O que o coronavírus pode causar no crente em Jesus? - Se Liga na Informação





O que o coronavírus pode causar no crente em Jesus?

Compartilhar isso




Uma pandemia como a do Covid-19, o coronavírus, pode fazer faltar o chão de sob os pés da humanidade. Os poderes políticos, sociais e econômicos são abalados e ninguém consegue enxergar uma luz no fim do túnel ou uma solução contra o inimigo invisível. E o crente em Jesus, como fica numa situação assim em que paira sobre si a ameaça constante da doença e da morte?


Bem, o religioso pode sucumbir à perplexidade da situação, pois coloca sua esperança na mera resolução de problemas para continuar vivendo neste mundo como sempre viveu, e não conhece o descanso que existe para aqueles que confiam no Senhor e nem o destino eterno assegurado para os que creem em Jesus. O que é alheio ao evangelho vive nas trevas da incredulidade ou na superstição religiosa de considerar a Deus como um talismã que resolve todos os problemas desta vida. Quando não vê isto acontecer, sua crença começa a desmoronar.



Mas aquele que crê no “Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;  e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1:3-5), sabe que tudo pode naquele que o fortalece. .



Foi o que escreveu o apóstolo Paulo depois de descrever toda uma gama de experiências negativas e positivas, mostrando em quem estava o seu recurso. Ele disse: Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Fp 4:12-13).



Quando a pandemia tira a paz do mundo e coloca sobre cada habitante a perspectiva de morte iminente, o cristão sabe que também está sujeito, não só às doenças e sofrimentos, mas estas coisas têm nele um efeito distinto do incrédulo. Para aquele que ainda não teve a questão de seu destino eterno resolvida, a pandemia pode tanto alertá-lo para que perceba a fragilidade de sua existência e corra para Jesus, como pode também servir para selar um destino de condenação eterna. Apesar de o vírus, a doença e a morte poder alcançar tanto o ímpio quanto o crente em Jesus, seus efeitos são diferentes naquele que crê.



A morte, que antes encerrava de vez e eternamente um destino horrível de condenação e sofrimento eternos, é agora sua serva para levá-lo daqui para os braços de Jesus. O malfeitor impenitente não recebeu de Jesus nenhuma promessa para sua transição da vida para o além, mas o malfeitor convertido ouviu a bendita palavra: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23:43). Para um a morte é sentença de juízo, para outro de libertação. Enquanto isso, os sofrimentos que a antecedem podem gerar ou produzir algumas coisas naquele que crê ou através dele.



Às vezes você ficamos tão concentrados na dor, no sofrimento e na aparente injustiça do sofrimento, que acabamos confusos e incapazes de perceber o que está realmente acontecendo. Quando lemos Romanos 5:5 encontramos ali a palavra confusão“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”. Ninguém gosta de ser confundido e incapaz de entender o que ocorre consigo. Então o que fazer para não ficar confuso com uma situação tão desagradável quanto uma pandemia igual à do coronavírus? Apelar para o instrumento chamado esperança, que é a primeira palavra do versículo 5 : “E a esperança não traz confusão.



Aqui você perguntará, e com razão, como ter esperança para não ser confundido quando tudo parece dar errado. A resposta é adquirindo experiência, que é a penúltima palavra do versículo 4: “E a paciência a experiência, e a experiência a esperança”. Agora, se você quiser saber como ter experiência, a resposta que a própria passagem é que precisará de paciência, que é a primeira palavra do versículo 4 que acabei de citar.  E paciência, como obter? Repare no que diz o versículo 3: “A tribulação produz a paciência”.



Agora, lendo Romanos 5:3-5 na ordem correta como está no texto, temos: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.



É por esta razão que existe tanto proveito nas tribulações, e infelizmente nos esquecemos disso quando, diante de uma situação de calamidade, perguntamos: “Senhor, por que eu? Por que peguei esta enfermidade?”. A pergunta correta deveria ser “Para quê” — “Para quê estou com esta enfermidade? Para quê preciso ficar em isolamento? Para quê terei de arcar com todos os problemas que esta enfermidade acarreta?”. Deus sempre tem uma razão para permitir que passemos pelo que passamos, e ele sabe que sem esses percalços em nossa vida não conheceríamos tão bem a perfeição de seu cuidado e amor. É só quando mais precisamos ser amados e cuidados que conhecemos melhor o amor de Deus.



Um dia — e isto pode acontecer hoje mesmo se o Senhor vier ou se nos chamar pela morte — estaremos em um lugar onde não haverá mais tribulação. Enquanto estamos aqui, cantamos o hino que diz que “ali não há tribulação”, e é evidente que estamos falando do céu, onde não haverá tribulação alguma. Mas aqui, sim, ela existe sempre e constantemente, seja causada por um inimigo visível ou invisível, como é o coronavírus. No céu entenderemos a razão de cada tribulação que experimentamos na terra, mesmo que aqui ainda tenhamos que viver algum tempo sem entender. Ou você acha que Deus não está no controle absoluto de todas as coisas, incluindo pandemias?



Quando Pedro fez seu discurso para uma multidão de judeus de muitas nações no dia em que a Igreja foi formada, ele disse: “A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, [vós] prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;  ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela.” (At 2:22-24).



As palavras do final desta passagem são significativas, pois mostram que nada daquilo estava acontecendo à revelia de Deus. Afinal, Jesus tinha sido entregue “pelo determinado conselho e presciência de Deus”, portanto como parte de um plano maior e concebido antes que o Universo tivesse sido criado. Esta é a parte de Deus, que tem tudo sob absoluto controle e dentro do que foi planejado. “Não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar... Eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o fiz.”. (Hb 4:13; Ez 17:24).



Se você não viu isso acontecer durante a pandemia então estava muito distraído. Árvores altas foram abatidas, árvores baixas elevadas, árvores verdes secaram e as secas reverdeceram para deixar claro a todos que “O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa” (Sl 144:4). Certamente nada acontece sem que tenha sido planejado por Deus, o mesmo que enxerga “o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam”, que diz, “O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e de uma terra remota o homem do meu conselho; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei.” (Is 46:10-11).



Mas a passagem do discurso de Pedro em Atos 2 tem uma continuação que mostra o lado humano na orquestração de todas as desgraças que se abatem sobre a Criação desde que entregou a Satanás o governo de sua vida e seu destino, adotando-o como seu príncipe. Pedro acusa os judeus: [Vós] prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos”. Ali foi o ápice da maldade humana, quando o Autor da vida foi, por suas próprias criaturas, condenado à morte. Este é o lado da responsabilidade humana, e quer o coronavírus tenha sido criado em laboratório ou extraído de um animal, no qual tinha uma função genética específica, para ser trasladado para o homem como um veneno mortal, coube ao ser humano mais esse ato de vandalismo contra a ordem e o equilíbrio das coisas criadas.



Mas felizmente aquele que crê em Cristo sabe que os olhos do Senhor estão sobre si, e nada que lhe venha a acontecer fugiu ao controle de Deus. Por isso o crente ora ao Pai sempre dentro deste contexto: “Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu.” (Lc 11:2). Um santo de Deus sabe muito bem que a vontade de Deus é e sempre será a melhor, ainda que na miopia de nossa existência isso não pareça ser assim.



Quando adoecemos, oramos por cura, mas com a preferência dada, não à nossa vontade, mas à vontade de Deus. No momento de sua agonia, quando vislumbrava ter de carregar em seu corpo santo os pecados de todos os salvos e ser feito pecado na cruz, Jesus, o único Homem perfeito que jamais pisou este chão, orou ao Pai: “Afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.” (Mc 14:36).



Uma coisa interessante é a atemporalidade da oração. Marcos não escutou essa oração do Senhor e nem dos três discípulos, Pedro, Tiago e João, que o acompanharam ao Getsêmani, pois estes três estavam dormindo enquanto o Senhor orava. As palavras do Senhor foram reveladas a Marcos tempos depois pelo Espírito Santo, quando escreveu seu evangelho. Mas ainda que Marcos ou outros discípulos tivessem estado presentes ali, poderiam achar que essa oração não foi ouvida, mas foi. É o que aprendemos do livro de Hebreus, e de como seu extremo sofrimento e morte faziam parte de um plano muito maior, que incluía não ficar na morte e também garantir que os que cressem nele também fossem livrados desse terrível anzol.



“Jesus, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem.“ (Hb 5:7-9). O episódio decorrente disso, e ainda programado para os que hoje colocam sua fé no Salvador, é o que Paulo descreve em sua carta aos Coríntios:



“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Co 15:51-57).



Considerando esse aspecto atemporal da oração e seus resultados, muitos que hoje oram pela salvação de seus filhos, e eventualmente venham a partir desta vida sem que vejam isso acontecer, podem ter a esperança de que o Espírito Santo continuará trabalhando neles até que um dia sejam convertidos, às vezes muitos anos após aquelas orações terem deixado de ecoar na terra. É um grande consolo sabermos que Deus continuará agindo mesmo sem nossa intercessão, e o que a certeza de sua ação, ainda que nos bastidores, é a fé. Pela fé cremos que nossas orações serão atendidas, e pela fé suportamos a tribulação, pois ela produz paciência, experiência, esperança e esta última não traz confusão. E é assim que descansamos na certeza do amor de Deus.



Há um homem na Bíblia cujo nome é sinônimo de tribulação: Jó. Costuma-se falar da paciência de Jó, mas se lermos o Livro de Jó veremos que ele tinha tudo, menos paciência, pois estava muito afligido. Jó fica o tempo todo reclamando de suas tribulações, não para as pessoas, mas para Deus, e aí que está a diferença entre o incrédulo e o crente. O incrédulo reclama de Deus para as pessoas; o crente reclama para Deus. Mas mesmo assim ele reclama como qualquer ser humano, ainda que seja a Deus. Afinal, o que é uma oração senão um queixume, um momento em que presentamos ao Pai nossas queixas e aflições? “Pai, por que isso está acontecendo comigo? Pai, me ajuda neste momento, nesta tribulação, neste sofrimento!”. O importante é nos queixarmos para a Pessoa certa, que pode nos escutar e fazer algo a respeito.



Não ouvimos falar de uma pandemia nos dias de Jó, a não ser aquela que o atingiu em cheio, tirando dele os seus bens, seus filhos e sua saúde. Será que você já ouviu falar de algo que possa levar nossos entes queridos, destruir nossos negócios, e deixar em nós sequelas para toda a vida? Apesar de encontramos Jó sofrendo as consequências dessa pandemia particular, criada especialmente para ele, ficamos animados ao encontrá-lo no final de seu livro dando falando com o Senhor assim: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42:5). Como no Salmo 119:71, Jó podia bem dizer: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.”.



No final ele falava como quem passou a ter um conhecimento maior e pessoal com o Senhor, o qual ele antes ele afirma que só conhecia de terceiros, só de ouvir falar. Mas não foi sem dor, sofrimento e muitas lágrimas que ele chegou a esse resultado. Alguém poderia perguntar se no final Jó dizia isso por ter obtido todas as respostas para seu sofrimento, mas não encontramos isso no texto. Jó se satisfez em ter o conhecimento de que Deus esteve o tempo todo no controle das coisas; ele ficou satisfeito porque viu que não estava sofrendo tudo aquilo sozinho. O Senhor estava com ele em todos os momentos, e Jó percebe isso quando o Senhor fala com ele!



Foi assim também que o Senhor esteve na fornalha com aqueles três amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abdenego. O Senhor era o quarto homem que o rei viu caminhando dentro do fogo, junto aos três amigos de Daniel. Muitas vezes o incrédulo fica impressionado com a fé de um cristão que sofre, assim como aconteceu com o rei quando olhou dentro da fornalha e viu que aqueles homens tementes ao Deus verdadeiro não estavam sozinhos quando passavam pelo fogo.



Aquilo era o testemunho de que eles realmente tinham o Senhor, e esta é outra razão de passarmos pelo sofrimento, perseguição e dores: para que o mundo saiba que temos o Senhor; para que o mundo possa olhar para dentro da fornalha de nosso sofrimento e dizer: “Ele não está sozinho, veja, tem alguém ali!”. E então perguntar: “Quem é esse que está com ele?”. É assim que nosso próprio sofrimento pode ser usado por Deus como o prefácio da história do sofrimento infinito salvífico de nosso Salvador na cruz do Calvário.



No final de sua vida ao menos uma coisa Jó deve ter entendido: Que todo aquele sofrimento tinha também servido para aparar algumas arestas de sua personalidade, pois certamente havia coisas que Deus precisava tratar com ele. Aqueles seus três amigos estavam enganados em suas suposições. Eles estavam indo muito bem enquanto permaneceram calados, apenas fazendo companhia a Jó em seu sofrimento, mas bastou abrirem a boca para começarem a atrapalhar.



Mas no final do livro encontramos Jó conformado e consolado com tudo aquilo, pois havia conhecido quem era realmente o Senhor. Ele havia aprendido a colocar-se no seu devido lugar. O que o Senhor fez com ele foi algo como um pai quando aponta o dedo para um filho e diz: “Quem você pensa que é? Com quem você pensa que está falando? Quem você acha que eu sou?”. Então o Senhor começou a apresentar uma lista de questões impossíveis para Jó: “Você sabe como as cabras monteses dão à luz? Você sabe isso, sabe aquilo? Você não sabe nada e ainda está querendo ser alguém?”.



Ao se colocar em sua verdadeira posição Jó é ricamente abençoado, pois recebe tudo em dobro do que tinha antes. Ele tinha um rebanho de ovelhas que foram mortas ou perdidas, e recebe o dobro de volta; recebe o dobro de camelos, o dobro de bois e vacas, o dobro enfim, de tudo o que tinha no início. Mas por que não o dobro do número de filhos? Ora, ele tinha dez filhos que foram mortos no começo do livro, e isso com a permissão de Deus, que usou Satanás para afligi-lo. Por que teria recebido o mesmo número de filhos no final, e não o dobro como aconteceu com seus rebanhos? Porque Jó não os tinha perdido! Seus dez filhos o estavam esperando no céu, e que alegria deve ter tido Jó quando entrou na presença do Senhor e viu lá também seus filhos!



Alguém poderia argumentar como Deus pode ser bom se permite que Satanás toque naqueles que são seus, como fez com Jó, ou como acontece a tantos cristãos durante uma pandemia como a do coronavírus. Não seria toda essa comoção global que atinge também cristãos uma obra do diabo? Se você entendeu o que eu disse até aqui, o diabo está sujeito a Deus e pode ser usado como instrumento dele sempre que, aos olhos e na avaliação de Deus, isso necessário. Ao longo de toda a Bíblia encontramos várias ocasiões em que Satanás causou problemas ao povo de Deus, para só terminar em bênção no final. Veja o episódio da travessia do mar, a caminho da região dos Gadarenos, quando Jesus estava num barco com seus discípulos e levantou-se um grande vento com ondas altas que traziam pavor aos discípulos. Que vento era aquele?



Em Jó, capítulo 1, versículos 18 e 19, lemos que estando os filhos e filhas de Jó “comendo e bebendo vinho, em casa do irmão primogênito, eis que se levantou grande vento do lado do deserto e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre eles, e morreram”. Ora, um vento que venha em quatro direções ao mesmo tempo só pode ser sobrenatural. Quem estava comandando esse vento provavelmente era Satanás, porque ele é chamado de “príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2). Portanto ele tem poder para agir usando até mesmo os elementos atmosféricos. Afinal vimos que, na tentação de Jesus no deserto, o poder e força do diabo ao transportar Jesus, não só até o pináculo do Templo, mas também a um alto monte. Porém Satanás só pode agir se antes obter autorização do próprio Deus. Assim foi com Jó, assim é com os cristãos que sofrem durante uma pandemia, assim é ao longo de toda a história dos santos, os salvos por Cristo.



Apesar de muitos cristãos saberem que Satanás está vivo e ativo no planeta Terra, agindo, tentando e procurando combater os cristãos e atrapalhar a obra de Deus, não são todos que sabem que o diabo tem acesso ao céu. Quando digo que Satanás precisa primeiro entrar na presença do Senhor e pedir autorização caso queira tocar num crente, costumo ouvir reações de espanto e argumentos do tipo “Satanás foi expulso!”“O diabo já caiu do céu!”. Bem, esta é uma das muitas mentiras que o príncipe deste mundo quer incutir na mente dos cristãos, e usa até religiões cristãs para fazer isso. Na verdade Satanás caiu da posição que ocupava, mas não literalmente de seu acesso ao céu e à presença do Senhor. Ele cairá literalmente do céu no evento futuro descrito em Apocalipse 12, quando haverá uma luta no céu e ele e seus anjos serão lançados na Terra. Ali sim ele será expulso do céu e deixará de circular pelas regiões celestiais. Mas isso ainda não aconteceu.



Na carta aos Efésios o apóstolo Paulo diz: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. “ (Ef 6:12). Para quê iríamos apontar nossas armas contra os principados e potestades nas regiões celestiais se ele e seus anjos não estivessem lá? Ora, se tenho de ficar empenhado em uma luta constante, não contra carne e sangue, não contra seres humanos, mas contra “os principados e potestades... as hostes espirituais da maldade”, onde poderia fazer isso se não “nos lugares celestiais”?



O cristão não luta contra seres humanos, não luta nem mesmo contra o pecado na carne — do pecado o cristão foge, como fez José no Antigo Testamento ao fugir da mulher de Potífar que queria seduzi-lo. “Fugi da prostituição” ensina 2 Coríntios 6:18, e não “lutai contra a prostituição”. O campo de batalha do cristão não está na Terra, mas nos lugares celestiais; não é contra a própria carne ou aqueles que discordam, mas contra seres malignos que se opõem a Deus e aos seus. No passado pessoas que não entendiam isso afligiam o próprio corpo na tentativa de livrá-lo das tentações, ou queimavam na estaca hereges e pecadores. Lutavam contra carne e sangue, miravam no alvo errado.



Quando a pandemia do coronavírus tirou o chão de sob os pés da população mundial para manter todos em um suspense terrível, somente um cristão poderia desfrutar de paz em meio a esse temporal. Primeiro, por ter sob seus pés a Rocha inabalável que é Cristo. Segundo, por saber que Deus nada faz sem que tenha antes sido planejado, e isso pensando no benefício dos que lhe pertencem. E terceiro, somente o cristão tem o privilégio de se abrigar na própria presença do Senhor enquanto as ondas da incerteza, do terror e destruição sacodem o barco de sua breve travessia por este mundo. Não falta muito para chegarmos ao outro lado, e acredito que possa ser de consolo a experiência dos discípulos de Jesus quando viram a confiança em si mesmos derreter como as ondas do mar e ser levada embora pelos ventos da incerteza:



“Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes [Jesus]: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4:35-41).



Eu sei “quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem”. E você, sabe?



por Mario Persona



Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário