Cerca de 200 policiais participaram de uma reunião na noite de quinta-feira.
Grevistas desocuparam Assembleia, mas paralisação continua.
Os 205 policiais militares afiliados à Associação dos Oficiais da PM da
Bahia (AOPMBA), que participaram de uma reunião iniciada na noite de
quinta-feira (9), decidiram não aderir à greve de parte da categoria,
que completa dez dias na sexta-feira. "A decisão de não aderir à greve
foi tomada pelo povo, porque também temos nossas insatisfações", pontuou
Edmilson Tavares, presidente da AOPMBA. Dos votos, 151 foram contra a
greve enquanto 54 foram favoráveis.Embora a Associação tenha 1.700 membros e um mínimo de 340 agentes devessem votar, 20% do número total, a votação foi considerada legítima, por se tratar de uma convocação extraordinária. O comandante geral da PM, Alfredo Castro, participou do encontro e antecipou a votação com um discurso a favor do término da greve, de acordo com a assessoria da AOPMBA.
Também na noite de quinta-feira, a assessoria do governo do estado reafirmou que Jaques Wagner não apresentará uma nova proposta aos PMs em greve. De acordo com a Secom, não há orçamento para ceder um aumento superior aos 6,5% propostos. O pagamento das Gratificações por Atividade Policial, as chamadas GAPs, que estão entre as reivindicações dos grevistas, também só poderão ser pagas a partir de novembro deste ano.
Grupo de PMs percorreu o Largo dos Aflitos
reafirmando continuidade de greve
(Foto: Lílian Marques/ G1)
Embora a Assembleia Legislativa tenha sido desocupada na manhã de quinta-feira, a greve foi mantida durante todo o dia. Policiais vinculados à Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra), grupo que liderava a ocupação, passaram o dia reunidos no Sindicato dos Bancários, no Largo dos Aflitos, em Salvador. Por volta das 20h os policiais deixaram o local cantando 'A PM parou' e 'Uhu, a greve continua'. Após a manifestação, o grupo se dispersou.
Negociação
Na tarde de quinta-feira, uma reunião foi realizada entre três entidades que representam policiais militares da Bahia para decidir sobre os rumos da greve após a desocupação do prédio da Assembleia Legislativa nesta manhã, mas terminou sem acordo para encerrar a paralisação, segundo o sargento Jackson Carvalho, presidente da Associação de Sargentos e Sub-tenentes de Polícia Militar. Em entrevista ao G1, o sargento disse que foi elaborada uma nova proposta, que vai ser levada ao governador para que seja aberta a negociação.
"Fizemos um documento, que já foi encaminhado ao governador Jaques Wagner, para melhorar a proposta. Queremos que a GAP IV [Gratificação de Atividade de Polícia] comece a ser paga em março, em vez de novembro [como o governo propôs]. Um percentual em março e o resto em novembro. O governo decide como será a divisão do percentual", afirma o sargento Jackson. O governo do estado não se pronunciou oficialmente sobre a retomada de negociações, e as entidades programaram uma entrevista coletiva para a noite desta quinta para detalhar a atual situação da greve.
No encontro, estiveram presentes representantes de três associações de classe e, segundo eles, também o comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Alfredo Castro.
Sobre a GAP V, outro benefício específico da classe, que tem sido pedido pelo movimento grevista, o sargento relata que eles querem redução do prazo para início do pagamento, sem especificar detalhes. O governo prometeu quitar a GAP V entre 2012 e 2015. Ainda de acordo com o sargento, eles agora aguardam a resposta do governo para avaliar o fim da greve.
Além da reunião entre as entidades, cerca de 500 manifestantes, incluindo policiais que estavam na Assembleia Legislativa desde o dia 31, também discutem em um ginásio da capital baiana os rumos da greve.
GAPs serão votadas
O governo da Bahia afirmou irá enviar um projeto de lei para a Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, com as datas e os valores do pagamento da Gratificação de Atividade Policial (GAP) IV e V, segundo informações da Secretaria da Casa Civil. A gratificação é um dos principais pontos de negociação entre o governo e os PMs.
Não há definição de quando o projeto de lei será votado pelos deputados estaduais, que retomam as atividades no dia 15 de fevereiro. Segundo o governo, o projeto é tratado como prioritário e deve ser votado já no primeiro dia de funcionamento do legislativo.
Desocupação da Alba
O prédio da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, foi liberado na manhã desta quinta-feira (9). O ex-policial militar Marco Prisco, considerado líder do movimento, e o policial Antônio Angelim deixaram o local presos.
A saída dos manifestantes e as prisões ocorreram após o Jornal Nacional divulgar, na quarta-feira (8), conversas gravadas entre os chefes dos PMs grevistas na Bahia que mostram acertos para realização de ações de vandalismo em Salvador.
O líder da Aspra, Marco Prisco, foi flagrado em ao menos um dos telefonemas. Tanto ele quanto Angelim estavam na lista dos 12 integrantes do movimento que eram alvo de mandados de prisão. Até esta manhã, cinco foram presos.
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