Existe diferença entre tristeza e depressão? - Se Liga na Informação





Existe diferença entre tristeza e depressão?

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Entrevista realizada por Pedro Bial ao escritor Andrew Solomon.

"Andrew Solomon afirma: 'É importante acabar com a depressão, não com a tristeza'


Autor do best-seller 'O Demônio do Meio-Dia' recebeu Pedro Bial em Nova Iorque







Andrew Solomon recebeu Pedro Bial em Nova Iorque



Pedro Bial foi até Nova Iorque para bater um papo com o escritor Andrew Solomon, autor do best-seller "O Demônio do Meio-Dia". O livro foi responsável por tirar a depressão "do armário", fazendo com que a doença perdesse boa parte da estigmatização na sociedade. Nele, o norte-americano narra sua experiência diante do distúrbio e, com isso, trouxe um alívio e esperança para milhões de pessoas em sofrimento. No Conversa com Bial desta quinta-feira, 16/8, o norte-americano ressaltou que existe uma diferença entre depressão e tristeza:




"Quando as pessoas falam sobre acabar com a depressão, é importante destacar que falam sobre acabar com a depressão, não com a tristeza".




"A tristeza tem um papel importante na formação da ligação. Sem ela, não teríamos amor".




Andrew Solomon bateu um papo com Pedro Bial sobre depressão (Foto: TV Globo)




A ideia do livro surgiu ao escrever um artigo para uma revista em que relatava sua luta contra a doença. Ao publicar a obra, sua intenção era derrubar o conceito de que depressão era um "algo" de quem não tinha problemas para se preocupar. Quase duas décadas após o lançamento do best-seller, Solomon afirmou que ainda toma remédios duas vezes ao dia para manter a doença controlada:



"Já tentei parar e os resultados foram catastróficos".




"Preferi ter uma vida boa com os remédios do que sentir uma agonia sem sentido sem eles".







Andrew Solomon fala sobre políticas públicas para o tratamento da depressão




Amor como antidepressivo




"Tenho um histórico de vida de saber que amei e fui amado. Então, até mesmo nos piores momentos da depressão, sabia que havia motivo para melhorar e viver".




"O amor dá uma energia para a luta contra a depressão".



"Ele não cura a depressão, mas permite que as pessoas vejam que há uma vida de valor do outro lado e te dá forças para lutar".







Andrew Solomon fala sobre o amor como um importante aliado contra a depressão




Caso de saúde pública




Solomon alerta que as autoridades precisam incluir o distúrbio em um modelo de política pública para tratar possíveis pacientes nas classes mais baixas:




"Pessoas que têm uma vida relativamente boa e que se sentem mal o tempo todo sabem que têm depressão".





"Pessoas com vidas péssimas, que se sentem mal o tempo todo, podem não imaginar que estão doentes".




"Elas acham que se sentem péssimas o tempo todo pela dificuldade da vida e não percebem que essa não é a causa da depressão. É a depressão que deixa a vida difícil. É importante que pessoas nessa situação sejam diagnosticadas".



Depressão X Ansiedade




"Elas tendem a ocorrer juntas. A maioria dos deprimidos é ansiosa, e a maioria dos ansiosos é deprimida".



"Em parte, a ansiedade é consequência da depressão. Você fica ansioso por achar que não consegue fazer nada. Em parte, a depressão é consequência da ansiedade".




"É comum achar que se cura a ansiedade ao curar a depressão, ou vice-versa, mas são duas coisas separadas, como braços. Você precisa de dois braços, precisa conseguir se concentrar".




"É importante termos sistemas que olhem para a ansiedade e a depressão a fim de tratá-las como uma coisa só".







Andrew Solomon fala sobre a distinção entre depressão e a ansiedade



Próximo Livro



O novo projeto de Solomon vai abordar a formação das novas famílias. O livro nasceu da mesma pesquisa que originou uma de suas mais recentes obras, "Longe da Árvore":




"Tem capítulos sobre genitores solteiros, por escolha ou não, adoção, lares adotivos, casamento inter-racial, famílias gays e multiparentais".




"É sobre como famílias incomuns criam filhos, não sobre famílias comuns criando filhos incomuns".



"Expandimos a natureza da família nos últimos 25, 50 anos, mas não o vocabulário que usamos para a família".

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