Escola recontou a história do Brasil a partir de heróis negros e índios. Viúva de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em março do ano passado, desfilou na última ala.
A Mangueira é a grande campeã do carnaval 2019 do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano foram rebaixadas.
O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (6), diretamente da Marquês de Sapucaí. Veja aqui.
Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.
O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/Z/G/OoxOiiQbG8y1cxGc0aLQ/integrantes-da-mangueira-comemoram-nota-na-apuracao-carnaval2019-rio-marcos-serra-lima.jpeg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/2/w/flaaEjT9GCEmyrHpBCGw/evelyn3.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/v/V/1DAs4TTWq9BvZrOOLt3A/whatsapp-image-2019-03-06-at-17.41.51.jpeg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/2/Y/kei3FBQFW8gwikpyX7Xw/apuracao-rj-final.jpg)
"A gente passou a mensagem que a gente queria, não só pro Brasil, mas para o mundo inteiro, a valorização da nossa raça, os verdadeiros desbravadores deste país", comemorou a rainha de bateria Evelyn Bastos, destacando que a escola exaltou a história do povo negro.
"Lava a alma. A Mangueira estava esperando esse título. Foi muita batalha", afirmou Alvinho, ex-presidente da escola. "Fizemos um grande espetáculo e, semana que vem, se Deus quiser, vamos repetir."
O carnavalesco Leandro Vieira, que conquistou o segundo campeonato da sua carreira, também celebrou a vitória. "A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma escola que faz carnaval para representar uma comunidade importante.
Para Vieira, este foi um "carnaval de representatividade". "Esses homens e essas mulheres aqui são os heróis do meu enredo, que merecem sempre ser exaltados. Aqui mora o que tem de melhor nesse país. E o que tem de melhor nesse país faz essa festa que o mundo todo aplaude", vibra.
"É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o carnaval é isso aqui. O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. E ele deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira. O carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, o carnaval da cultura popular."
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/I/M/5aQaxITXupCU9IB2e90A/apuracao-simples-rj.png)
Vitória de ponta a ponta
A Mangueira liderou a disputa de ponta a ponta. A escola e a Viradouro tiveram uma competição apertada nos primeiros três quesitos, mas, a partir do quarto, de alegorias e adereços, a Mangueira assumiu a primeira posição sozinha até o final da apuração das notas.
A escola verde e rosa apenas perdeu três décimos durante toda a apuração, mas estas notas mais baixas foram descartadas na pontuação final.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/3/4/UabAxgTnAM6CHMPfm3sg/posicao-quesito-a-quesito-rj.png)
Trajetória no carnaval do Rio
No ano passado, a Mangueira ficou em 5º lugar, com um samba-enredo que exaltou a simplicidade do carnaval. A campeã foi a Beija-Flor. A última vez que a verde e rosa levou o troféu foi em 2016, quando homenageou a cantora Maria Bethânia.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/u/0/5HTaAtRlWnXogOSlK59g/grafico-escola-rj-campea-1-.jpg)
Ranking de títulos no carnaval
Com a vitória neste ano, a Mangueira chegou ao seu 20º título no carnaval do Rio de Janeiro, apenas dois a menos que a maior campeã, a Portela.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/Z/z/RPKuTSSkS0pUybFDWBzg/ranking-de-titulos-carnaval-rj.png)
Desfile das campeãs
A Mangueira vai fechar o Desfile das Campeãs neste sábado (9) na Marquês de Sapucaí. Também vão desfilar as outras cinco escolas mais bem classificadas na apuração das notas: Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel.
O Desfile das Campeãs começa às 21h15. Os ingressos para assistir os desfiles ainda estão disponíveis e podem ser consultados no site da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/W/P/5DbhPDRR2zYYqL4w5NJA/mangueira-2019-03-05-img-8928-rodrigo-gorosito-g1.jpg)
Destaques do desfile
O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil
Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos
O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala.
Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha.
Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos.
Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no Maranhão.
Outro momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por mulheres.
O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região.
As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira simbolizou "A história que a história não conta", mais uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/B/c/wXA0SOS0Sb7dl3tqXBSQ/whatsapp-image-2019-03-05-at-05.04.29.jpeg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/R/C/a2OUzsSmeV1KWLkytO2Q/mangueira-2019-03-05-img-8961-rodrigo-gorosito-g1.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/7/c/lvZUyBToAr495G9wvMWA/mangueira-2019-02-02-t0a8845-marcos-serra-lima-g1.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/M/f/9G7qLBTBaKyTWz4QEnzA/mangueira-2019-03-05-img-8924-rodrigo-gorosito-g1.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/R/F/YISQTARBSGY39kVf6Qbw/mangueira-2019-03-05-q98a6611-fabio-tito-g1.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/D/R/3qAwxkTM2YT8eAtcKcLA/mangueira-2019-03-05-img-8936-rodrigo-gorosito-g1.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/G/D/PNpPTnTU6YBtJGnnOOiw/ap-fim-1-.jpg)
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário