Por que Moisés não é “AS PRIMÍCIAS” dos que dormem? - Se Liga na Informação





Por que Moisés não é “AS PRIMÍCIAS” dos que dormem?

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A resposta desta pergunta seria bem simples para qualquer cristão, ou seja, nem Moisés e nem ninguém mais é “as primícias” dos mortos, pois a Bíblia declara especificamente que Jesus é o primeiro ressurreto dos mortos para nunca mais morrer. Mas então, por que e pra que tanta discussão sobre isso? Vamos explicar isso no decorrer deste artigo.
Mas afinal de contas, quem faz tal afirmação sobre Moisés? Estamos nos referindo à seita chamada de Adventismo do Sétimo Dia. E por que precisam arrazoar assim? Sua profetisa, EG White, profetizou a ressureição do patriarca, vejamos:
Moisés passou pela morte, mas Cristo desceu e lhe deu vida antes que seu corpo visse a corrupção… e levou-o ao céu…” (Primeiros Escritos, EG White, Editora Casa, Pg 164).
Agora, se Moisés não ressuscitou, então a aparição do mesmo em Mateus 17, na transfiguração de Cristo, mostraria cabalmente a imortalidade da alma (Dt 34.5-6 e Mt 17.1-3) e desmontaria todo o arcaboço do adventismo e ainda provar-se-ia mais uma fraude de EG White!
E por que negar a imortalidade é tão relevante pro adventismo?
A organização “whitiana” possui uma doutrina distintiva chamada de JUÍZO INVESTIGATIVO (confira aqui). Essa doutrina nasceu do desapontamento de outubro de 1844 quando os adventistas esperavam Jesus voltar em Glória! Como o evento se provou uma grande fraude e uma exuberante falsa profecia, os adventistas se apressaram a dar uma resposta ao que nada aconteceu.  Hiran Edson elocubrou a ideia que Jesus na verdade teria, pela primeira vez, saido do lugar santo (no céu) e entrado no santíssimo para fazer um tal juízo e ver quem poderia alcançar a salvação através da consulta aos livros santos. Essa doutrina exige que as almas dos mortos estejam em um estado de inexistência ou de sono da alma. Afinal de contas, caso contrário, pra que Jesus estaria fazendo tal escrutinio (Cf Fl 1.20-23)? Se o salvo está no céu e o perdido no lugar de tormentos, e isso imediatamente após a morte, toda a ideologia dessa doutrina torna-se inoperante.
O constatado é que a doutrina da imortalidade da alma é uma kriptonita poderosa para implodir toda a existencialidade desta organização, destruindo a sua principal doutrina distintiva. Aqui temos que ficar atentos com um fato, os teólogos filiados aos movimentos sectários não tem compromisso com a verdade, mas sim fidelidade à organização e seus profetas. Imaginar que um teólogo adventista estaria disposto a fazer uma pesquisa sincera que colocaria sua organização em xeque é muita ingênuidade. Eles não têm nenhum interesse com o esclarecimento bíblico, mas farão tudo pra acobertar suas heresias!

O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A RESSURREIÇÃO DE MOISÉS?
A Bíblia não fala absolutamente nada sobre isso. Pelo contrário, a Bíblia explicita que o patriarca está morto:
Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor. E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram. Dt 34.5-8
E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo:

Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Js 1.1,2

Pr Elias Soares assegura que:
A única ressurreição de Moisés, garantida e defendida pela Bíblia, que ainda não ocorreu, é a que ocorrerá por ocasião da vinda de Jesus (I Ts 4.13-18; Dn 12.2; I Co 15.50-54). O que passar disso está voltado simplesmente para um terreno perigoso das lendas e das fábulas judaicas e não na Palavra de Deus…”. (Perguntas Difíceis de Responder, Vol 4, Ed BeitShalom)

QUAIS OS TEXTOS OS ADVENTISTAS USAM NA TENTATIVA DE PROVAR O IMPROVÁVEL?
Os pressupostos que eles tentam usar são dois textos principais – Jd 9 e Mt 17.1-3. Também procuram utilizar-se, na tentativa desesperada de manter suas teses, o texto de I Co 15.20-23. Pois bem, vamos então analisar os respectivos textos e observar se os mesmos dão alguma evidência da tese adventista.

1.1.1 – Judas 9
Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”.
Confesso que nem mesmo um analfabeto funcional poderia interpretar o texto além do que está escrito na referida epístola. Nada, absolutamente nada, diz aqui que Moisés ressuscitou!
VAMOS USAR A CITAÇÃO DE ALGUNS EXEGETAS PARA EXPLICAR O REFERIDO TEXTO
Matthew Henry
Quero aqui, na elucidação deste texto, usar propositadamente e primariamente Matthew Henry. Antes, quero explicar o porquê de minha escolha. O fato é que Leandro Quadros (da seita ASD) usa, maliciosamente, em seu e-book (sobre a ressurreição de Moisés) a crença de Henry na aparição de Moisés em Mateus 17. Esclareço, Henry entedia que o patriarca ressuscitou para aparecer exclusivamente no monte da transfiguração (Mt 17) e só:
“O conceito que têm alguns dos judeus de que Moisés foi levado ao céu, como Elias, é infundado, pois está expressamente escrito que ele morreu e foi sepultado; mas é provável que ele tenha sido ressuscitado para encontrar Elias, para presenciar a solenidade da transfiguração de Cristo” (Matthew Henry, Comentário Bíblico Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio [Rio de Janeiro: CPAD, 2012]), p. 682.
“O corpo de Moisés nunca foi encontrado. Possivelmente estava preservado da degradação, e reservado para essa aparição” (Henry, Comentário Bíblico Novo Testamento: Mateus a João [Rio de Janeiro: CPAD, 2012], p. 216, 217).
Apesar de ser uma posição controversa, Henry não explicita ou deixa claro que Moisés ressuscitou pra nunca mais morrer – afinal de contas outras nove ressurreições são registadas na Bíblia e todas essas pessoas voltaram a morrer. Henry ainda esclarece que o único e primeiro ressurreto na ressurreição gloriosa de I Coríntios 15 é Jesus:
“Haverá uma ordem na ressurreição. O mesmo Cristo foi a primícia; em sua vinda ressuscitará seu povo redimido antes que os outros; afinal, também os ímpios serão ressuscitados. Então, será o fim do estado presente das coisas” (Comentário Bíblico de Mathew Henry, Pág. 965, ed CPAD, edição de 2003)
Então, de novo, Quadros adultera o pensamento de mais um teólogo protestante. Tanto que neste texto de Judas 9, Henry explica:
“Quanto à disputa pelo corpo de Moisés, parece que Satanás desejava dar a conhecer o lugar de seu sepulcro aos israelitas para tentá-los a adorá-lo, porém lhe foi impedido e descarregou seu furor com blasfêmias desesperadas”.  (Comentário Bíblico de Mathew Henry, Pág. 1091, ed CPAD, edição de 2003).
Ou seja, ainda que Henry acreditasse que o patriarca fora ressurreto por um momento para aparecer no monte da transfiguração, não seria aqui em Judas 6 que isso teria se dado, como ensina a controvertida EG White:
“Moisés passou pela morte, mas Cristo desceu e lhe deu vida antes que seu corpo visse a corrupção… e levou-o ao céu…” (Primeiros Escritos, EG White, Editora Casa, Pg 164).
Afirmar que a teologia de Mathew Henry corrobora com EG White é, no mínimo, muita presunção. Na verdade é uma tentativa de forçar alguém de credibilidade a alinhar-se com a falsa profetisa do movimento adventista!
Halley
“…Josefo diz que Deus escondeu o corpo de Moisés a fim de evitar que fizessem dele um ídolo. É possível que Satanás o quisesse a fim de seduzir Israel à idolatria”. (Manual Bíblico de Halley, Editora Vida, Pág 713, ed 2011)
Pra Halley a ideia do texto é apenas essa, ou seja, uma luta por evitar a dolatria ao corpo de Moisés. Observe que Josefo defende esse ponto de vista. Nada, além disso!

Wiersbe
“Quando Moisés faleceu, o Senhor o sepultou, e ninguém ficou sabendo o local do seu túmulo (Dt 34.5,6). Sem dúvida, o povo de Israel teria transformado o túmulo em um santuário e caído em idolatria, de modo que Deus  não revelou a ninguém essa informação. O texto diz que ‘ninguém sabe…’ o lugar da sua sepultura. O termo ‘ninguém’ significa nenhum homem, de modo que talvez satanás soubesse e tivesse tentado tomar o corpo de Moisés para si”. (Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe, Vol 2, Pág 708, edição 2012)
Novamente a ideia é de que o texto sugere que o diabo queria transformar o supulcro de Moisés em um lugar de culto idólatra!
Green
Quando Moisés morreu, o arcarjo Miguel foi enviado por Deus para enterrá-lo… o diabo alegou ter autoridade sobre toda a matéria, e o corpo de Moisés, naturalmente, encaixava-se nesta categoria…” (II Pedro e Judas – introdução e comentário, Green, pág 162, Editora Mundo Cristão, Ed 1983).
Green corrobora que o caso tem a ver com a morte e não com a ressurreição do patriarca.
Elias Soares
Adan Clark, comentarista citado com muita frequência pelos adventistas do sétimo dia, dá a seguinte opinião acerca da disputa entre Miguel e Satanás pelo corpo de Moisés: ‘A alegação mencionada por Judas não é sobre o sacrifício de Isaac, nem a alma de Moisés, mas sobre o corpo de Moisés; mas por que ou para que não sabemos. Alguns pensam que o diabo queria mostrar aos israelitas onde Moisés foi enterrado, sabendo que eles iriam adorar o seu corpo; Miguel foi enviado para impedir essa descoberta’ (Comentário Bíblico de Adam Clark – Jd 9).
Antes de continuarmos a nossa exposição, vale deixar registrado que o Antigo Testamento não faz nenhuma alusão direta ou indireta a essa disputa e contenda entre o arcanjo Miguel e o diabo. A única coisa que o AT registra e a morte de Moisés e o seu sepultamento pelo próprio Deus (Dt 34.5,6; Js 1.1,2).
Na verdade, a Bíblia em momento algum afirma que esse fato ocorreu por causa da suposta ressurreição do corpo de Moisés. A ideia de uma suposta ressurreição de Moisés, de forma indireta, vista pelo nosso objetor, na passagem de Judas 9, é baseada numa conjectura de EG White e de alguns dos seus seguidores adventistas do sétimo dia, mas não tem amparo nas Escrituras Sagradas. Acerca deste assunto, o Prof. Carlos Augusto Vailatti chama a atenção para um grave erro cometido por alguns, ao tentar interpretar Judas 9, dizendo: O versículo, no original grego, está apenas dizendo que o arcanjo Miguel, no passado, discutiu e debateu continuamente com o diabo sobre onde estaria enterrado o corpo de Moisés (cf. Dt 34.5,6). Portanto, Judas 1.9 não traz nenhum tipo de “evidência indireta da ressurreição de Moisés logo apos sua morte”. Se há alguma evidência da ressurreição de Moisés, tal evidência deve estar em outro lugar, mas não em Judas. Além disso, se Moisés houvesse ressuscitado logo após a sua morte, por que nenhum dos autores bíblicos mencionou este fato espetacular? A conclusão óbvia e que os autores bíblicos não o fizeram porque a ressurreição de Moisés simplesmente não ocorreu.
O fato e que Moisés permanecia morto quando do embate travado entre Miguel e o diabo em algum momento no passado após a sua morte. Desse modo, o argumento de que o termo ‘soma’ (corpo no grego) pressupõe que o corpo de Moisés ainda não havia entrado em decomposição por ocasião da disputa entre Miguel e Satanás não é um argumento necessariamente lógico. O termo soma simplesmente significa que Miguel e Satanás disputavam onde estaria o cadáver de Moisés após a sua morte (pois, como já foi observado, soma pode significar tanto um “corpo vivo” quanto um “corpo morto”). Se soma também pode fazer referência a um “corpo morto”, então o erro elementar no argumento é pressupor que o termo soma, usado com relação ao corpo de Moisés, pressuponha a sua ressurreição, ou a existência de um “corpo glorificado”. Some-se a isso ainda o fato de que a suposta “não decomposição” do corpo de Moisés (decomposição esta que certamente ocorreu) de forma alguma tem como pressuposição lógica a sua ressurreição.
(Extraído do livro “Perguntas Difíceis de Responder Sobre a Imortalidade da Alma” Vol 4; Bet Shalom, Elias Soares)
ETC…
Poderíamos citar outros teólogos, mas a maioria deles corroboraria conosco, ou seja, o texto em análise não evidencia a ressurreição de Moisés. Isso é uma invenção do Adventismo e não tem respaldo teológico!
Judas 9 não é um texto que um articulista honesto usaria para provar uma suspota ressurreição de Moisés. Essa ideia é elocubração inadequada e Judas não pensava em afirmar tal coisa!

1.1.2 – I Coríntios 15.20-23
Mostrando as referidas palavras gregas no contexto bíblico:
Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias (Aparche) dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem (Tagma): Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. 1 Co 15.20-23
O texto é muito claro, não existem dúvidas e qualquer leitor honesto entenderá como está escrito. A problemática é que se o presente texto bíblico estiver certo, EG White (profetisa da IASD) estaria redondamente errada, pois a mesma ensina que Moisés é “as primícias dos que dormem” e não Jesus – diz ela:
Moisés passou pela morte, mas Cristo desceu e lhe deu vida antes que seu corpo visse a corrupção… e levou-o ao céu…” (Primeiros Escritos, EG White, Editora Casa, Pg 164).
EG White complica tudo, pois, segundo Paulo, na ressurreição gloriosa para nunca mais morrer, Jesus foi o primeiro e “depois os demais na sua vinda” – ENTÃO, Moisés não poderia desfrutar da vitória de Cristo antes da hora, pois ninguém ainda alcançou a promessa: “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa...” (Hb 13.9).
Ai entra em ação o malabarismo dos adventistas para tentar minimizar o erro da sua profetisa, que segundo eles é infalível!
“… Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreve foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato”. (Livro: Sutilezas do Erro, pág.35, Ed 1985).
No livreto em PDF “Porque você deve crer na ressurreição de Moisés” e também em um vídeo, Leandro Quadros tenta mostrar duas coisas básicas: 1º) Que “tagma” no grego teria apenas o sentido de primazia e não de ordem cronológica; 2º) E que “aparche” teria apenas a ideia de consagração dos frutos. Resumindo, a intenção é dizer o seguinte: Jesus é o primeiro ressurreto em ordem de importância e não cronológica e “as primícias” representa que o Salvador é a oferta consagrada a Deus que garantirá a ressurreição de todos – LOGO, Moisés ressuscitou primeiro como uma amostra desse fruto consagrado e como um cheque pré-datado da obra de Cristo na Cruz.

Vídeo: A ressurreição de Cristo: a primeira ou a mais IMPORTANTE?

Tagma
Analisando os léxicos – a adulteração de Quadros:
Vamos ver quem brinca com léxicos, pois Quadros faz essa acusação no seu vídeo (https://youtu.be/RAXvYnu-Rkw no tempo 4.10), ou seja, quem pensa diferente dele é um fanfarão ou brincalhão. Será, vamos ver uma parte do seu e-book e ver quem adultera os léxicos: “τάγμα usualmente significa o resultado de τάσσειν, o que é ordenado, fixado…” (75 G. Delling, “τάσσω” in T h e olo gic al Dic tio n a r y o f t h e N e w T e s t a m e n t Vols. 5-9 edited by Gerhard Friedrich. Vol. 10 compiled by Ronald Pitkin.; ed. Gerhard Kittel et al.;, electronic ed.; Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1964-c1976,8:31.)
Vamos ver o dicionário citado:

Veja que o autor conclui que “primeiro Cristo ressuscita, depois seu povo em sua vinda, quando recebem uma nova corporalidade” (Dicionário Teológico do NT, Vol II, Edição de 2013, Editora Cultura Cristã). Novamente a tática do sofisma, tirando autores do contexto. Vejamos mais um léxico relevante:
Tagma no NT, ordem, série, sucessão – I Co 15.23” (Léxico Grego do NT, Editora CPAD, Edição 2012, Pág. 890).
Tagma… arranjar de maneira ordenada. Alguma coisa arranjada em ordem ou enfileirada, como um exército, um bando, uma coorte. Em o NT, ordem, sequência, vez ou turno (I Co 15.23)” (Bíblia de Estudo Palavra Chave, Editora CPAD, 4º Edição, Pág 2419)
Tagma, verso 23 – A ordem da ressurreição é o que vai ser discutido agora. Cristo é o primeiro, seguido dos crentes, os que são de Cristo na sua vinda quando vier buscar a igreja” (Comentário Bíblico Moody, Vol 5, Edição 2001, pág 105)
Aparche
Aparche, um início de sacrifícios… as primícias dos judeus… a primeira parte de algo… a primeira porção… Referindo-se a pessoas: primeiro no sentido cronológico, a primeira de um série de coisas que podem ser afirmadas (Rm 16.5, I Co 15.20-23)”. (Bíblia de Estudo Palavra Chave, Editora CPAD, 4º Edição, Pág 2077)
A definição da palavra “primícias” (aparche) pelos próprios adventistas – Comentário Adventista, página 871:
“… depois de cortar o cereal, todos os molhos eram atados em um único grande molho e apresentado ao Senhor como ‘um molho das primícias’… Essa cerimônia apontava para ‘Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo na sua vinda’”.
Mesmo se adaptássemos o texto a visão que querem os adventistas, ainda assim o contexto não permitiria a ideia de que Jesus não foi o primeiro e único a ressuscitar pra nunca mais morrer.

1.1.3 – Mateus 17.1-3 e Lucas 9.29-31
“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”.
E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias, Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. 
Afirmam os adventistas:
Afirmar que Moisés estava “em espírito” no Monte da Transfiguração, como o fazem alguns leitores, é dar aos amigos espíritas um forte argumento a favor da consulta aos mortos. Jamais Jesus se comunicaria com o espírito de um morto, mesmo sendo Deus, se em Deuteronômio 18.9-14 Ele inspirou Moisés a escrever que o Criador abomina a comunicação com os mortos.

Aqui vemos algumas conclusões preconcebidas dos adventistas;
1º) Que se Moisés apareceu em espírito nesta visão, então existiria almas penadas, como ensina o espiritismo;
2º) Se ali estava o epírito de Moisés, então Jesus teria sim participado de uma consulta aos mortos, quebrando a sua própria palavra que proibe tal atitude;
Eu poderia, a priori, questionar a falta de conhecimento do adventismo sobre o que realmente ensina a teologia protestante a respeito do referido texto, mas penso que não é o caso de falta de informação, mas de dolo com a doutrina em si. Geralmente, os membros de seitas deturpam e criam um espatalho doutrinal para iludir seus espectadores a respeito do assunto – satanizar o adversário é a estratégia mais fácil para desfigurar o oponente e reputa-lo como inimigo das coisas de Deus! Mostrar os fatos em si, não é a intenção de um articulista sectário e muito menos encontraremos tal sinceridade em um teólogo adventista, se não consulte o caso do Dr Martin (https://youtu.be/WRmGZLMW3rE). Mas como explica a teologia protestante o texto de Mateus 17?
Existem almas penadas?
Não. A Bíblia é explícita em afirmar que quem morre não tem mais contato com o mundo físico:
Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma… e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. Ec 9.5,6
Outro fato é que o texto mostra uma ação soberana de Jesus em detrimento a Elias e Moisés: E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. Mt 17.2 – Ou seja, foi Jesus que revelou e trouxe o céu ali e não uma ação de Elias e Moisés movendo-se para falar com Jesus.
Jesus agiu como um médium?
Primeiramente, antes das conclusões, vamos fazer uma definição muito relevante – o que seria um MÉDIUM?
“Ser médium É PODER ATUAR COMO INTERMEDIÁRIO entre o mundo espiritual e o físico”. (consultado em www.altoastral.com.br no dia 13/03/2019 – destaque meu)
Então, basicamente, esse médium é um canal entre o mundo dos vivos e a realidade dos mortos. Ele traz e leva informações entre vivos e mortos. Agora, teria Jesus agido assim no Monte da Transfiguração?
O teor da conversa era sobre a morte de Jesus em Jerusalém. E não existiu ali nenhuma mediunidade ou mensagem dos mortos para os vivos (ou vice versa). Simplesmente Jesus cumpriu a promessa que fez aos discípulos em Mt 16.27,28 – Ele mostra a sua glória, revela sua divindade e que era Senhor de todos, tanto no mundo físico como no espiritual.
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Além dessa incongruência para os kardecista, já que não ouve mediação ou ato mediúnico, temos um fator complicador pra teologia espiritista. No capítulo 14 de Mateus, João Batista foi executado e, segundo Kardec, João era a reencarnação de Elias, vejamos:
João Batista era Elias reencarnado… (O Evangelho segundo o Espiritismo, pg. 59, edição 258º, Editor Instituto de Difusão Espírita, 2000).
A dificuldade para os adeptos de Kardec é que na Transfiguração não poderia ter aparecido Moisés e Elias, mas Moisés (que atingira o máximo na evolução espiritual e por isso ele não reencarnou mais) e João Batista que morrerá a algum tempo atrás. Como apareceu Elias e não João, a tese de que um era reencarnação do outro cai por terra. Também podemos mostrar aos espiritistas que em II Rs 2.11 Elias foi transladado ao céu e não viu a morte, por isso não poderia ter reencarnado. Lucas ainda joga mais uma pá de cal no argumento reencarnacionista, dizendo que João tinha o mesmo ministério de Elias e não que um era a reencarnação do outro: E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lc 1.17). Ou seja, a Transfiguração é mortal ao argumento espírita e não favorável.
Outra ilação de Leandro Quadros é que, caso Jesus se comunicou com o Espírito de Moisés, teria Ele quebrado o mandamento de Deus em Dt 18.10, 11. Será? O que diz o texto?
“Entre ti não se achará quem… consulte a um espírito adivinhador… nem quem consulte os mortos”.
Deixei aqui também a porção que diz que Deus condena quem consulta a espíritos avinhadores – e quero lembrar ao Profº Quadros que sua profetisa tinha um espírito desses a tiracolo:
DISSE O MEU ANJO ASSISTENTE. Ai de quem mover um bloco ou mexer num alfinete dessas mensagens. A verdadeira compreensão dessas mensagens é de vital importância. O destino das almas depende da maneira em que forem elas  recebidas. ”.(Primeiros Escritos, Pg.258)
Outro VERBO importante de se notar é o “CONSULTAR”. O texto é claro, a condenação é sobre consulta aos mortos e, na Transfiguração, Jesus não faz isso em momento algum, mas sim mostra sua glória e soberania. Jesus não pergunta a Elias e Moisés se eles tinham alguma mensagem de Deus pra ele e seus discípulos. Tais conjecturas somente nas mentes embotadas dos kardecistas e adventistas.
Dr Champlin explica: “… Em breve período Jesus demonstrou a glória da presença de Deus, que é Luz… transbordava da presença de Deus! Assim demonstrou a glória que o aguardava, a glória do reino dos céus; e ao mesmo tempo deu garantias das realidades espirituais e dos céus…” (O NT Interpretado, Pg 452, Ed. 2002)
Logo, o argumento teológico de que Moisés estava ali em espírito não tem nada a ver com o kardecismo, mas com a fé na palavra e na verdade de Deus – confira na Bíblia:
Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor. E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram. Dt 34.5-8
Moisés, meu servo, é morto… Js 1.2
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias. Mt 17.3
O que temos aqui? A prova irrefutável da imperecibilidade da alma após a morte. Claro, não existem almas penadas, pois tais almas ao morrer são recolhidas ao Paraíso/Céu ou ao Hades (Lc 16.19-31; Ap 6.9). Neste caso, Jesus revela aos discípulos, através do discernimento de espíritos, o mundo espiritual, sua divindade e autoridade sobre todas as coisas!
E me chama muito a atenção o fato dos adventistas ficarem estupefatos com essa verdade bíblica! Afinal de contas, EG White fez várias viagens a outros mundos, ao céu e falou dos acontecimentos espirituais do mundo intangível. Tem até um livro muito interessante chamado VISÕES DO CÉU. Então, muito me surpreende o Prof Quadros não aceitar uma verdade bíblica tão simples e objetiva. Diga-se de passagem, verdade bíblica que não tem nada a ver com a doutrina kardecista.
O engraçado nessa história toda é a similaridade da interpretação entre adventistas e kardecistas com relação a vidas em outros mundos, pois ambos acreditam na pluralidade de mundos habitados por ETs.
“Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência” (O Livro dos Espíritos, questão 55)
Deus tem inumeráveis mundos obedientes a Suas leis, e dirigidos para Sua glória. Quando os homens avançarem em suas pesquisas científicas até aonde lhes permitam as limitadas faculdades, existe ainda para além uma infinidade que lhes escapa à apreensão. Conselhos aos Pais, Professores página 66.
Inclusive, EG White acreditava que Enoque estivesse em um dos nossos planetas do sistema solar, veja: “Então fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o bom e velho Enoque, que tinha sido trasladado” (Primeiros Escritos, p. 40, edição de 1967).
Teria Deus permitido a saída do seu servo Enoque do céu (Jo 14.2-3; Hb 12.23) para uma visita a Saturno?
CONCLUSÃO
Em vista de todos esses argumentos, tenho comigo que a “teoria da ressurreição de Moisés” não encontra amparo bíblico algum e ainda é antagônica ao ensino de I Co 15.20-23 – pois só Jesus é o primeiro ressurreto e mais ninguém! E se Moisés não ressuscitou, então não foi o corpo dele que apareceu no Monte da Transfiguração. Em resposta as conjecturas deste texto, só posso responder que não é possível explicar a aparição de Moisés sem crer na imortalidade da alma. Foi o espírito de Moisés que apareceu no Monte da Transfiguração!

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