SAUL E A MÉDIUM DE EM-DOR - Se Liga na Informação






1º Sm 28.1-20: “Naqueles dias os filisteus reuniram suas tropas para lutar contra Israel. Aquis disse a Davi: Você deve saber que você e seus soldados me acompanharão no exército. 2- Disse Davi a Aquis: Então tu saberás o que teu servo é capaz de fazer. Aquis respondeu-lhe: Então, o colocarei como minha guarda pessoal permanente. 3 - Samuel já havia morrido, e todo o Israel o havia pranteado e sepultado em Ramá, sua cidade natal. Saul havia expulsado do país os médiuns e os espíritas. 4 - Depois que os filisteus se reuniram, vieram e acamparam em Suném, enquanto Saul reunia todos os israelitas e acampava em Gilboa. 5 - Quando Saul viu o acampamento filisteu, teve medo; ficou apavorado. 6 - Ele consultou o Senhor, mas este não lhe respondeu nem por sonhos nem por Urim nem por profetas. 7 - Então Saul disse aos seus auxiliares: Procurem uma mulher que invoca espíritos, para que eu a consulte. Eles disseram: Existe uma em En-Dor. 8 - Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas, e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher. Ele disse a ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo nome eu disser. 9 - A mulher, porém, lhe disse: Certamente você sabe o que Saul fez. Ele eliminou os médiuns e os espíritas da terra de Israel. Por que você está preparando uma armadilha contra mim que me levará à morte? 10 - Saul jurou-lhe pelo Senhor: Juro pelo nome do Senhor que você não será punida por isso. 11 - Quem devo fazer subir? perguntou a mulher. Ele respondeu: Samuel. 12 - Quando a mulher viu Samuel, gritou e disse a Saul: Por que me enganaste? Tu mesmo és Saul! 12 - O rei lhe disse: Não tenha medo. O que você está vendo? A mulher disse a Saul: Vejo um ser que sobe do chão. 13 - Ele perguntou: Qual a aparência dele? E disse ela: Um ancião vestindo um manto está subindo. Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra. 15 - Samuel perguntou a Saul: Por que você me perturbou, fazendo-me subir? Respondeu Saul: Estou muito angustiado. Os filisteus estão me atacando e Deus se afastou de mim. Ele já não responde nem por profetas nem por sonhos; por isso o chamei para dizer-me o que fazer. 16 - Disse Samuel: Por que você me chamou, já que o Senhor se afastou de você e se tornou seu inimigo? 17 - O Senhor fez o que predisse por meu intermédio: rasgou de suas mãos o reino e o deu a seu próximo, a Davi. 18 - Porque você não obedeceu ao Senhor nem executou a grande ira dele contra os amalequitas, ele lhe faz isso hoje. 19 - O Senhor entregará você e o povo de Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã você e seus filhos estarão comigo. O Senhor também entregará o exército de Israel nas mãos dos filisteus. 20 - Na mesma hora Saul caiu estendido no chão, aterrorizado pelas palavras de Samuel. Suas forças haviam se esgotado, pois ele tinha passado todo aquele dia e toda aquela noite sem comer.

INTRODUÇÃO
- Esse capítulo marca o mais baixo ponto da vida espiritual de Saul, registrando uma das horas mais obscuras do seu reinado (1º Sm 28.1-25). Também apresenta um incidente que perturba eruditos e estudiosos das Escrituras, o episódio da pitonisa (médium) de En-Dor, em que Saul consulta o espírito de Samuel. Saul estava prestes a enfrentar um ataque dos filisteus e além disso, havia assassinado a todos os sacerdotes e o profeta Samuel já era morto; sem saber o que fazer e com quem pedir conselhos, em noutras palavras ele estava sozinho. Portanto, com o silêncio do Senhor, Saul se volta para uma prática condenável por Deus, a consulta aos mortos (Dt 18.10,11). E o faz apenas para saber sobre a sua morte e a derrota de Israel. A tragédia de sua vida quase se igualou ao seu amargo fim.

I. SAUL FALOU MESMO COM O MORTO SAMUEL?

A pergunta básica é: Quem apareceu? Samuel?
- A crônica de 1ª Sm 28.7-25 narrada por uma testemunha ocular: logo, por um dos servos de Saul que o acompanhara à necromante (7-8). Frequentemente, esses servos eram estrangeiros (21.7; 2ª Sm 23.25-39) e quase sempre supersticiosos, crentes no erro (v. 7). Razão por que o seu estilo é tão convincente. Esta crônica que parte da história de Israel, pela determinação divina, entrou no Cânon Sagrado, para mostrar que um homem sem a direção de Deus perde a visão espiritual a ponto de fazer aquilo que ele próprio condenava.

Infelizmente, esta crônica é interpretada por muitos sob o mesmo ponto de vista de Saul. Devemos buscar a interpretação correta na Bíblia, que em si mesma, tem os argumentos corretos, para discernir as afirmações do servo de Saul. Antes, porém, vejamos a palavra médium no v. 6, que no hebraico é traduzido por “espírito adivinhador”, ou “espírito familiar” e no texto grego da Septuaginta por (engastrimuthos) “ventríloquo” (um de fala diferente), palavra usada que indica a espécie de pessoa usada por um desses “espíritos”.

Para podermos entender este embuste, precisamos fazer um exame textual analítico dentro das regras da hermenêutica bíblica. Vejamos pois:

1. O leitor deve primeiro fazer a leitura de todo o capítulo (28) e depois observar cuidadosamente cada detalhe.

2. Saul quando era fiel ao Senhor, perseguiu e afugentou os médiuns da Terra provando com isso que Deus abomina tal prática:
“Respondeu-lhe a mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da terra os médiuns e adivinhos; por que, pois, me armas cilada à minha vida, para me matares?”. (V. 9).

3. Quando Saul consultou a pitonisa ele já estava caído, reprovado por Deus e endemoniado (1º Sm 15.22, 23; 16.1, 14).
“De súbito, caiu Saul estendido por terra e foi tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel” (1º Sm 28.20). Saul se encontrava perturbado, e, uma pessoa nesse estado é presa fácil do diabo.
“Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e se fez teu inimigo?” (v. 16).

4. Note que o verso 5 diz que ele estava tomado de medo. Por quê? Por Deus o havia abandonado. O homem com medo é derrotado antes da guerra.

5. Saul só buscou a necromante depois que o Espírito de Deus se retirou dele. A sua horrível e prematura morte se deu por causa disso. Aqui vemos a confirmação, de que Deus não está neste negócio (1º Cr 10.13-14).

II. QUATRO ARGUMENTOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

1. Argumento Exegético.
O versículo 6 diz que o Senhor não lhe respondeu: “Nem por sonho”. Quando analisamos do ponto de vista divino, o sonho é “uma revelação pessoal” de Deus ao homem que se processa por meio da palavra e expressão transmitida pela visão ou imagem (1ª Sm 3.1; Jó 33.14-16). Mas o Senhor não lhe respondeu, isto é, Deus não se manifestou.
“Nem por Urim”. Revelação pessoal; “nem por Urim”, revelação sacerdotal;
Algumas passagens das Escrituras falam destas duas pedras, “Urim e Turim” (Êx 28.30; Lv 8.8; Nm27.21 Dt 33.8; 1ª Sm 28.6).

Como Deus respondia por este método. Na passagem de Êxodo 28.30, Deus ordenou a Moisés colocar “no peito do Juízo Urim e Tumim” em “cima do coração de Arão”. Tem sido sugerido que o Urim e o Tumim eram dois objetos chatos: um lado de cada um desses objetos tinha por escrita a palavra “Urim” derivado de “arar”, que significa “luzes” e Tumim “ser perfeito”. O emprego destas pedras no peitoral do sacerdote era para saber: “como a vontade de Deus era revelada”. O Urim e o Tumim que então significa “luzes e perfeição”. Com esta idéia, o Urim e o Tumim passariam a ter um sentido de “fogo sinalizante”, uma espécie de semáforo. Três luzes deviam piscar ali:
1.1. A luz de cor amarela era sinal de atenção.
1.2. A luz cor vermelha era sinal de reprovação.
1.3. Luz de cor verde era sinal de aprovação divina. O método como isso ocorre, dá-se da seguinte forma:

O sacerdote consultava a vontade divina sobre esta ou aquela decisão necessária, olhando sempre para a luz amarela estacionada em cima do seu coração; segundo este modo de proceder, neste instante vinha a resposta da parte de Deus: sim ou não. O sim era revelado através da luz verde sobrenatural, enquanto que o não, se dava através da luz vermelha sobrenatural. No caso de Saul, nenhuma nem outra coisa se manifestou; portanto, Deus lhe não respondeu este método.
“Nem por profetas”. Revelação inspirada da parte de Deus em que Sua vontade era manifestada através de um homem ou mulher, santo capacitado por Deus para este fim. Mas a Bíblia também afirma que Deus não se manifestou por tal método. A sentença é sempre a mesma: “...o Senhor lhe não respondeu” (v.6).

2. Argumento escatológico.
Seria impossível Samuel ter falado. Primeiro: porque se encontrava morto e estava no seio de Abraão segundo os ensinos de Jesus em Lucas 16.27-31. O profeta Samuel nunca desobedeceu a Deus. Era integro. Segundo este conceito, Samuel se encontrava no “seio de Abraão” ou “Paraíso”, conforme Lucas 16.22 e 2ª Coríntios 12.4. Na narrativa de Lucas (16.22), diz que o rico se encontrava num lugar “baixo” (Hades) e que Lazaro se encontrava num lugar “alto” (Paraíso). Segundo a Bíblia diz, o rico “...ergueu os olhos” para contemplar Lázaro (16.23). Assim, de acordo com o argumento lógico, não foi Samuel que apareceu ali, visto que o texto diz: “...subiu da terra” (cf. 1ª Sm 28.13-14). Ora, se fosse Samuel, então ele teria “descido do Paraíso” e não “subido da terra”.

- A médium não afirma que era Samuel e sim “deuses” que subiam da terra (v. 13). Ou ela estava enganando Saul ou vendo demônios materializados conforme se chama hoje no espiritismo “visualizações”. Depois ela observa que não se trata de “deuses”, e sim “de um homem ancião” (28.14). Note que o texto diz que Saul “nada viu”, mas deduziu que seria Samuel baseando na descrição da necromante.
Os versos 20 2 21 do capítulo em foco dizem que Saul se encontrava perturbado, e apenas entendeu que era Samuel que falava (v.14). Certamente não foi Samuel.

3. Argumento contraditório.
No capítulo 15.35 de 1ª Samuel Bíblia diz: “nunca mais viu Saul até o dia da sua morte, porém tinha pena de Saul”. Numa outra tradução mais correta seria: “nunca mais procurou Samuel a Saul”.
Mas quem falou através da necromante? Samuel era profeta de Deus e só poderia falar por inspiração, mas sendo morto como iria falar? Quem deveria falar deveria ser o próprio Deus, mas o Senhor não falou nem por Urim, nem por sonhos e nem por profetas. Se não foi o Senhor quem falou também não foi o profeta Samuel.

De acordo com a fidelidade das Escrituras, Samuel, o profeta, não podia subir ali naquela noite sombria. Durante sua vida aqui na terra ele foi obediente a Deus e agora, depois de morto jamais ele faria um só ato contrário à vontade de Deus, quando em vida declarou: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar” (1ª Sm 15.23).

A Bíblia é explicita com respeito à volta de um morto:
“Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei” (Jó 10.21). “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir” (Jó 7.9).  E o salmista Davi acrescenta: “Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2ª Sm 12.23). Aquilo que as Escrituras afirmam não pode ser anulado.

4. Argumento Ontológico.
Do grego onthos, ser + logia, estudo racional. Então ontologia é o estudo do ser (ou metafísica geral). É a ciência do ser enquanto ser e dos caracteres que pertencem ao ser como tal. Este argumento baseia-se no versículo três do cap. 28 que está sendo estudado. Nele, Deus se identifica como Deus dos vivos e não dos mortos: de Abraão, Isaque, Jacó etc. “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mt 22.32; ref. Êx 3.15).
Nem um profeta ou santo de Deus perdeu a sua personalidade, integridade ou superego. Seria Samuel o único a poluir-se indo contra a natureza do ser, contra Deus (vv. 6) e contra a doutrina que ele mesmo pregava (1º Sm 15.23), quando em vida nunca o fez? Impossível.

5. Argumentos proféticos (Dt 18.22). As profecias devem ser julgadas “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1ª Co 14.29). E essas do pseudo-Samuel, não resiste ao exame. São ambíguas e imprecisas, justamente como as dos oráculos sibilinos e délficos.

“Samuel (?) disse a Saul: Porque me desinquietaste?” (1ª Sm 28.15). Em apocalipse 14.13, essa profecia do pseudo-Samuel é refutada quando diz “Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”. Devemos observar bem a frase: “me desinquietaste” no texto, e depois, confronta-la no contexto: “...para que descansem”, e veja, que aqueles que partiram (como Samuel) em paz com Deus jamais seriam desinquietados por uma feiticeira.

A “bem-aventurança” de apocalipse 14.13 destina-se aqueles que viveram e morreram fielmente a Deus; E Samuel foi um deles, e jamais viria a poluir-se numa sessão espírita presidida por uma mulher cuja era reprovada por Deus e a sua Palavra (Lv 19.31; 20.27). Deus não se contradiz! Portanto, não foi Samuel que ali apareceu.

O embuste da médium.
Para agradar ao rei, a mulher disse exatamente o que ele queria ouvir (sendo ela uma feiticeira). No final do referido texto (1º Samuel 28), vemos que Saul foi procurar a médium totalmente vulnerável, fragilizado física e emocionalmente, e por isso foi presa ainda mais fácil da enganação. Observe que ele estava em um jejum prolongado e totalmente abalado emocionalmente: “De súbito, caiu Saul estendido por terra e foi tomado de grande medo, por causa das palavras de Samuel. E faltavam-lhe as forcas, porque não comera pão todo aquele dia e toda aquela noite” (1º Sm 28.20).
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Dali em diante a farsa foi fácil.
“O SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus” (1º Sm 28.19).

5.1. Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus. A profecia é de estilo sibilino e sugeria que Saul viria a ser suplicado pelos filisteus. Mas o fato é que Saul se suicidou (1º Sm 31.11-13). Saul apenas passou pelas mãos dos filisteus (1ª Sm 31.8-10), e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (31.11-13). Infelizmente o pseudo-Samuel não podia prever este detalhe.

5.2. Não morreram todos os seus filhos. “... tu e teus filhos”, como insinua essa outra profecia obscura: Morreram três filhos de Saul (1º Sm 31.2) e três filhos ficaram vivos: Is-bosete (2º Sm 2.8-10), Armoni e Mefibosete (não o filho de Jonas), mas sim de Saul (2º Sm 21.8).

5.3. A suposta profecia predissera que, no dia seguinte, morreria Saul e seus filhos. Saul não morreu no dia seguinte como declarara a necromante: “... amanhã, tu e teus filhos estareis comigo....”.

Esta é uma profecia do tipo délfico, ambígua. Saul morreu cerca de 18 dias depois (1º Sm 30.1, 10, 13,17; 1º Cr 10.2, 4).
“Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens, ao terceiro dia, a Ziclague, já os amalequitas tinham dado com ímpeto contra o Sul e Ziclague e a esta, ferido e queimado” (1º Sm 30.1).
Davi gastou na sua volta três dias, em que percorreu uns 120 Km. Havia uns três dias que ele estava fora de Ziclague. E gastou um dia com os preparativos para a nova expedição contra os amalequitas. Que somado são sete dias.

Davi ao saber que Ziclague havia sido tomada e suas mulheres levadas cativas, lamentou e chorou muito (1º Sm 30.4). Após Davi reanimado no Senhor (1º Sm 30.6), levantou buscou o sacerdote Abiatar para consultar o Senhor.

“Então, consultou Davi ao SENHOR, dizendo: Perseguirei eu o bando? Alcançá-lo-ei? Respondeu-lhe o SENHOR: Persegue-o, porque, de fato, o alcançarás e tudo libertarás” (1º Sm 30.7).
Partiu Davi com seiscentos homens (30.9), porém duzentos ficaram na caminhada, pois estavam exaustos. No caminho encontraram um homem egípcio:

“Acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi; deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. Deram-lhe também um pedaço de pasta de figos secos e dois cachos de passas, e comeu; recobrou, então, o alento, pois havia três dias e três noites que não comia pão, nem bebia água. Então, lhe perguntou Davi: De quem és tu e de onde vens? Respondeu o moço egípcio: Sou servo de um amalequita, e, meu senhor, me deixou aqui, porque adoeci há três dias” (1º Sm 30.11-13).

“... há três dias”, que os amalequitas haviam deixado o egípcio no caminho. Davi gastou cinco dias para alcançá-los. O ataque foi inesperado, noturno e terminou rapidamente. (30.17). Para cuidar dos prisioneiros e recolher o despojo de guerra levou mais um dia. Na volta levou mais uns oito dias. Até aqui são 17 dias desde que a necromante profetizou para Saul. Após dezoito dias os filisteus entraram em guerra contra Israel (31.1-6), que os venceram.

As evidências e os próprios textos bíblicos dizem que ninguém morreu no dia seguinte como falara o suposto Samuel naquela reunião.

5.4. Saul não foi para o mesmo lugar de Samuel. “... estareis comigo...” (1º Sm 28.19). Outra profecia délfica. Interpretar comigo por simples “alem” (hb. sheool), é contradizer a Bíblia. Samuel estava no seio de Abraão, sentia isso e sabia da diferença que existia entre um salvo e um perdido. Jesus o Filho de Deus também sabia, e não disse ao ladrão da cruz: “... hoje estará comigo no “alem” (sheol), mas sim, no “Paraíso”. Logo, Samuel não podia ter dito a Saul, que este estaria no mesmo lugar que ele: no “seio de Abraão”. Se Samuel tivesse desobedecido a Deus (1º Sm 28.16-19), passaria para o inferno, para estar com Saul? Ou então, Saul, ainda que transgredido a Palavra de Deus e consultado a necromante, passou para o Paraíso, para estar com Samuel?”.

“Assim, morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante, e não ao SENHOR, que, por isso, o matou e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé” (1º Cr 10.13-14).

As principais causas da derrota de Saul e seu fracasso, foram:
1) Transgressão contra Deus (1º Sm 13.8-14; 15.1-23).
2) Consulta a uma necromante (consulta de pseudos-mortos, 1º Sm 28.7-25).
3) Não consultou ao Senhor.

5.5. Quem respondeu Saul? A Bíblia fala de certos “espíritos”, sua natureza e seu poder (Êx 7.11, 22; 8.7; At 16.16-18; 2ª Co 11.14-15; Ef 6.12). São os anjos caídos de Apocalipse 12.4, 7-9 diz: “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. 7 E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. 8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. 9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

A Bíblia fala de dois tipos de anjos. Os bons (Sl 34.7; Mt 18.10 etc.) e os anjos maus que foram iludidos por Lúcifer.
Os dois tipos de anjos os bons e os maus que nos acompanham durante a nossa vida toda; anotam tudo e sabem tudo a nosso respeito.

Depois da morte o anjo bom leva o nosso livro-relatório, diante de Deus, pelo qual seremos julgados (Ap 20.12). Depois da morte o anjo a serviço de Lúcifer (anjo mau) assume a nossa identidade e representa-nos no mundo, através dos médiuns. Onde revela o nosso relatório com acerto e “autoridade”. É por isso que Paulo fala da luta que temos contra “as forças espirituais do mal” (Ef 6.12). E é pela mesma razão que Deus proíbe consultar aos “mortos” (Is 8.19-10), porque estes são falsos (Dt 18.10-14). Caso fossem espíritos humanos, provavelmente, Deus não proibiria a sua consulta, apenas regulamentaria o assunto para evitar abusos. Deus, porém, proíbe o que que é dissimulação e falsidade.

6. Argumento Doutrinário. “Vendo a mulher a Samuel...” (v. 12a).
Consultar os “espíritos familiares” é condenado pela Bíblia inteira. Fossem espíritos de pessoas, e Deus teria regulamentado essa prática, mas como não são, Deus o proibiu e condenou reiteradamente essa ação (cf. Lv 19.31; 20.7; Dt 18.10-12), e Deus não se contradiz (Tt 1.1).

Aceitado a profecia do pseudo-Samuel, cria-se uma nova doutrina que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e polutas. E nesse caso, para serem aceitas as afirmações proféticas, como verdades divinas é necessário que sejam de absoluta precisão; o que não acontece no caso presente.

6.1. Então, quem são os espíritos que se manifestam através dos médiuns? Bíblia nos ensina que todos eles são espíritos enganadores, enviados por Satanás para enganar aos que não desejam receber o Evangelho da salvação: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1ª Pe 5.8). Segundo as Escrituras, Satanás, no seu afã de enganar, se apresenta sempre como um espírito bom: “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2ª Co 11.14). Jesus disse dele: “Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). O apóstolo Paulo, que recebeu o Evangelho não de homens (vivos ou mortos), mas diretamente por revelação de Jesus Cristo (Gl 1.11-12), faz a seguinte advertência: “Mas receio que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais” (2ª Co 11.3-4); “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1ª Tm 4.1-2).

Toda doutrina espírita vem da falsa revelação dos espíritos que, como sabemos, são demônios, embora eles não creiam na existência dos mesmos, já por engodo dos próprios demônios. Os médiuns são geralmente anormais.

Grandes médicos brasileiros, como Dr. Xavier de Oliveira, Henrique Ruxo e R. Franco são unânimes em afirmar que o espiritismo é uma “fábrica de loucos porque começa desordenando o sistema nervoso originando anomalias e perturbações mentais”. Dr. Juliano Moreira, um famoso psiquiatra brasileiro costuma dizer: “até hoje não tive fortuna de ver um médium, principalmente os chamados videntes, que não fosse um neuropata”. Primeiro surgem as complicações nervosas, isto sem falar nos casos de homicídios e suicídios devido às “mensagens”.

O Espiritismo é uma grosseira imitação que Satanás, o pai da mentira. Tenta fazer para contrariar as obras de Deus. Isto aconteceu através dos mágicos do Egito. (Êx 7.9) e em muitas outras ocasiões, porém a verdade de Jesus sempre triunfará.

III. APRENDENDO COM O ERRO DE SAUL

1. De onde veio esta doutrina? A consulta aos mortos é algo que vem de longos milênios, mas é condenada explicitamente na Bíblia.

No Egito antigo, de onde vieram os judeus, era muito comum. Ao tempo de Isaías, o costume permanecia:
“O espírito dos egípcios se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu conselho; e eles consultarão os seus ídolos, e encantadores, e necromantes e feiticeiros.” (Is 19.3)

O povo de Israel foi instruído por um Moisés, preocupado com a imitação da prática das nações vizinhas:
“Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lv 19.31)
“Quanto àquele que se voltar para os que consultam os mortos e para os feiticeiros, prostituindo-se após eles, porei o meu rosto contra aquele homem, e o extirparei do meio do seu povo.” (Lv 20.6)

2. As consequências do pecado. Devemos ver as consequências do que estamos fazendo, mesmo nos assuntos de natureza espiritual.

Saul teve a oportunidade de retroceder (quando a mulher tentou se esquivar), mas preferiu seguir no seu intento. Quantas vezes também, na hora do pecado, temos oportunidade de parar, mas não paramos. Não paramos, porque nós queremos pecar. No caso do adultério, ele não acontece numa fração de segundos. Há uma sequência própria, de mentiras, subterfúgios.

Tão firme estava no seu desejo de pecar que Saul chegou a jurar (algo sagrado àquela época) ou pelo Senhor para levar a mulher a cometer o pecado da necromancia (v. 10).

Quando Deus fez silêncio, Saul não teve a humildade de perguntar por que. Não persistiu em continuar buscando ouvir a sua voz. Ele decidiu buscar apoio nas portas do inferno.
En-Dor era uma cidade que conseguira escapar à ordem de Saul quanto ao desterro dos adivinhos. A mulher resistiu porque conhecia a Lei e o decreto de Saul.
Saul foi ao seu encontro à noite, numa indicação bem clara que agia às escuras. Saul queria ouvir a voz de Samuel, que o ungira rei no passado. Pela feitiçaria, seu desejo foi atendido.

3. Não precisamos ter medo da força das trevas.
Se estamos nas mãos de Deus, não precisamos temer a feitiçaria. Não há sentido ter medo de "trabalhos" feitos contra pessoas ou instituições. Esses trabalhos não podem tocar nos ungidos (seus filhos) de Deus.

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Num ambiente pagão como o nosso...

4. Devemos evitar a busca de soluções mirabolantes.
A busca de soluções mirabolantes é decorrente do medo (v. 5). Uma pessoa com medo faz até o que não quer. Saul já tinha desterrado os profissionais que agora busca (v. 3). Uma pessoa com medo faz coisas ridículas, como vestir disfarces (v. 8), talvez, neste caso, o uniforme dos soldados.

A busca de soluções mirabolantes é decorrente do silêncio de Deus (v. 6). Saul o experimentou por sua única culpa.

Nós também podemos apelar para saídas/soluções fora de nossas convicções, como Saul o fez (v. 7), já que ele tinha desterrado esses profissionais para uma cidade ao norte do reino (En-Dor).
A propósito, há sempre pessoas disposta a ajudar... ajudar os outros a cair no buraco (7b). Desde sempre, há sempre alguém propondo alguma coisa. Há sempre alguém se dispondo a apoiar essas coisas e mesmo a fazer algo para viabilizar esse apoio.

Há sempre gente disposta a lhe levar a uma profetisa, como se Deus a ela (por que não diretamente a você?) O seu conselho.

Há sempre gente disposta a lhe levar a um outro culto onde Deus (por causa das emoções que a liturgia provoca) parece falar mais de perto.

Há sempre gente disposta a lhe levar a uma igreja onde haja bênção (especialmente se for material) ou a comunicação do medo (para nós que já fomos libertos de todo terror).

Por esta razão, há um novo tipo de ecumenismo, o do membro da igreja, que secreta ou publicamente, se une a outra naquilo que ela tem (ou acha que tem) de bom.

5. Precisamos ouvir a voz de Deus enquanto é tempo.
Samuel deixou de ouvir a Samuel no tempo próprio, tendo pago um algo preço por isto. Agora, queria escutar seus conselhos, estando ele morto.

Davi não tinha os ofícios sacerdotais para ouvir a Deus, que também não lhe aparecia por meio de sonhos ou de profecias. Hoje os meios são a igreja, por suas vozes (pregador, professor, conselheiro). Sonhos e profecias são coisas excepcionais, quando essas falham. No entanto, tendemos a nos comportar como Deus falhasse sempre (e sempre queremos essas formas de comunicação).

Deus pode usar pessoas e situações estranhas para nos advertir. Ele usou uma jumenta, no caso de Balaão, por exemplo (Nm 22.28). Normalmente, ele usa outras pessoas. Ele usa você.

CONCLUSÃO
É sabido que nenhuma das palavras ditas por Samuel jamais caíram por terra, mas todas se cumpriram (1º Sm 3.19). No entanto, a profecia feita a Saul pelo suposto Samuel, que havia baixado na feiticeira, não se cumpriu em sua integridade:

Ele disse: “O Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos Filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo.”

Porém, o que se seguiu não foi o profetizado, pois Saul não morreu pela mão dos filisteus, mas suicidou-se (1º Sm 31.4). Também não morreram todos os seus filhos, mas apenas três: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1º Sm 31.2).

No mais, a Bíblia é clara ao dizer que as causas de morte de Saul foram as transgressões com que transgredira contra Deus, por causa da Palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque “buscou a adivinhadora para a consultar”, e não buscou ao Senhor, pelo que o matou. (1º Cr 10.13,14).

Portanto, está claro que Deus não aprovou as transgressões de Saul, nem sua consulta a feiticeira, e que Samuel não estava incorporado na médium de En-Dor. Se Deus estava se recusando a falar com Saul pelos meios “legais”, e considerando também que nunca mais Samuel, em vida, havia procurado o rei Saul após sua transgressão (1º Sm 15.35), de forma alguma isso aconteceria mediante a quebra de vários princípios estabelecidos por Deus.


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembléia de Deus
Blumenau SC

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