguintes palavras: "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." (V. 25.) Adão e Eva não sentiram nenhum constrangimento, nem ficaram envergonhados nessa ocasião, por três razões: haviam sido apresentados um ao outro por um Deus santo e reto, que lhes ordenara que se amassem; sua mente não estava preconcebida quanto à culpa, pois ainda não havia sido feita nenhuma proibição relativa ao ato sexual; e não havia outras pessoas por ali, para observarem suas relações íntimas.

ADÃO "COABITOU" COM SUA ESPOSA

 Outra prova da bênção de Deus para com esta experiência sagrada, nos é dada na expressão que descreve o ato sexual praticado por Adão e Eva, em Gênesis 4.1: "Coabitou o homem com Eva. Esta concebeu." (Algumas versões dizem: "Conheceu...") Que melhor maneira existe de se descrever este sublime e íntimo entrelaçamento de mentes, corações, corpos e emoções, até um clímax apaixonado que lança os participantes numa onda de inocente calma, e que expressa plenamente o seu amor? A experiência é um "conhecimento" mútuo, um conhecimento sagrado, pessoal e íntimo. Tais encontros são determinados por Deus para bênção e satisfação mútua.

 Algumas pessoas abrigam a estranha noção de que tudo que for aceitável diante de Deus, nunca pode ser fonte de prazer para nós. Ultimamente, temos obtido grande sucesso, quando aconselhamos os casais a orarem juntos. No livro Casados, mas Felizes,3 descrevemos determinado método de oração conversacional, que consideramos extremamente valioso, e que sugerimos com freqüência, devido à sua praticabilidade e versatilidade. Durante esses anos todos, vários casais a têm experimentado e testemunhado resultados notáveis.

Uma senhora muito extrovertida e emotiva declarou que essa prática mudara toda a sua vida, e confidenciou-nos: "A principal razão por que eu relutava em orar com meu marido antes de deitar-me, era o receio de que isso viesse a prejudicar nosso ato sexual. Mas, para minha surpresa, descobri que ficávamos tão unidos emocionalmente depois da oração, que isso estabelecia um clima próprio para o amor." E essa senhora não é a única pessoa a experimentar isso. Na verdade, não vemos nenhuma razão para que um casal não ore antes ou depois de um ardoroso ato sexual. Entretanto, alguns casais se encontram tão relaxados depois, que só desejam dormir — o sono da satisfação.

UM AMOR ARREBATADO

Correndo o risco de chocar algumas pessoas, desejamos afirmar que a Bíblia não mede palavras ao falar deste tema. O livro de Cantares de Salomão é notavelmente franco neste aspecto. (Considerem-se, por exemplo, os trechos de 2.3-17 e 4.1-7.)

O livro de Provérbios faz advertência contra a "mulher adúltera" (prostituta), mas em contraste, diz ao marido: "Alegra-te com a mulher da tua mocidade." Como? Deixando que "Saciem-te os seus seios em todo o tempo; embriaga-te sempre com as suas carícias." Está claro que este arrebata- mento no amor deve fazer o homem alegrar-se, dando-lhe um prazer que chega ao êxtase. O contexto expressa claramente a idéia de que a experiência é para o prazer mútuo. Esta passagem indica também que o ato sexual não foi estabelecido apenas para o objetivo único da propagação da raça, mas para o prazer total dos dois. Se entendemos corretamente — e cremos que entendemos — não deve ser um ato a ser praticado apressadamente, e nem deve ser suportado por um dos cônjuges e desfrutado pelo outro. Os especialistas modernos ensinam que a estimulação mútua, precedendo ao ato propriamente dito, é necessária para que ambos gozem de uma experiência satisfatória. Não vemos erro nisso, mas queremos mencionar que Salomão fez a mesma sugestão há três mil anos.

 Todas as passagens bíblicas devem ser estudadas à luz de seu objetivo, a fim de se evitar a deturpação ou distorção do significado. O conceito apresentado no parágrafo anterior já é bastante forte em si, mas torna-se ainda mais poderoso se compreendermos seu contexto. As inspiradas palavras dos capítulos 1 a 9 de Provérbios contêm instruções de Salomão, o homem mais sábio do mundo, a seu filho, ensinando-o a controlar o tremendo instinto sexual que operava em seu corpo, a fim de evitar ser tentado a satisfazê-lo de maneira imprópria. Salomão queria que seu filho tivesse toda uma vida de uso correto daquele instinto, limitando-o ao ato conjugai. E como toda esta passagem aborda a questão da sabedoria, está claro que um amor matrimonial deleitável é conseqüência de sabedoria. O amor extraconjugal é apresentado como "o caminho do insensato", oferecendo prazeres a curto prazo, e trazendo "destruição" (mágoas, culpas, tristezas) no fim.

Seríamos remissos se deixássemos de mencionar Provérbios 5.21: "Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e ele considera todas as suas veredas." Isto diz respeito também ao ato sexual. Deus vê a intimidade que é praticada pelos casais, e a aprova. Seu castigo é reservado apenas àqueles que praticam o sexo extraconjugal.

AS "CARÍCIAS" NO VELHO TESTAMENTO

Pode ser difícil para nós pensarmos nos grandes santos do Velho Testamento como grandes parceiros no amor, mas eles o foram. Aliás, é possível até que nunca escutemos um sermão sobre o relacionamento de Isaque e sua esposa Rebeca, registrado em Gênesis 26.6-11. Mas a verdade é que esse homem, que foi incluído no "Quem é quem" da fé, em Hebreus 11, foi visto pelo Rei Abimeleque "acariciando" sua esposa. Não sabemos até que ponto foram essas carícias, mas sabemos que o rei viu o suficiente para deduzir que ela era  esposa dele, e não sua irmã, como ele havia declarado a princípio. Isaque errou, não por afagar sua esposa, mas em não limitar-se à intimidade do seu quarto. Mas o fato de que foi visto fazendo isto, sugere que era comum e permitido, naquela época, marido e mulher se acariciarem. Deus determinou que as coisas fossem deste modo.

Outras informações quanto à aprovação divina do ato sexual aparecem nos mandamentos e ordenanças que Deus deu a Moisés, para os filhos de Israel. Ali ele dispôs que, no primeiro ano do matrimônio, o jovem marido era desobrigado do serviço militar e de todas as responsabilidades de negócios (Dt 24.5), para que os dois pudessem conhecer-se um ao outro, numa época de suas vidas em que o instinto sexual se achava no ponto mais elevado, sob circunstâncias que lhes dariam amplas oportunidades de fazerem experiências e desfrutarem delas. Reconhecemos também que este dispositivo da lei tinha o objetivo de possibilitar ao jovem "propagar a raça" antes de enfrentar sérios riscos de vida nos campos de batalha. Naquela época, não se usavam anticoncepcionais, e, como o casal podia ficar junto durante tanto tempo, é compreensível que tivessem filhos, logo nos primeiros anos do casamento.

Há outro verso que ensina que Deus entendia claramente o instinto sexual que ele próprio colocou no homem: "Ê melhor casar do que viver abrasado." (1 Co 7.9.) Por quê? Porque existe uma forma lícita, ordenada por Deus, de se liberar a pressão natural que ele colocou nos seres humanos — o ato conjugai. Esse é o método básico de Deus para a satisfação do instinto sexual. Ê seu propósito que marido e mulher dependam totalmente um do outro para obterem satisfação sexual.

 O ENSINO NEOTESTAMENTÁRIO

A Bíblia é o melhor manual que existe sobre o comporta- mento humano. Ela aborda todos os tipos de relacionamento pessoal, inclusive o amor sexual. Já apresentamos vários exemplos disso, mas agora citaremos uma das principais passagens. Para compreendê-la plenamente, usaremos uma tradução moderna: Geralmente, porém, é melhor ser casado, todo homem tendo sua própria esposa, e cada mulher tendo seu próprio marido, porque de outra forma vocês poderiam cair em pecado.

O homem deve dar à sua esposa tudo quanto é do direito dela como mulher casada, e a esposa deve fazer o mesmo com o seu marido.

 Pois uma moça que se casa não tem mais todo o direito sobre o seu próprio corpo, porque o marido tem também seus direitos sobre ele. E, do mesmo modo, o marido não tem mais todo o direito sobre o próprio corpo, pois ele pertence também à sua esposa.

Portanto, não recusem tais direitos um ao outro. A única exceção a essa regra seria o acordo entre marido e mulher para se absterem dos direitos do casamento por tempo limitado, a fim de que possam dedicar-se mais completamente à oração. Depois disso eles devem unir-se novamente, para que Satanás não possa tentá-los por causa da sua falta de controle próprio. 1 Coríntios 7.2-5. Esses conceitos serão desenvolvidos neste livro, mas aqui delinearemos os quatro princípios ensinados nesta passagem com referência ao sexo.
1. Tanto o marido como a mulher possuem carências de ordem sexual, que devem ser satisfeitas no matrimônio.
2. Quando uma pessoa se casa, ela perde, para o cônjuge, o direito ao domínio sobre seu corpo.
3. Ambos são proibidos de se recusarem a satisfazer as necessidades sexuais do cônjuge.
4. O ato sexual é aprovado por Deus.

Uma jovem senhora, mãe de três filhos, procurou-me pedindo que lhe recomendasse um psiquiatra. Quando lhe perguntei por que precisava consultar-se, explicou, não sem certa hesitação, que seu marido cria que ela estava com "tabus" com relação ao sexo. Ela nunca experimentara um orgasmo, não relaxava durante o ato sexual, e tinha muito complexo de culpa com respeito a tudo que cercava a questão. Perguntei-lhe quando fora que se sentira culpada pela primei- ra vez, e ela confessou haver-se dado a certas intimidades antes do casamento, o que implicou na violação de seus princípios cristãos e desobediência aos pais. Por fim, ela confessou: "Nossos quatro anos de namoro parecem ter sido uma série sucessiva de tentativas de Tom para seduzir-me, e eu para afastá-lo. Mas acabei fazendo muitas concessões, e, sinceramente, estou admirada de não havermos ido até o fim, antes do casamento. Depois de casarmos, pareceu-me que era a mesma coisa, embora com um pouco mais de liberdade. Afinal, por que Deus tinha que incluir o sexo no casamento?"

 Aquela jovem senhora não precisou de toda uma série de testes psicológicos e anos de terapia. Ela precisou apenas confessar seu pecado pré-conjugal, e depois aprender o que a Bíblia ensina acerca do amor conjugai. Removido aquele senso de culpa, ela compreendeu logo que a imagem mental que fazia do ato sexual estava inteiramente errada. Após estudar a Bíblia e ler vários livros sobre o assunto, com a certeza que lhe foi dada pelo pastor de que o sexo é um belo aspecto do plano de Deus para os casais, ela se tornou uma nova esposa. Seu marido, que sempre fora um crente "mor- no", procurou-me, certo domingo, no intervalo entre os cultos, e disse: "Não sei o que o senhor falou à minha esposa, mas nosso relacionamento está completamente transformado." E de lá para cá, seu crescimento espiritual tem sido maravilhoso — tudo porque sua esposa entendeu a verdade de que Deus determinou que o sexo seja uma experiência desfrutada pelos dois cônjuges.

 O leitor já pensou por que estamos sendo atacados de todos os lados com explorações do sexo, hoje em dia? Os maiores best-sellers, os principais filmes e revistas, pratica- mente estão deteriorados, cheios de práticas e insinuações sexuais, e ninguém negará que o sexo é, sem dúvida, o mais popular esporte internacional. Essa febre de "contar-se a realidade nua e crua" simplesmente trouxe à tona algo que sempre esteve na mente das pessoas desde os tempos de Adão e Eva.

Temos que reconhecer que Deus nunca planejou este sexo pervertido, barateado, exibido publicamente como o é nos dias de hoje. Isso é conseqüência da depravação da natureza humana, que destruiu as coisas boas que Deus comunicou ao homem. Era intenção de Deus que o sexo fosse a mais sublime experiência de que duas pessoas poderiam desfrutar, juntas, nesta vida.

Cremos que, embora os crentes cheios do Espírito não sejam obcecados pelo sexo e não maculem sua mente com horríveis deturpações dele, nem tampouco falem dele cons- tantemente, são eles que desfrutam do sexo em bases mais permanentes que qualquer outro tipo de indivíduo. Chegamos a essa conclusão, não somente por causa das centenas de pessoas que temos aconselhado nessa área íntima de sua existência, nem por causa das inúmeras cartas e perguntas que nos têm sido dirigidas nesses vinte e sete anos de ministério, nem por causa dos seminários Family Life que já realiza- mos e que se contam às centenas, mas também pelo fato de que o prazer e a satisfação mútua eram o objetivo de Deus para nós, ao criar-nos como nos criou. Isso ele ensina clara- mente em sua Palavra.

                                       
                                                                                          Tim e Beverly Lahye

                                   Nenhuma descrição de foto disponível.


                   RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 3


           “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros. Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei!” – Hebreus 13:4-5
É interessante que Hebreus coloque o dinheiro e o leito conjugal lado a lado. Eu duvido que isso seja uma coincidência, uma vez que a maioria dos conselheiros hoje colocariam o dinheiro e as relações sexuais perto do topo de suas listas de possíveis problemas no casamento. Concordância com relação ao dinheiro é importante e a harmonia no leito conjugal não parece ser algo que se constrói com facilidade. Nosso foco neste capítulo será as relações sexuais no casamento, não o dinheiro.
“Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula”. Ou seja, que as relações sexuais no casamento sejam mantidas puras, limpas, imaculadas. Todos esses termos como “sem mácula”, “puro”, “limpo”, “imaculado” são simplesmente visuais ou metáforas tangíveis de uma exigência moral, a saber, não pecar em suas relações sexuais no casamento. Mas o que é pecado? Pecado é qualquer ato ou atitude que desagrade a Deus. Mas penso ser muito útil nos concentrarmos na natureza essencial do pecado em sua relação com a grande força favorável na vida cristã, a saber, a fé. Hebreus 11:6 diz: “Sem fé é impossível agradar a Deus.” Isso implica duas coisas:
1.       Uma vez que pecado é tudo o que desagrada a Deus e uma vez que sem fé é impossível agradar a Deus, então, se você não tem fé, tudo o que você faz é pecado, porque tudo o que você faz desagrada a Deus.
2.        Isto sugere muito fortemente que deve haver uma conexão muito próxima, talvez causal, entre a falta de fé e o pecado. E Romanos 14:23 confirma tal conexão. A passagem diz: “Tudo o que não provém de fé é pecado.” Em outras palavras, a natureza essencial das ações e atitudes que chamamos de pecado é que elas não são estimuladas ou motivadas por um coração de fé. O que torna uma atitude ou ato desagradável a Deus é que ela não nasce da fé em Deus. O pecado é mau precisamente em sua falha de não ser um produto da fé.

 Fé, Pecado, e Relações Sexuais no Casamento

Precisamos esclarecer como é que nossas ações vêm “de fé” ou não. Em primeiro lugar, o que é esta fé que produz atitudes e ações que não são pecado? Hebreus 11:1 diz: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” Em outras palavras, fé é a confiança que sentimos nas boas coisas que Deus prometeu fazer por nós amanhã e na eternidade. Não podemos vê-las, mas a fé é a certeza de que as promessas nas quais esperamos se realizarão. Hebreus 11:6, mencionado antes, diz: “Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.”
Em outras palavras, a fé que agrada a Deus é nossa vinda a ele com a confiança de que, talvez contrário a todas as aparências, Ele nos recompensará com as boas coisas que Ele prometeu.
Agora, como tal fé produz atitudes e atos que não são pecado? Volte comigo a Hebreus 13:5. “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes”. A avareza, ou o amor ao dinheiro, é um desejo que desagrada a Deus; é pecado. 1 Timóteo 6:10 diz: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Ora, o antídoto para esse amor pecaminoso e todos os males que nascem dele é o contentamento: “Contentai-vos com as coisas que tendes”. Mas o escritor não nos deixa aqui sozinhos para de alguma maneira suscitarmos o contentamento. Mas ele continua para dar uma base ao contentamento: “Porque [Deus] tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” A base para o contentamento é a promessa do auxílio infalível e da comunhão de Deus. A promessa é tirada de Deuteronômio 31:6: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará.”
 Então o escritor de Hebreus está dizendo isto: Deus fez promessas tão reconfortantes, tranquilizantes, e que inspiram esperança em sua Palavra que, se tivermos fé nessas promessas, teremos contentamento. E o contentamento é o antídoto para o amor ao dinheiro que é a raiz de todos os males.
 Agora podemos ver mais claramente como uma ação ou atitude vem “de fé” ou não. Se não temos fé, se não confiamos na promessa de que Deus “não nos deixará, nem nos desamparará”, então nos sentiremos ansiosos e inseguros, e o poder enganoso do dinheiro de comprar segurança e paz será tão atraente que começará a produzir outros males em nós. Estaremos inclinados a roubar, ou mentir em nossas declarações de imposto de renda, ou racionalizar por que não deveríamos estar contribuindo generosamente com a igreja, ou convenientemente nos esquecer de um débito que temos com um amigo, ou recusar gastar qualquer dinheiro para tornar nosso imóvel alugado mais habitável, etc., etc. Os males que vêm do amor ao dinheiro são intermináveis. E a razão pela qual esses males são pecado é que eles não vêm de fé.
Se tivermos fé na promessa de que Deus “não nos deixará, nem nos abandonará”, então seremos livres da ansiedade e insegurança que implora por mais dinheiro, e teremos vitória sobre os pecados que são resultados do amor ao dinheiro. Se você está contente em Cristo, descansando na promessa de que Deus sempre lhe ajudará e estará ao seu lado, então a compulsão a roubar e mentir em sua declaração de imposto de renda, a avareza nas suas ofertas, a negligência com suas dívidas e a opressão contra inquilinos pobres irão embora. No lugar, estarão um dia de trabalho honesto, total precisão na declaração de imposto de renda, generosidade à igreja, fidelidade ao pagar dívidas e o agir com seus locatários como você gostaria que eles fizessem com você. E todo esse novo comportamento não será pecado, mas justo, porque vem da fé na promessa de Deus, a qual cria esperança.
Agora, só para o caso de você ter perdido a conexão entre tudo isso e as relações sexuais no casamento, vamos voltar e pegar o fio da meada. Hebreus 13:4 diz: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula”. Isso significa: “Que o leito conjugal seja sem pecado; não peque em suas relações sexuais”. Agora vimos que o pecado é tudo o que não provém de fé. Pecado é o que você sente, pensa e faz quando não confia no que Deus disse e não descansa em suas promessas. Então a ordenança de Hebreus 13:4 pode ser declarada da seguinte maneira: Que suas relações sexuais sejam livres de qualquer ato ou atitude que não vem da fé na Palavra de Deus. Ou para colocar de uma maneira positiva: Tenha aquelas atitudes e pratique aqueles atos em suas relações sexuais conjugais que nasçam do contentamento que vem da confiança nas promessas de Deus.

Por Que Buscar Satisfação Sexual no Casamento?

Mas agora um problema emerge imediatamente. Alguém pode perguntar: “Se estou contente através da fé nas promessas de Deus, por que eu sequer deveria buscar a satisfação sexual?” Essa é uma boa pergunta. E a primeira resposta a isso é: “Talvez você não devesse buscar nenhuma satisfação sexual; talvez você devesse permanecer solteiro.” Isso é o que Paulo encoraja em 1 Coríntios 7:6-7. Ele diz: “De maneira nenhuma estou ordenando que todos se casem e satisfaçam desejos sexuais. O que quero dizer é que não tem nada de errado com o desejo sexual, e se uma pessoa tem um desejo irresistível, o casamento é o lugar para satisfazê-lo”.
Mas (versículo 7): “Quero que todos sejam [solteiros] como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro”. Este é um versículo realmente notável. Paulo poderia querer que todos fossem como ele: livres das complicações da vida em família e do forte desejo de se casar. Mas ele sabe que essa não é a vontade de Deus: “Cada um tem de Deus o seu próprio dom”. Deus determina que algumas pessoas sejam casadas e algumas sejam solteiras. Ele não mantém a todos como Paulo; alguns ele mantém como Pedro, que levava sua esposa com ele em suas viagens missionárias (1 Coríntios 9:5). Então, a primeira resposta para a pergunta “Se possuo contentamento através da fé nas promessas de Deus, por que eu deveria buscar satisfação sexual?” é: “Talvez você não devesse. Deus pode querer que você seja solteiro”. Mas há uma segunda resposta para essa pergunta, a saber, o contentamento que as promessas de Deus dão não significa o fim de todos os desejos, especialmente desejos corporais. Mesmo Jesus, cuja fé foi perfeita, teve fome e desejou comer, e se cansou e desejou descansar. O apetite sexual está na mesma categoria. O contentamento da fé não o remove da mesma maneira que não remove a fome e o cansaço. O que, então, significa o contentamento em relação ao desejo sexual permanente? Penso que significa duas coisas.

1.       Se a satisfação de tal desejo é negada através do celibato, então tal negação será compensada por uma abundante porção do auxílio e da comunhão de Deus através da fé. Em Filipenses 4:11-13 Paulo disse: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação... já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Se Paulo pôde aprender a viver contente na fome, então podemos aprender a vivermos contentes se Deus escolher não nos dar satisfação sexual.
2.       A outra coisa que o contentamento significa em relação ao desejo sexual permanente é esta: se a satisfação não é negada a nós, mas nos é oferecida no casamento, nós a buscaremos e a desfrutaremos apenas de maneiras que reflitam a nossa fé. Colocando de outra maneira, enquanto o contentamento da fé não coloca um fim em nossa fome, nosso cansaço ou no nosso apetite sexual, ele de fato transforma a maneira que cuidamos de satisfazer tais desejos. A fé não impede que nós comamos, mas impede a glutonaria; ela não impede que durmamos, mas impede que sejamos preguiçosos. Ela não impede o nosso apetite sexual, mas... Mas o que? É com isso que desejamos gastar o resto deste capítulo tentando responder, embora o espaço aqui permita apenas uma resposta parcial.

A Fé Crê que o Sexo é um Presente de Deus

Em primeiro lugar, quando o ouvido da fé ouve a palavra de 1 Timóteo 4:4 que “tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável” — quando o ouvido da fé ouve isso, ele crê. E, então, a fé honra o corpo e seus apetites como bons presentes de Deus. A fé não permitirá que um casal casado deite em seu leito e diga um para o outro: “O que estamos fazendo é sujo; é o que se faz em filmes pornográficos.” Ao invés disso, a fé diz: “Deus criou este ato, e ele é bom, e ele foi criado para ‘os fiéis e para aqueles que conhecem plenamente a verdade’ (1 Timóteo 4:3)”. O mundo foi quem saqueou os presentes de Deus e os corrompeu através do mau uso. Mas eles pertencem por direito aos filhos de Deus, e então a fé não nos deixa vê-los como mundanos ou poluídos. “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula”.

 A Fé Liberta da Culpa do Passado

Em segundo lugar, a fé aumenta a alegria das relações sexuais no casamento porque ela liberta da culpa do passado. Tenho em vista, principalmente, aqueles de nós que somos casados mas temos de olhar para trás e ver um ato de fornicação, ou adultério, ou incesto, ou uma aventura homossexual, ou anos de masturbação habitual, ou preocupação com pornografia, ou carícias promíscuas, ou divórcio. E o que eu tenho a dizer a nós é isto: Se, pela graça de Deus, você sente em seu íntimo a vontade de se atirar na misericórdia de Deus para o perdão, então ele lhe livrará da culpa do passado.
 “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). “Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4:5). “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
 Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade” (Salmo 32:1-2).
 “[Deus] não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmo 103:10-12).
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).
Não há nenhuma necessidade de um filho de Deus carregar qualquer culpa para o leito conjugal. Mas isso requer uma fé sólida, pois Satanás adora fazer com que não nos sintamos perdoados pela podridão de nossa vida anterior. “Resisti-lhe firmes na fé” (1 Pedro 5:9). “Embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Efésios 6:16) — fé no Filho de Deus que amou você e deu a si mesmo por você (Gálatas 2:20), que por amor de você foi feito pecado para que você se tornasse justiça de Deus (2 Coríntios 5:21), que carregou seus pecados em seu corpo na cruz (1 Pedro 2:24). Lance mão de seu perdão, e leve-o com você para seu leito conjugal.
Cristo morreu pelo seu pecado para que nele você tenha relações sexuais livres de culpa no casamento.
Agora deixe-me esclarecer algo que eu disse antes, a saber, que ainda que a culpa de nosso pecado possa ser lavada, algumas cicatrizes permanecem. Posso imaginar um casal logo antes de seu noivado sentados em um parque. Ele vira para ela e diz: “Eu tenho algo a dizer. Há dois anos atrás eu tive relações sexuais com outra garota. Mas eu estava longe do Senhor, e foi só uma noite. Eu chorei por causa daquela noite muitas vezes. Deus me perdoou, e eu espero que você possa me perdoar.” Nas semanas que seguem, não sem lágrimas, ela o perdoa, e eles se casam. E em sua primeira noite de lua de mel eles se deitam juntos, e enquanto ele olha para ela, as lágrimas se acumulam em seus olhos e ele diz: “Qual o problema?” E ela diz: “Eu só não consigo evitar pensar naquela outra garota, que ela deitou bem onde estou agora”. E anos depois, quando a novidade do corpo de sua esposa já se desgastou, ele se pega desviando sua imaginação não intencionalmente para a sensação daquela aventura de uma noite. Todos nós cometemos pecados cujos, apesar de perdoados, tornam nossa vida presente mais problemática do que se não os tivéssemos cometido.
Mas não quer dar a impressão de que Cristo é impotente contra tais cicatrizes. Ele pode não remover todos os problemas que essas cicatrizes nos causam, mas ele prometeu trabalhar até mesmo através destes problemas pelo nosso bem se o amamos e somos chamados segundo seu propósito.
 Tome por exemplo nosso casal imaginário que acabei de descrever. Eu prefiro pensar que houve um final feliz. Eles chegaram eventualmente a um relacionamento sexual satisfatório porque eles o trabalharam abertamente em constante oração e confiança na graça de Deus. Eles falaram a respeito de seus sentimentos. Não mantiveram nada reprimido. Confiaram um no outro e ajudaram um ao outro, e conseguiram paz e harmonia sexual e, acima de tudo, novas dimensões da graça de Deus.
Cristo morreu não apenas para que nele pudéssemos ter relações sexuais livres de culpa no casamento, mas também para que Ele pudesse então, mesmo através de nossas cicatrizes, nos conduzir a algum bem espiritual.

 A Fé Usa o Sexo Como uma Arma Contra Satanás

 A terceira coisa que podemos dizer agora a respeito da fé e das relações sexuais no casamento é que a fé usa o sexo contra Satanás. Olhe para 1 Coríntios 7:3-5.
O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu ma- rido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência.
Em Efésios 6:16, Paulo diz que devemos resistir a Satanás com o escudo da fé. Eis aqui o que ele diz para os que são casados: “Resistam a Satanás com suficientes relações sexuais. Não se abstenham por muito tempo, mas se ajuntem logo, para que Satanás não ganhe nenhuma posição”. Bem, como assim? Nós nos protegemos de Satanás com o escudo da fé ou o escudo do sexo?
A resposta para pessoas casadas é que a fé faz uso da relação sexual como um meio de graça. Para as pessoas que Deus leva ao casamento, as relações sexuais são um meio ordenado por Deus de vencer a tentação do pecado (o pecado do adultério, o pecado da fantasia sexual, o pecado da leitura pornográfica, etc.). A fé humildemente aceita tais presentes e oferece graças.
Agora note algo mais em 1 Coríntios 7:3-5. Isto é muito importante. No versículo 4, Paulo diz que o homem e a mulher têm direitos sobre o corpo um do outro. Quando os dois se tornam uma carne, seus corpos estão à disposição um do outro. Cada um tem o direito de exigir direitos sobre o corpo do outro para satisfação sexual. Mas o que precisamos de fato ver é o que Paulo ordena nos versos 3 e 5 em vista destes direitos mútuos. Ele não diz: “Então reivindique seus interesses! Receba seus direitos!” Ele diz: “Marido, dê a ela o que lhe é devido! Esposa, dê a ele o que lhe é devido!” (v. 3). E no versículo 4: “Não recusem um ao outro”. Em outras palavras, ele não encoraja o marido ou a esposa que deseje satisfação sexual a se apropriar de tal sem se preocupar com as necessidades do outro. Ao invés disso, ele encoraja tanto o marido quanto a mulher a sempre estarem prontos para darem seus corpos quando o outro o quiser.
 Faço uma inferência a partir disso e a partir do ensinamento de Jesus em geral que relações sexuais felizes e satisfatórias no casamento dependem de cada parceiro ter o objetivo de dar satisfação ao outro. Se a alegria de cada um é fazer o outro feliz, uma centena de problemas serão resolvidos.
Maridos, se a sua alegria é trazer satisfação a ela, você será sensível ao que ela precisa e deseja. Você aprenderá que a preparação para uma relação sexual satisfatória às dez da noite começa com palavras doces às sete da manhã e continua ao longo do dia com carinho e respeito. E quando chega a hora, você não virá como um tanque de guerra, mas conhecerá o ritmo dela e com destreza a acompanhará neste ritmo. A menos que ela lhe dê o sinal, você dirá: “O objetivo é o clímax dela, não o meu”. E você descobrirá no longo prazo que mais bem aventurado é dar do que receber.
Esposas, não é sempre o caso em que seus maridos desejam relações sexuais mais frequentemente do que vocês, mas acontece com frequência. Martinho Lutero disse que ele achava que duas vezes por semana dava uma ampla proteção contra o tentador. Eu não sei se Katie estava disposta para toda vez ou não. Mas se você não estiver, entregue-lhe assim mesmo. Eu não digo aos maridos: “Tomem assim mesmo”. De fato, por amor a ela, pode ser que você fique sem. O objetivo é ultrapassar um ao outro em dar o que o outro deseja. Ambos, tornem seu objetivo satisfazer um ao outro o mais plenamente possível.
“Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula”. Ou seja, não peque em suas relações sexuais. E isso significa, tenha apenas aquelas atitudes e pratique apenas aqueles atos que vêm da fé nas promessas de Deus, que são criadoras de esperança. Nós todos deveríamos regularmente nos perguntar: “O que estou sentindo ou fazendo tem suas raízes no contentamento da fé ou na ansiosa insegurança da descrença?” Isso lhe ajudará em centenas de pequenas e grandes decisões éticas.
Eu simplesmente tentei demonstrar o impacto da fé em três aspectos das relações sexuais no casamento. Primeiro, a fé crê em Deus quando ele diz que as relações sexuais no casamento são boas e limpas e devem ser recebidas com ações de graças por aqueles que creem e conhecem a verdade. Segundo, a fé aumenta a alegria das relações sexuais no casamento porque ela liberta da culpa do passado. A fé crê na promessa de que Cristo morreu por todos os nossos pecados, que nele podemos ter relações sexuais livres de culpa no casamento. E finalmente, a fé empunha a arma da relação sexual contra Satanás. Um casal casado dá uma severa pancada na cabeça daquela antiga serpente quando ambos têm o objetivo de dar tanta satisfação sexual ao outro quanto possível. Isso me faz apenas querer louvar ao Senhor quando penso que no topo de toda a alegria que o lado sexual do casamento traz, ele também prova ser uma temível arma contra nosso antigo adversário.
Preparando-se para Casamento

2. O matrimônio e sua união

"E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada Mulher (Issah, no hebraico), porquanto do Homem (Issah, no hebraico) foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gên 2:23-24). "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mc 10:9). "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne" (Ef 5:31).

Estas passagens clássicas estabelecem o conceito bíblico e a natureza do casamento. Este é o plano de Deus para o estado matrimonial. Quando Adão acordou do seu profundo sono, ele abriu seus olhos e viu o rosto da mulher que Deus havia providenciado especialmente para ele. Deus poderia ter suprido uma infinidade de mulheres para Adão, mas foi o intento de Deus fazer desta forma.
As primeiras palavras de Adão, faladas talvez com surpresa, gratidão e êxtase foram estas: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne, esta será chamada Mulher, porquanto do Homem foi tomada". Literalmente, ele disse: "Esta finalmente osso - meu osso! Carne - minha carne! Esta será chamada mulher porque do homem foi tornada" (Gn 2:23). Quando perguntaram ao Senhor Jesus, tentando-o: "E lícito ao homem repudiar a sua mulher?" (Mc 10:2), Ele respondeu fazendo-os lembrar do que aconteceu no princípio da criação, destacando três afirmações impressionantes: "Deixará pai e mãe ..."
Isto não significa abandonar os pais, pois as Escrituras claramente afirmam: "Honra a teu pai e a tua mãe ... " (Mt 15:4). Entretanto significa mais do que sair de casa. Para os pais, significa abrir mão da sua autoridade sobre seus filhos. Para os filhos, significa aceitar plenamente esta liberdade. Assim a noiva, pelo consentimento de ambos os lados, deixa uma liderança para aceitar outra. A mulher está sempre sob autoridade. Este é o plano divino. O momento quando a noiva é dada em casamento, pelos seus pais, é sempre um momento emocional importante na cerimônia de casamento.

"Apegar-se-á à sua mulher"

Isso inclui um relacionamento que é exclusivo, especial e recíproco. A expressão significa "ser colados um ao outro" em casamento. É visto como um relacionamento permanente, até a morte. Infelizmente, hoje, este aspecto do casamento está sendo desprezado e abandonado por muitos.

"Serão uma só carne"

Isto aconteceu no jardim do Éden quando Deus trouxe a mulher ao homem, e disse: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra ... " (Gn 2:28). Não há dúvida que Adão e Eva eram "uma só carne" antes da sua união física. É importante notar que Adão chamou Eva de sua mulher quatro vezes antes de lermos que ele a conheceu.
Deus estabeleceu esta ordem para toda a humanidade, assim assegurando a dignidade do casal e a segurança das crianças nascidas deste casamento.
As referências nas Escrituras a "uma só carne" são muito significativas, e dão um ensino precioso sobre a indissolubilidade do casamento. Encontramos estas referências em Gn 2:24; Mt 19:5-6; I Co 6:16-17 e Ef 5:31-32.
"... e serão dois numa carne" (Ef 5:31).Assim como marido e mulher, no sentido físico, formam os elementos de uma pessoa completa, um sendo o complemento do outro, assim também a Igreja, na esfera espiritual, é o complemento de Cristo.
A Igreja, que é o Seu corpo, compartilha uma união de vida e energia com Ele.
Os salvos gozam de unidade orgânica vital e indissolúvel com Cristo, o Cabeça. A Igreja é descrita como sendo "a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef 1:23). Ela é o complemento dEle. Sem a Igreja, que é o Seu corpo, o Senhor Jesus estaria eternamente sem uma noiva. Esta Escritura estabelece, não somente a intimidade da união espiritual, mas também a sua indissolubilidade.

As três expressões em I Coríntios 6 ("um corpo", "uma só carne" e "um mesmo espírito") têm diferenças que devemos observar:

i) "Um corpo" é uma união física" (v.16);

ii) "Uma só carne" é uma união matrimonial" (v.16);

iii) "Um mesmo espírito" é uma união espiritual" (v. 17).

i) "... o que se Junta com a meretriz, faz-se um corpo" (I Co 6:16).  Isto fala de uma união proibida e impura. A ausência de amor puro e lealdade são evidentes. É impossível encontrar uma união instigada e promovida por afeição genuína neste relacionamento ilícito e degradante. Nada mais é do que uma união física, fornecendo gratificação torpe entre um macho e uma fêmea.

ii) "Porque serão, disse [Deus], dois numa só carne" (I Co 6:16). Isso apresenta um aspecto completamente diferente sobre a união de duas pessoas. A palavra "carne" realmente significa "pessoa", embora cada parte retenha a sua identidade individual, e responsabilidades diferentes no relacionamento. As duas pessoas até começam a pensar, agir e sentir como uma só pessoa. Ef 5:28-31 indica que o relacionamento é tão íntimo que o que o marido faz (sejade bom ou de mal) para sua esposa, ele faz também para si mesmo, visto que os dois são uma só carne. A união sexual não é a mesma coisa que a união matrimonial. O casamento é uma união que indica uma união sexual, como uma obrigação e prazer importantes (I Co 7:3-5), mas o casamento tem de ser visto como algo diferente de, e maior do que, mas que inclui, a união sexual. Entretanto as duas coisas não são sinônimas. A afirmação original feita por Deus na criação deixa este fato bem claro. Quando Deus trouxe Eva a Adão Ele disse: "Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2:24). Obviamente, Deus tinha em mente as gerações futuras, pois Adão e Eva não tiveram pais.

iii) "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito" (I Co 6:17). Isto se refere, sem dúvida, à união incomparável entre o Senhor Jesus e a Igreja, que é o Seu Corpo. Esta união é, necessariamente, mais profunda e mais íntima do que qualquer união física ou matrimonial.

No livro de Rute lemos dos dois casamentos dela. Seu primeiro casamento aconteceu na terra idólatra de Moabe, onde ela se tornou a esposa de Malom, filho de Elimeleque e Noemi. Este casamento terminou com a morte de Malom. Mais tarde, e pouco tempo antes do seu casamento com Rute, Boaz diz: "também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom" (Rt 4:10). Deus reconheceu ambos os casamentos de Rute.
Embora não lemos de qualquer cerimônia de casamento, é evidente que muitas pessoas testemunharam a união em matrimônio santo entre Boaz e Rute. A formação deste novo relacionamento de marido e mulher foi confirmada e testemunhada pelos anciãos e pelo povo. É evidente que Boaz satisfez todas as exigências legais e, visto que Malom estava morto, Boaz estava livre para agir desta maneira, em amor puro e abnegado para com Rute.

Em Rt 4:13 vemos três aspectos importantes referentes ao casamento:

"Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher."

Tendo tomado-a, Deus os ajuntou, e isto é exclusivo à união matrimonial.
Qpão apropriadas as palavras do Senhor Jesus,em Mateus: "Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem"
(Mt 19:5-6).

"E ele a possuiu...,"

Esta é uma referência clara à união física, que é permitida somente dentro do relacionamento matrimonial. É importante observar, porém, que este ato nunca deve ser considerado como o início da união matrimonial, senão, qualquer ato de fornicação constituirá um laço matrimonial e, portanto, cada novo ato de fornicação com o mesmo parceiro se tornará lícito. Qpando estes dois atos distintos, de tomá-la como esposa e depois possuí-la, são vistos numa perspectiva correta, torna-se claro que a união física não faz, nem desfaz, o laço matrimonial. I Co 6:18 e 7:10-11 não indicam que a fornicação desfaz o laço matrimonial. Estes versículos não fornecem uma base para o argumento que a "cláusula de exceção" permite o divórcio.
"E O Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um Alho," Aqui Deus é visto como o Doador da vida humana. Além disto, como vemo:
neste caso específico, a Sua bênção foi evidenciada no nascimento de um filho. Foi a intenção de Deus que a instituição do casamento produzisse filhos, e para cada casal judaico temente ao Senhor, sempre havia a alegre expectativa do Messias prometido.
Desta bela união matrimonial, o Messias prometido finalmente viria: "E Boaz gerou a Obede, e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi" (Rt 4:21-22). Desta linhagem, mais de um milênio depois, veio o Messias-Salvador.
Uma coisa preciosa é dita sobre Boaz e Rute, em relação à sua conduta antes de se ajuntarem em união matrimonial e física: " ... e levantou-se antes que pudesse um conhecer o outro" (Rt 3:14). Nada indecente aconteceu, provando a maturidade do caráter dos dois. Eles tiveram domínio próprio sobre o que poderia ter-se tornado uma situação muito perigosa. Portanto, estavam em condições ideais para se casarem, com toda o potencial para desenvolverem um relacionamento durável e feliz. Vivemos num tempo quando muitas pessoas estão propagando idéias diferentes sobre o casamento. Alguns dizem que o casamento convencional é restritivo, que as crenças tradicionais sobre o casamento são antiquadas, e que somente ao escapar da armadilha do casamento é que uma pessoa pode estar livre para se desenvolver como indivíduo. Nós insistimos que o casamento foi instituído por Deus, com a intenção de que fosse permanente e desfeito somente pela morte.


(O ensino do Senhor sobre o divórcio - Por William M. Banks)




                                          AS 5 LINGUAGENS DO AMOR    
                             
8. A Quinta Linguagem do Amor r: Toque Físico 


Há muito se sabe que o toque físico é uma forma de se comunicar o amor emocional. Inúmeras pesquisas na área do desenvolvimento infantil chegaram às seguintes conclusões: Os bebês que são tomados nos braços, beijados e abraçados desenvolvem uma vida emocional mais saudável do que os que são deixados durante um longo período de tempo sem contato físico. A importância do toque no que se refere às crianças não é uma idéia moderna. Durante o ministério terreno de Cristo, os hebreus que moravam na Palestina reconheciam que Jesus era um grande mestre e levavam seus filhos até ele para que tocasse neles.1 Como podemos nos lembrar, seus discípulos repreenderam aos pais daquelas crianças, pois acharam que o Filho de Deus estava ocupado demais para aquela atividade tão “frívola”. Porém, as Escrituras afirmam-nos que Jesus se indignou com os seus seguidores e disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o Reino dos Céus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.”2 

Pais sábios, em qualquer cultura, também tocam seus filhos de forma amorosa. 

O toque físico é também um poderoso veículo de comunicação para transmitir o amor conjugai. Andar de mãos dadas, beijar, abraçar e manter relações sexuais são formas de se comunicar o amor emocional para o cônjuge. 

Os antigos costumavam dizer: “O caminho para se conquistar o coração de um homem é através de seu estômago”. Muitos deles engordaram tanto a ponto de correrem risco de vida, devido às esposas serem adeptas desta filosofia. Naturalmente, os antigos não se referiam ao coração físico, mas ao centro do romantismo. Seria mais adequado dizer: “A forma de alcançar o coração de alguns homens é através de seus estômagos”. Lembrome bem das palavras de um certo marido: 

“Dr. Chapman, minha esposa é uma cozinheira de forno e fogão. Ela gasta horas cozinhando. Faz os pratos 
mais elaborados que existem. E quanto a mim? Sou um daqueles homens que apreciam purê e carne moída. Vivo dizendo que ela está gastando muito tempo na cozinha. Eu adoro comida simples. Ela fica aborrecida e diz que não gosto dela. Mas eu a amo! Só desejaria que ela facilitasse as coisas para si mesma e não gastasse muito tempo com pratos tão trabalhosos. Dessa forma, passaríamos mais tempo juntos e ela teria mais energia para fazer outras coisas”. 

Obviamente, essas “outras coisas” chegavam mais perto de seu coração do que refeições sofisticadas. 

A esposa daquele homem era emocionalmente frustrada. Ela crescera em uma família onde a mãe era uma excelente cozinheira e o pai sabia apreciar seus esforços. Ela se lembrava de seu pai ter dito à sua mãe: “Quando me sento à mesa com uma refeição como esta diante de mim, torna-se fácil amá-la”. Seu pai diariamente elogiava os quitutes feitos por sua mãe. Em particular e em público ele elogiava os dotes culinários da esposa. Aquela filha aprendera direitinho o modelo deixado por sua mãe. O problema é que ela não estava casada com o seu próprio pai. Seu esposo possuía uma linguagem do amor muito diferente. 

Em minha conversa com aquele esposo, não levou muito tempo até eu descobrir que as “outras coisas” às quais ele se referia era sexo. Quando a esposa respondia positivamente no tocante a relação sexual, ele sentia segurança em seu amor. No entanto, quando por qualquer motivo ela se esquivava sexualmente do marido, nem toda sua habilidade culinária era suficiente para convencê-lo de que ela o amava. Ele não era contra os pratos elaborados, mas em seu coração eles não poderiam, de forma alguma, substituir aquilo que ele considerava “amor”. 

A relação sexual, porém, é somente um dialeto na 
linguagem do toque físico. Dos cinco sentidos, o do toque diferencia-se dos outros quatro, pois não se limita a uma localização específica no nosso organismo. Pequenos receptores táteis acham-se espalhados ao longo de todo o corpo. Quando esses receptáculos são tocados ou apertados, os nervos carregam esses impulsos para o cérebro. Este os interpreta e percebemos o objeto do toque como quente ou frio, áspero ou macio. Causam dor ou prazer. Também os interpretamos como amorosos ou hostis. 

O toque físico pode iniciar 
ou terminar um relacionamento. 
Pode comunicar ódio ou amor. 

Algumas partes do corpo são mais sensíveis do que outras. A diferença deve-se ao fato dos pequenos receptores táteis não estarem espalhados aleatoriamente pelo nosso organismo, mas sim distribuídos em grupos. Portanto, a ponta da língua é altamente sensível ao toque, ao passo que atrás dos ombros é uma das partes mais insensíveis. As pontas dos dedos e a ponta do nariz também são áreas extremamente sensíveis. Nosso objetivo, no entanto, não é entender as bases neurológicas das sensações do toque, mas sim sua importância psicológica. 

O toque físico pode iniciar ou terminar um relacionamento. Pode comunicar ódio ou amor. A pessoa cuja primeira linguagem do amor é “Toque Físico” receberá uma mensagem que irá muito além das palavras “Eu odeio você” ou “Eu amo você”. Um tapa no rosto é algo difícil para qualquer criança enfrentar, mas para aquela que possuir o “Toque Físico” como primeira linguagem do amor, será devastador. Um abraço afetivo comunica amor a qualquer criança, mas aquela que possuir o “Toque Físico” como primeira linguagem do amor, desfrutará de forma mais intensa aquele gesto, sentindo-se amada e segura. A mesma atitude é válida para os adultos. 

No casamento, o toque de amor existe em várias formas. Levando-se em conta que os receptores ao toque localizam-se por todo o corpo, um afago amoroso em qualquer parte pode comunicar amor a seu cônjuge. Isso não significa que todos os toques sejam iguais. Seu cônjuge apreciará a alguns mais do que a outros. Seu melhor professor, sem dúvida alguma, será seu (sua) próprio (a) esposo (a). Afinal de contas, ele (ela) é a quem você demonstrará amor. Ele (ela) sabe exatamente o tipo de toque que mais lhe agrada. Não insista em tocá-la (o) de seu jeito e em seu tempo. Aprenda a falar o dialeto dele (dela), pois alguns toques podem ser considerados desconfortáveis ou irritantes. A insistência em praticar tais atos pode comunicar o oposto ao amor. Talvez afirme que você não é sensível às necessidades dele (dela) e não se importa com a sua percepção de prazer. Não caia no erro de achar que o que lhe traz prazer também trará a seu cônjuge. 

Toques amorosos podem ser explícitos e exigir sua completa atenção, como afago nas costas e jogos sexuais que terminem em uma relação. Por outro lado, também podem ser implícitos e breves, como um toque nos ombros ao encher uma xícara de café, ou um rápido roçar no corpo ao passar pela cozinha. Toques explícitos, naturalmente, levam mais tempo, não somente a prática deles em si, como também a percepção de como progredir quando se visa comunicar amor dessa forma ao cônjuge. Se uma massagem nas costas comunica eficazmente seu amor a seu (sua) esposo (a), então, todo tempo, dinheiro e energia que você gastar para aprender a ser um (a) bom (boa) massagista será, sem dúvida, um bom investimento. Se a relação sexual for o primeiro dialeto de seu parceiro, leia e converse sobre a arte do amor sexual de forma a aprimorar sua expressão de amar. 

Toques implícitos de amor levam menos tempo; porém desenvolvem o treinamento, especialmente se o ‘Toque Físico “ não for sua primeira linguagem do amor, e se você cresceu em uma família onde as pessoas não se expressavam dessa forma. Sentar-se pertinho um do outro no sofá para assistirem televisão, não exigirá tempo extra e poderá comunicar amor de forma abundante. 

Pequenos toques ao passar por seu cônjuge implicam frações de segundos. Afagos ao sair e ao chegar em casa podem envolver beijos e abraços ligeiros mas falarão muito alto para seu (sua) esposo (a). 

Uma vez que você descubra que o ‘Toque Físico” é a primeira linguagem do amor de seu cônjuge, sua única limitação é sua própria imaginação, quanto às formas de expressar amor. Descobrir novas formas e lugares de toque pode ser um excitante desafio. Se você não for alguém que tem o hábito de “tocar sob a mesa”, descobrirá que essa prática poderá acender fagulhas quando jantarem fora. Você poderá encher o “tanque do amor” de seu cônjuge, se caminharem de mãos dadas até chegarem ao carro, mesmo que você não tenha o hábito de fazer isso em público. Se você, normalmente, não beija seu cônjuge ao entrar no carro, poderá descobrir que esse gesto tornará sua viagem mais atraente. Abraçar sua esposa antes dela sair para as compras poderá, além de expressar amor, trazê-la mais rápido para casa. Tente novos toques em novos lugares e pergunte a seu cônjuge o que sentiu: se os achou prazerosos ou não. Lembre-se: a última palavra é dele (dela). Você está aprendendo a falar a língua dele (dela). 

                                 O CORPO EXISTE PARA SER TOCADO 

Tudo o que há em mim reside em meu corpo. Tocar em mim significa afagá-lo. Afastar-se dele é distanciar-se de mim, emocionalmente. Em nossa sociedade, um aperto de mão comunica acordo e exclusividade. Quando, em raras ocasiões, um homem recusa apertar a mão de outro, a mensagem que essa atitude comunica é que as coisas não vão bem naquela amizade. Todas as sociedades possuem formas de toque físico como cumprimento social. A maioria dos homens americanos não se sente confortável com fortes abraços e beijos, mas na Europa eles têm a mesma função de um aperto de mão. 

Em cada sociedade há formas adequadas e inadequadas de se tocar as pessoas do sexo oposto. A recente atenção voltada para os assédios sexuais tem evidenciado as formas inapropriadas. No casamento, entretanto, tudo isso é determinado pelo casal, dentro de algumas amplas diretrizes. Abuso físico é, naturalmente, condenado pela sociedade e existem organizações sociais cujo objetivo é ajudar tanto esposas quanto esposos vítimas dos excessos. Nossos corpos foram feitos para toques, mas não para abusos. 

Se a primeira linguagem do 
amor de seu cônjuge for o
 “Toque Físico”, nada será mais
 importante do que abraçá-la 
(o) quando ela (ele) chorar. 

Este século caracteriza-se como a era da abertura e liberdade sexual. Essa conquista, porém, tem demonstrado que o casamento onde ambos os cônjuges são livres para ter relações sexuais com outros parceiros é uma ilusão. Os que não discordam disso por motivos morais, não aceitam por razões emocionais. Há alguma coisa em nossa necessidade por intimidade e amor que não nos permite dar tal liberdade a nosso cônjuge. A dor emocional é profunda e a intimidade evapora-se quando tomamos conhecimento de que nosso cônjuge está envolvido sexualmente com outra pessoa. Os arquivos dos conselheiros estão repletos de registros de esposos e esposas que tentam superar o trauma emocional de um cônjuge infiel. Esse problema, entretanto, é multiplicado para aquele cuja primeira linguagem do amor é o ‘Toque Físico”. É por isso que machuca tanto — o “Toque Físico” como expressão do amor — agora é dado a outra pessoa. Não é que o tanque emocional tenha se esvaziado; o fato é que ele explodiu! Serão necessários inúmeros reparos para que aquelas necessidades emocionais sejam supridas. 

                                           AS CRISES E O TOQUE FÍSICO 

De forma mais ou menos instintiva, abraçamos uns aos outros em tempos de crise. Por quê? Pois o “Toque Físico” é um poderoso comunicador de amor. Em épocas difíceis, mais do que em qualquer outra, precisamos nos sentir amados. Nem sempre devemos mudar as situações, mas podemos superá-las se nos sentirmos amados. 

Todos os casamentos atravessam crises. A morte dos pais é inevitável. Acidentes automobilísticos aleijam e matam centenas de pessoas anualmente. Enfermidades não respeitam ninguém. Desapontamentos fazem parte da vida. A coisa mais importante a ser feita por seu cônjuge quando este atravessar alguma crise na vida, é amá-lo. Se a primeira linguagem do amor de seu (sua) esposa (a) for o “Toque Físico”, nada será mais importante do que abraçá-lo (a) quando ele (a) chorar. Suas palavras talvez não tenham muita importância, mas o toque físico comunicará que você se preocupa com ele(ela). As crises propiciam uma oportunidade singular para se expressar amor. Toques afetuosos serão lembrados muito tempo ainda após as dificuldades terem passado. Porém, a ausência de seu toque talvez jamais seja esquecida. 

Desde minha primeira visita a West Palm Beach, na Flórida, muitos anos atrás, recebo com alegria os convites para voltar e dar meus seminários naquela região. Em uma dessas ocasiões, conheci Pete e Patsy. Eles não eram originários da Flórida (poucos o são), mas já moravam ali há vinte anos e sentiam-se em casa. Meu seminário fora promovido pela igreja local, e no percurso do aeroporto para a igreja o pastor comunicou-me que Pete e Patsy haviam solicitado que eu passasse a noite na casa deles. Procurei demonstrar contentamento, mas sabia de experiências anteriores que aquele tipo de solicitação implicaria em uma sessão de aconselhamento até altas horas da madrugada. No entanto, eu me surpreenderia mais de uma vez naquela noite. 

Quando o pastor e eu adentramos aquela espaçosa casa estilo espanhol, decorada com muito bom gosto, fui apresentado a Patsy e Charlie, o gato da família. Ao olhar ao redor pude aferir que ou os negócios de Pete iam muito bem, ou seus pais deixaram-lhe uma grande fortuna, ou ele estava enterrado em dívidas. Depois descobri que meu primeiro palpite estava correto. Quando me levaram ao quarto de hóspedes, Charlie, o gato, antecipou-se e pulou na cama onde eu dormiria, e esticou-se muito à vontade. Eu pensei: Esse gato está com tudo! 

Pete chegou logo depois e comemos um delicioso lanche. Ficou combinado que jantaríamos após o seminário. Várias horas mais tarde, enquanto ceávamos, eu aguardava o momento em que a sessão de aconselhamento começaria. Mas não começou. Ao contrário do que imaginei, Pete e Patsy formavam um casal saudável e feliz. Para um conselheiro isso é uma raridade. Estava curioso para descobrir qual era o segredo deles, mas me encontrava exausto, e como sabia que ambos me levariam no dia seguinte ao aeroporto, decidi fazer minha sondagem ao amanhecer. Eles, então, conduziram-me a meu quarto. 

Charlie, o gato, foi muito gentil em deixar o quarto quando eu cheguei. Saltando da cama ele procurou outro local e eu, em poucos minutos, assumi seu lugar naquele confortável leito. Após uma rápida reflexão sobre aquele dia, adormeci. Antes, porém, que perdesse o contato com a realidade, a porta do quarto foi escancarada e um monstro pulou sobre mim! Eu ouvira falar sobre o escorpião da Flórida, mas aquele não era um deles. Sem pensar sacudi o lençol que me cobria e com um grito lancinante atirei-o contra a parede. Ouvi seu corpo bater, seguido de um silêncio. Pete e Patsy correram, acenderam a luz e nós três olhamos para Charlie, ainda estendido no chão. 

Pete e Patsy sempre se recordam disso e eu jamais me esquecerei. Charlie recobrou-se em alguns minutos e saiu rapidinho dali. Para falar a verdade, Pete e Patsy contaram-me que ele nunca mais entrou naquele quarto! 

Após meu episódio com Charlie, não sabia se Pete e Patsy ainda me levariam ao aeroporto e nem se teriam algum interesse por mim. Meus temores, no entanto, desaparecerem quando após o seminário ele me disse: 
“Dr. Chapman, já cursei vários seminários mas nunca ouvi alguma descrição tão clara a respeito de Patsy e de mim como a que o senhor fez. A linguagem do amor é realmente uma verdade. Não vejo a hora de lhe contar nossa história!” 

Após despedir-me das pessoas presentes ao seminário, saímos a caminho do aeroporto, em nosso percurso de aproximadamente 45 minutos. Pete e Patsy começaram, então, a contar-me sua história. Nos primeiros anos de seu casamento tiveram grandes problemas. Porém, 22 anos atrás, seus amigos disseram-lhes que eles formavam o casal perfeito. Pete e Patsy realmente acreditavam que seu matrimônio “fora realizado nos céus”. 

Eles cresceram na mesma comunidade, freqüentaram a mesma igreja e estudaram no mesmo colégio. Seus pais tinham estilos de vida e valores semelhantes. Pete e Patsy apreciavam muitas coisas em comum. Ambos gostavam muito de jogar tênis, velejar e sempre conversavam a respeito de como possuíam os mesmos interesses. Eles, aparentemente, tinham todas as similaridades que se acredita necessários para se diminuir os conflitos em um casamento. 

Começaram o namoro no segundo ano da faculdade. Faziam cursos diferentes, mas davam sempre um jeito de se encontrar pelo menos uma vez por mês e em algumas ocasiões especiais. Ainda na escola estavam convencidos de que “haviam nascido um para o outro”. Ambos, no entanto, concordaram em terminar a faculdade antes de se casarem. Pelos três anos seguintes tiveram um relacionamento idílico. Um final de semana ele a visitava em seu campus, e no outro era a vez dela retribuir a visita dele. No final de semana seguinte eles iam para suas casas visitar suas famílias, mas a maior parte do tempo também ficavam juntos. No quarto final de semana de cada mês, no entanto, ambos concordaram que não se veriam e utilizariam o tempo para desenvolver atividades de seus interesses pessoais. Com exceção de eventos especiais como aniversários, realmente respeitavam esse planejamento. Três semanas após receberem seus diplomas, ele em economia e ela em sociologia, casaram-se. Dois meses depois, mudaram para a Flórida onde apareceu uma ótima chance de emprego para Pete. Eles estavam a 3.200 quilômetros de distância do parente mais próximo, e podiam desfrutar de uma eterna lua-de-mel. 

Os primeiros três meses foram emocionantes — mudar, achar um apartamento e curtir um ao outro. O único motivo de conflito que tinham era a louça para lavar. Pete achava que ele possuía uma técnica mais eficiente para aquela tarefa. Patsy, no entanto, não concordava com aquela idéia. Chegaram, então, a conclusão de que quem fosse lavar a louça, utilizaria a forma que desejasse. E aquela discussão foi desfeita. Eles tinham uns seis meses de casamento quando Patsy achou que Pete estava se afastando dela. Trabalhava horas além do expediente normal e, ao chegar em casa, gastava tempo demais no computador. Quando finalmente conseguiu manifestar a sua desconfiança a Pete, ele respondeu que não a estava evitando, mas sim tentava manter-se no auge de seu emprego. Disse também que ela não compreendia a pressão que ele sofria em seu trabalho, e quão importante era que ele se saísse bem no primeiro ano de atividade. Patsy não ficou muito satisfeita, mas resolveu dar-lhe o espaço solicitado. 

Ao final do primeiro ano,
 Patsy estava desesperada.

 Patsy fez amizade com diversas senhoras que moravam no mesmo condomínio onde ela residia. 

Quando sabia que Pete trabalharia até mais tarde, fazia compras com suas amigas ao invés de ir direto para casa após o trabalho. Algumas vezes ela ainda estava ausente quando ele chegava. Aquilo o aborrecia muito e ele passou a acusá-la de negligência e irresponsabilidade. Patsy respondia: 

—  Parece o roto falando do rasgado! Quem é o irresponsável? Você não se dá ao luxo nem de me telefonar para avisar a que hora chegará em casa... Como eu posso esperá-lo, se nem ao menos sei quando virá?! E, quando chega, fica o tempo todo colado naquela droga de computador. Você não precisa de uma esposa; tudo o que necessita é de um computador. 

Pete, então, respondeu em um tom de voz mais alto: 

— Eu pre-ci-so de u-ma es-po-sa. Será que você não entende? O ponto é exatamente esse. Eu pre-ci-so de u-ma es-po-sa! 

Mas Patsy não conseguia entender. Ela estava muito confusa. Em sua busca por respostas foi a uma biblioteca pública e leu vários livros sobre casamento. Ela pensava: “O casamento não pode ser desse jeito! Eu tenho que achar uma resposta para a nossa situação”. Quando ele ia para o computador, ela pegava firme no livro. Durante várias noites lia direto até meia-noite. Pete, ao se deitar, percebia o que ela fazia e lá vinham comentários sarcásticos, do tipo: 

— Se você tivesse lido todos esses livros quando estava na faculdade, teria tirado A em todas as matérias! 

Patsy respondia: 

— Só que eu não estou na faculdade. Encontro-me casada e, no momento, ficaria muito satisfeita com um “C”! 

Pete então ia para a cama sem abrir mais a boca; apenas a olhava. 

Ao final do primeiro ano, Patsy estava desesperada. Ela já falara com Pete sobre isso, mas dessa vez comunicou-lhe calmamente: 

— Vou procurar um conselheiro conjugai. Você gostaria de ir comigo? 

Pete então respondeu: 

— Não preciso de um conselheiro conjugai. Não tenho tempo para isso e nem posso pagar uma consulta! 

— Então, eu vou sozinha — disse Patsy. 

— Tudo bem, é você mesmo quem precisa de conselhos. 

A conversa terminou. Patsy sentiu-se totalmente abandonada e sozinha, mas na semana seguinte ela marcou uma consulta com um conselheiro conjugai. Após três semanas aquele psicólogo entrou em contato com Pete e perguntou se ele poderia conversar com ele sobre suas perspectivas a respeito do casamento. Pete concordou e o processo de cura começou. Seis meses depois eles deixavam o consultório do conselheiro com o casamento renovado. 

Eu, então, perguntei a Pete e Patsy: 

— O que foi que vocês aprenderam no aconselhamento que favoreceu essa virada em seu casamento? 

Pete então respondeu: 

— Em resumo, Dr. Chapman, aprendemos a falar a primeira linguagem do amor um do outro. O conselheiro não usou esse vocabulário, mas quando o senhor falou hoje em seu seminário, as luzes se acenderam. Minha mente voltou à época de nosso aconselhamento e percebi que foi exatamente isso que aconteceu conosco. Nós finalmente aprendemos a falar a linguagem do amor um do outro. 


Eu então perguntei: 

— E qual é sua linguagem do amor, Pete? 

— “Toque Físico” —, ele respondeu sem titubear. 

— Sem a menor sombra de dúvida! Acrescentou Patsy. Voltei-me então para ela: 

— E qual a sua linguagem do amor, Patsy? 

— “Qualidade de Tempo”, Dr. Chapman. Era isso que eu pedia quando ele gastava todo aquele tempo com o trabalho e o computador. 

— Como você descobriu que o “Toque Físico” era a linguagem do amor de Pete? 

— Levou um tempo. Pouco a pouco, essa característica começou a surgir durante as sessões de aconselhamento. No começo, acho que Pete nem se apercebeu. 

Pete então completou: 

— É isso mesmo. Eu estava tão inseguro em minha auto- estima que levou um tempão até que eu identificasse e percebesse que a ausência do toque de Patsy havia feito com que eu me afastasse dela. Eu nunca disse que precisava do toque dela. Em nossa época de namoro e noivado, eu sempre tomava a iniciativa de abraçar, beijar, andar de mãos dadas, e ela sempre foi receptiva. Isso fazia com que eu achasse que ela me amava. Após nosso casamento houve situações em que eu a procurei fisicamente e ela não correspondeu. Achei que ela estivesse muito cansada devido às suas responsabilidades no novo emprego. Eu não percebi, mas concluí isso pessoalmente. Senti-me como se ela não me achasse mais atraente. Então, decidi que não tomaria mais a iniciativa para não me sentir mais rejeitado. E esperei, para ver quanto tempo demoraria até que ela decidisse beijar-me, tocar-me ou demonstrar uma nova experiência sexual. Cheguei a esperar seis semanas por um toque. Aquilo foi insuportável. Eu me afastava para ficar longe da dor que apertava quando estava com ela. Sentia-me rejeitado, dispensado e mal-amado. Então Patsy acrescentou... 

— Eu não tinha a menor idéia de que ele se sentia dessa forma. Sabia que não me procurava mais. Não nos abraçávamos, nem nos beijávamos como antes, mas achei que, desde que estávamos casados, isso não era mais tão importante para ele. Compreendia também que estava sob pressão no trabalho. Não tinha, porém, a menor idéia que ele desejava que eu tomasse a iniciativa. 
Fez uma pausa e prosseguiu: 

— E foi exatamente como ele disse. Eu vivi semanas sem tocá-lo. Isso nem passava por minha mente. Eu preparava as refeições, mantinha a casa limpa, colocava a roupa para lavar e tentava não atrapalhá-lo. Honestamente, eu não sabia o que mais poderia fazer. Não entendia o afastamento nem a falta de atenção dele. Não é que eu não apreciasse tocá-lo. E que para mim isso não era tão importante. Receber sua atenção, seu tempo é o que me fazia sentir amada. Não importava se nos beijássemos ou abraçássemos. Desde que ele me desse sua atenção, eu me sentia querida. 
Respirou fundo e continuou: 

— Levou um bocado de tempo até que localizássemos a raiz do problema e, ao descobrirmos que não supríamos a necessidade de amor um do outro, demos uma virada em nosso relacionamento. Quando comecei a tomar a iniciativa de tocá-lo, foi impressionante o que aconteceu. Sua personalidade e seu ânimo mudaram drasticamente. Eu ganhei um novo marido. Quando ele se convenceu de que eu realmente o amava, então começou a ficar mais sensível às minhas necessidades. 

— Ele ainda tem computador em casa? — perguntei. 

— Tem sim. Mas raramente o usa e, quando o faz, está tudo bem porque eu sei que ele não está “casado” com o computador. Fazemos tantas coisas juntos, que se tornou fácil para mim dar-lhe a liberdade para usar o computador quando quiser. 
Pete então disse: 

— O que me deixou pasmo no seminário hoje foi a forma como sua palestra sobre as linguagens do amor reportou-me aos anos passados. O senhor disse em vinte minutos o que levamos seis meses para aprender. 

— Bem, não importa a rapidez com que se aprende uma coisa, mas sim o quanto se desfruta dela. E, obviamente, vocês assimilaram isso muito bem. 
Pete é uma das pessoas que possuem o “Toque Físico” como a primeira linguagem do amor. Emocionalmente, este tipo anseia que seu cônjuge o toque fisicamente. Um gostoso cafuné na cabeça ou nas costas, andar de mãos dadas, abraços apertados ou não, relações sexuais — tudo isto e outros “toques de amor” fazem parte das necessidades emocionais de quem possui o “Toque Físico” como sua primeira linguagem do amor. 

Notas 

1. Marcos 10.13 2. 
Marcos 10.14-16 


                                                                               Gary Chapman 

Nenhum comentário:

Postar um comentário