Miguel: O Adventismo em Xeque? - Se Liga na Informação






Hoje, conversando com amigos capazes acerca do capítulo 10 do livro do profeta Daniel, tivemos a curiosidade de procurar saber o que a literatura teológica diz a respeito do ser o qual apareceu a Daniel entre os versículos 5 e 10.
Quanto às opiniões, como de costume entre estudiosos, há divergências. Os estudiosos do A. Testamento, Keil e Delitzh, por, exemplo, entendem que era Jesus: “אִישׁ (homem) visto por Daniel não era um anjo-príncipe comum, mas uma manifestação de Jeová, isto é, o Logos[1]”. Eles enxergam, sem dúvidas, semelhanças em alguns detalhes contidos no ser, que a maioria dos cristãos entendem que era Jesus em (Ap 1.13-18) e no visto por Daniel. O que de fato há:
E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. […] Fiquei, pois, eu só e vi esta grande visão, e não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo a voz das suas palavras, eu caí com o meu rosto em terra, profundamente adormecido. E eis que uma mão me tocou e fez que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos. (Dn 10.5-10 ARC)
E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”. (Ap 1:13-18 ACF)
Contrariando keil e Delitzh , Norman Champlin entendeu que era um anjo comum:
Encontramos descrições similares sobre Cristo em Ap 1.13-16, mas isso não justifica a interpretação como visão do Cristo pré-encarnado. Não se poderia dizer que Cristo estava impedido por um príncipe da Pércia (ver Dn 10.13) ou por alguma entidade angelical ou demoníaca [2].
Seguindo o mesmo raciocínio de Keil e Delitzh, a profetisa adventista, Ellen G White, tida como infalível quanto a tudo quanto escreveu[3], tem uma declaração pela qual pode decepcionar qualquer um dos seus defensores, pois, de acordo com o seu comentário sobre (Dn 10:5-6), Jesus, o Filho de Deus, foi quem apareceu ao profeta Daniel.  Ademais, para White, o personagem que revela a Daniel que lutou contra um ser do mal durante 21 dias era o anjo Gabriel, algo que corrobora com a ideia de que o ser que aparece na primeira visão era de Jesus.
Assim sendo, sistematicamente e com a clareza da luz solar, Ellen Gould White disse que Jesus apareceu num momento, Gabriel noutro e Miguel noutro, negando assim a possibilidade de Jesus ser o arcanjo Miguel. Vejamos o que ela disse:
Ninguém menos que o Filho de Deus apareceu a Daniel. Sua descrição é semelhante àquela apresentada por João quando Cristo lhe apareceu na ilha de Patmos. Nosso Senhor vem agora com outro mensageiro celestial para mostrar a Daniel o que ocorreria nos últimos dias. Esse conhecimento foi dado a Daniel e registrado por inspiração para nós, sobre quem os fins dos séculos têm chegado (VA, 144; Review and Herald, 8 de fevereiro de 1881).[4]
12, 13. Boas sugestões versus más sugestões.  Através disso vemos que os agentes celestiais têm de lutar contra obstáculos para que o propósito de Deus seja cumprido no devido tempo. O rei da Pérsia era controlado pelo mais elevado de todos os anjos maus. Como o faraó, ele recusava obedecer à palavra do Senhor. Gabriel declarou: Ele “me resistiu por vinte e um dias” [Dn 10:13] por suas representações contra os judeus. Porém, Miguel veio em sua ajuda, e então ele permaneceu junto aos reis da Pérsia, restringindo os poderes, dando boas sugestões em oposição às más. (Carta 201, 1899 apud Comentários de Ellen G. White Isaías-Malaquias).[5]
Nosso Senhor vem agora com outro mensageiro celestial para mostrar a Daniel o que ocorreria nos últimos dias. — The Review and Herald, 8 de Fevereiro de 1881.[6]
Daniel… não conseguiu olhar o rosto do anjo, e já não possuía forças. Estas haviam desaparecido. Portanto, o anjo veio até ele e o colocou de joelhos. Ainda assim não conseguiu contemplar o anjo. Este apresentou-se então com aparência humana. Assim o profeta conseguiu suportar a visão. – Manuscript Releases 2:348.[7]
[Ciro], o rei [persa], resistira durante vinte e um dias às impressões do Espírito de Deus, enquanto Daniel jejuava e orava. Entretanto, o Príncipe do Céu, o arcanjo Miguel, foi enviado para modificar o coração do obstinado rei, de modo a tomar uma decisão que respondesse à oração de Daniel. — The Review and Herald, 8 de Fevereiro de 1881.[8]
Para Ellen White a sequência de Dn 10 é sistematizado assim:
  1. a) Jesus aparece a Daniel no versículo 5;
  1. b) Gabriel no verso 10;
  1. c) Miguel na narrativa do verso 13.
Logo, Se a mulher de maior autoridade na Igreja Adventista do Sétimo Dia, Ellen Gould White, explicou várias vezes que no décimo capítulo do livro de Daniel três seres espirituais do bem, mas distintos, apareceram atuando em favor do profeta, a crença de que o Senhor Jesus, Criador do anjos (Jo 1:1-3; Cl 1:17; Ap 1:8,21.6,22.13) é o anjo Miguel,  entrou assombrosamente em Xeque!
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[1] Comentário do Antigo Testamento: < https://www.studylight.org/commentaries/kdo/daniel-10.html>. Acesso em 24 de maio de 2019.
[2] O Antigo Testamento Interpretado. Vol. 4. HAGNOS
[3] “Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreve foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato”. (CHRISTIANINI, Arnaldo B. Subtilezas Do Erro. p. 35. 1965. CPB).
[4] 
[5] 
[6] 

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