Pesquisas já indicavam o favoritismo de ACM Neto (UB) na corrida pelo governo da Bahia e a desistência de Jaques Wagner (PT) em participar do pleito ampliou essa condição. O bate-cabeças na base do governo para encontrar um substituto para Wagner só facilita o projeto de pavimentação do caminho do ex-prefeito de Salvador para o Palácio de Ondina, que terá que enfrentar um desafio: segurar o clima de “já ganhou” que pode dominar os aliados.
A base de Rui Costa (PT) segue sem estancar a sangria aberta com a possibilidade de Otto Alencar (PSD) assumir como postulante ao governo. Mesmo que se chegue a um denominador comum, é preciso fazer com que haja um engajamento da militância, especialmente da esquerda. Otto não assumiria o risco de encerrar a carreira política sem a certeza de que o entorno faria esforços para o projeto não ser natimorto. Por isso, ACM Neto ganha espaço mesmo sem entrar em campo. Enquanto aguarda, o ex-prefeito coleciona conquistas a cada sinal de ruptura dos adversários.
O líder do neocarlismo sabe que, ainda que haja a unidade em torno de Otto, a falta de associação automática entre o senador e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduz as preocupações de que a candidatura petista ao Planalto possa influenciar na disputa local. Nos bastidores, essa sempre foi a principal preocupação do entorno de ACM Neto e justificada com as pesquisas que faziam a correlação entre Lula e Wagner. Isso, todavia, não quer dizer que o ex-aliado do avô seja um nome fácil de ser atropelado numa corrida eleitoral.
Otto é uma das figuras com maior musculatura e penetração no interior da Bahia. Além de Wagner, é potencialmente o nome mais forte para fazer um enfrentamento digno ao projeto de ACM Neto chegar ao governo da Bahia. Caso se construa a unidade ao redor dele, Otto teria o apoio da esquerda clássica e conseguiria transitar pela centro-direita, algo que nenhum político conseguiria. O senador possui uma história que permite “roubar” votos de ACM Neto, algo que não necessariamente aconteceria no sentido inverso. Esse é um dos argumentos que os aliados de Otto vão usar para tentar mantê-lo competitivo.
O ex-prefeito de Salvador não pode usar salto alto para fingir que não haverá mais disputa na Bahia. O favoritismo nesse caso pode atrapalhar mais do que ajudar - e olha que antes da desistência de Wagner havia apostas de que a chapa “Lula - Neto" seria uma possibilidade para ele não ser derrotado antes de participar do pleito. A mudança na chapa adversária muda um pouco a estratégia, porém isso não quer dizer que ACM Neto vá atacar o ex-presidente como se ele fosse desprezível. O resultado do imbróglio do lado petista vai gerar um recálculo de rota não apenas para Rui e companhia. Até porque depender exclusivamente de pesquisas nunca foi lá muito forte para prever o resultado das urnas na Bahia...
Fonte: Bahia Notícias
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