Jango recebe homenagem de chefe de Estado após 47 anos - Se Liga na Informação





Jango recebe homenagem de chefe de Estado após 47 anos

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Corpo de Jango chegando na base aérea de Brasília (Patrícia Barcelos / Facebook)
Brasília – Após 47 anos de sua morte, João Goulart recebeu homenagens de chefe de Estado na manhã desta quinta-feira (14), em Brasília. A cerimônia, com honras militares, incluiu execução do hino nacional, saraivadas de 21 tiros e a presença da presidenta Dilma Rousseff e de ministros. A viúva, Maria Tereza Goulart, parentes, os ex-presidentes Fernando Collor de Mello, José Sarney e Luiz Inácio Lula da Silva também participaram. Fernando Henrique Cardoso, que se recupera de uma diverticulite, não pode participar da homenagem. Maria Tereza mostrou-se emocionada durante a solenidade.
Assim que a aeronave da Força Aérea Brasileira tocou o solo da Base Aérea brasileira, às 11h20 de Brasília, foi iniciada a cerinômia. Jango foi o único presidente brasileiro a falecer fora do território nacional. À época, em 1976, ele morava em Mercedes, na Argentina, e não recebeu qualquer tipo de homenagem do Estado brasileiro, apesar de ter ocupado a presidência de setembro de 1961 a março de 1964, além de dois exercícios como vice-presidente.
Os restos mortais de Jango foram trazidos a Brasília para análise forense, em laboratórios da Polícia Federal até 6 de dezembro. Depois, o material recolhido será enviado a instituições internacionais. O objetivo é descobrir se ele foi assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, Jango foi sepultado em sua cidade natal, São Borja (RS), a 615 km a oeste de Porto Alegre, sem passar por necrópsia. Ele foi vítima de golpe de Estado, que desencadeou uma ditadura militar, que durou de 1964 a 1985.
Não houve pronunciamentos durante a cerimônia. Antes, Dilma havia declarado, por meio de sua conta no Twitter, que a solenidade de honra ao ex-presidente João Goulart “é uma afirmação da democracia” no Brasil, que se consolida com este gesto histórico. “Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória.”
A solicitação de exumação partiu da Comissão Nacional de Verdade. Desde o falecimento de Jango, existe a suspeita de que a morte tenha sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Após os exames, os despojos voltam a São Borja. A data do retorno, 6 de dezembro, coincide com o dia de morte do ex-presidente, em 1976.
Parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que a morte pode ter sido causada pela substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia. Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade indicam que o ex-presidente foi uma das vítimas da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.
A exumação do corpo foi iniciada na quarta-feira (13), no Cemitério Jardim da Paz, em São Borja. Os trabalhos foram concluídos após 18 horas, às 2h da madrugada desta quinta. Por causa da demora, além do previsto, a soledidade em Brasília atrasou por mais de uma hora. Foram envolvidas 12 pessoas segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Os profissionais são do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai, incluindo o médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente.
A exumação é coordenada pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal e ocorrerá em duas etapas.
A primeira etapa é envolve exames antropológicaos que detalharão informações sobre substâncias venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e podem ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão reunidos dados médicos e pessoais. Além disso, será feita a análise do DNA. A segunda etapa constará do exame toxicológico dos restos mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.

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