O ateísmo e a igreja: breve análise - Se Liga na Informação





O ateísmo e a igreja: breve análise

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Por Jean Seifert
Esse ensaio tem como objetivo a apresentar de forma panorâmica o pensamento e posicionamento sobre a cosmovisão ateísta, mostrando seus principais preceitos e primórdios fundamentais. Partindo do conceito de Nietzsche sobre o assunto.  
ATEÍSMO 
A representação ateísta nega de forma categórica toda e qualquer manifestação sobrenatural seja ela de qualquer entidade mística ou divindade proposta na religião, fé ou cultura desmistificando o pensamento espiritual em um pensamento mais lógico racional.
O pensamento ateísta cresceu muito no século XVIII com toda a questão do Iluminismo e a partir daí algumas pessoas já se declarariam adeptos ao pensamento ateu, sendo a Suécia com a maior população declarada ateia com cerca de 80% da população local.
Não se trata de uma religião, pois suas bases doutrinárias não de cunho religioso como crer em um ser “superior”, rituais ou fé, mas sua cosmovisão é constituída de uma posição bem mais filosófica da vida e sobre a vida.
Existem outras partes divisórias desse pensamento ateu que são bem expoentes e difundidas: ateísmo agnóstico, ativista, antiteísta, não teísta e ritualístico. Vejamos um pouco de cada uma dessas partes difundidas de um mesmo pensamento filosófico.
ATEÍSMO AGNÓSTICO 
Esse movimento busca por estímulos de ordem intelectual sobre o pensamento ateu e são de certa forma apologistas de sua posição filosófica debatendo e argumentando com base em artigos e obras de cunho ateísta e conhecem muito mais das Sagradas Escrituras do que grande maioria dos que se dizem cristãos.
ATIVISTA
Esse grupo não parte apenas de desacreditar sobre o sobrenatural, crenças, fé, religião e a existência de Deus, mas parte para uma ação mais cívica e social entre o povo, desenvolvendo e opinando seus pensamentos na sociedade em geral, sobre política, meio ambiente, feminismo, direito homossexual e proteção dos animais, deixando transparecer um pensamento mais radicalista do ateísmo.
ANTITEÍSTA
Essa classe de ateus aponta o pensamento religioso como o pensamento mais ignorante já existente a religião e suas crenças são de fins retrógrados que prejudicam intensamente a sociedade em geral. Eles apontam a religião como perigosa ao pensamento lógico humano.
NÃO TEÍSTA
Esse movimento não se envolve diretamente com nenhum grupo de ordem religiosa ou anti-religiosa. Para eles a religião não desenvolve nenhum papel para sociedade em geral e nem oferece problema a cosmovisão do mundo. Não se envolvem nem se preocupam com o pensamento ateu ou agnóstico simplesmente desacreditando da religião.
ATEU RITUALÍSCO
Não acredita em Deus. Religião não faz parte do seu pensamento nem mesmo existe vida após a morte, mas ainda sim devido a tradição aderem a alguns ensinamentos tradicionais religiosos, como os pensamentos de como viver e alcançar a felicidade. Eles podem até participar de cultos, meditações etc., devido à tradição, muitas vezes da família onde estão inseridos.
NIETZSCHE
Nascido na Alemanha em 1844, Nietzsche era filho e neto de pastores luteranos tendo uma experiência e também motivações para continuar sua caminhada cristã e um possível ministério pastoral, porém ainda na sua adolescência Nietzsche teve contato com a filosofia e se afasta da carreira teológica.
Nietzsche é considerado um dos pensadores mais influentes da filosofia contemporânea gerando para o pensamento filosófico conceitos como “vontade de potência”, “niilismo”, “amor-fati” e “super homem”. Isso modificou toda a ótica de como olhamos para o indivíduo e total a sua realidade.

Vários autores importantes da filosofia como Foucault, Deleuze, Guattari, Lyotard, usaram dos pensamentos e dos conceitos de Nietzsche para desconstruir o pensamento do mundo gerando uma inversão de valores.
CONCEITO DE NIETZSCHE
O niilismo é negativo mostrando que a criação de Deus e decorrente de uma doença triste ou até mesmo uma piada de mau gosto. Ele proclama um grande problema quando afirma “Deus está morto” colocando em jogo o pensamento cristão acerca do Ser que controla e conduz todo o mundo.
“Deus está morto” como qualquer outro ditador que se ache divino exigindo obediência aos seus súditos, ele dita leis e se acha dono da verdade absoluta.
Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos!” – (Nietzsche, Gaia Ciência, pg125).
A morte de Deus juntamente com o cristianismo é a grande afirmação de constatação de Nietzsche, ou seja, a vida eterna acabou o sentido da vida acabou o que nos resta é olhar a vida como ela é e continuar a encarar o caos no mundo gerando “Vontade de Potência”.
Como nos consolar, a nós assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmo nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então” – (Nietzsche, Gaia Ciência, pag125).
Nietzsche faz duras críticas à religião uma vez que a vida tinha um grande valor supremo, porém a cosmovisão da religião destruía esse complexo da vida, ou seja, a religião surge como necessidade para sociedade decorrente dos erros cometidos pela razão. O cristianismo nasce apenas amenizar e aliviar as mágoas do coração e o cristianismo não passava de um grande sistema de niilismo.
Ele é contra todo o sistema religioso, Deus, a igreja, os pastores e sacerdotes. A criação de dogmas era meramente para manipulação da massa religiosa, “Deus está morto”, Jesus não existe e o apostolo Paulo foi o grande responsável por essa mentira do Jesus ressurreto. Para Nietzsche o cristianismo enfraquece o grande mundo moderno.
CONCLUSÃO
Existe um falso conflito de ciência e Bíblia que nós sabemos que não passa de um novo ateísmo tentando fazer do cristianismo ou criacionismo apenas uma teoria.
Existe também um falso ateísmo travestido de liberalismo e esse liberalismo teológico tem adentrado nas universidades teológicas e estão disseminadas nos púlpitos gerando um enfraquecimento na autoridade bíblica e dilacerando a espiritualidade e a fé.
Fortalecer nossa apologética nas igrejas com uma teologia simples (sem ser simplista), provavelmente fortalecerá nossa fé, e com certeza olharemos e viveremos a vida cristã de uma ótica mais consistentes que nem mesmo os argumentos do ateísmo poderá enfraquecer ou derrubar nossa cosmovisão cristã.
O desafio das igrejas e de seus ministros é fortalecer a fé cristã de cada indivíduo com uma pregação viva, eficaz do evangelho, crendo como o apostolo Paulo afirma em Romanos 1:16 “ Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar a todos os que creem…”
REFERÊNCIAS
DRAITON, Gonzaga de Souza. – O ateísmo antropológico de Ludwig Feuerbach. Porto Alegre, Edipucrs, 1994.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich.A Gaia Ciência. Companhia do Bolso, São Paulo, 2012.
NIETZSCHE, Friedrich, O Anticristo, Ateus.net, São Paulo, 2002.

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