Nenhum outro homem, quer seja profeta ou apóstolo, poderia figurar como Servo que Deus pôs sobre ele a Sua palavra (espírito).
Isaías 42 – O Servo do Senhor
Neste capítulo o profeta Isaias faz uma contraposição entre as duas vindas do Cristo, primeiramente destacando características do ministério evangelístico na encarnação, e em seguida, destaca como será a sua volta em glória.
O Servo do Senhor trará justiça aos gentios
1 EIS aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.
Por intermédio do profeta Isaías, Deus faz uma apresentação do Seu servo aos filhos de Israel, se considerarmos que tudo o que a lei diz, diz aos que estão debaixo da lei.
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.” (Romanos 3:19).
O servo do Senhor é sustentado, ou seja, protegido, defendido por Deus. Observe que o termo hebraico תָּמַך (tamak), possui o sentido figurativo de proteção, defesa, conforme o expresso no Salmo a seguir:
“O SENHOR é a porção da minha herança e do meu cálice; tu sustentas a minha sorte.” (Salmos 16:5);
“Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente.” (Salmos 71:6).
A proteção de Deus para com o seu Servo se deu tanto na entrada neste mundo, quanto na saída. O servo do Senhor deixou a habitação do Altíssimo e passou a estar ao abrigo da sombra do Onipotente.
“O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.” (Salmos 121:8);
“AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. (…) Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.” (Salmos 91:1 e 9).
O Servo do Senhor é o escolhido de Deus, aquele de quem Deus se agrada (apraz). Sabemos que o Servo eleito de Deus é o Cristo, o Seu Filho Amado, o que veremos a seguir!
“E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o.” (Mateus 17:5).
Por que podemos afirmar com plena certeza que o Servo do Senhor neste capítulo refere-se a Cristo? Porque o texto declara que Deus pôs o seu espírito sobre Ele, o que no remete ao capítulo 11 de Isaías:
“PORQUE brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o espírito do SENHOR, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. E deleitar-se-á no temor do SENHOR;” (Isaías 11:1-3).
O Senhor Jesus Cristo mesmo disse:
“O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do SENHOR. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” (Lucas 4:18-21; Isaias 61:1-3).
Nenhum outro homem, quer seja profeta ou apóstolo, poderia figurar como aquele que Deus pôs sobre ele a Sua palavra (espírito). Pelo fato de Deus colocar a sua palavra sobre o Seu Filho, Ele traria justiça aos gentios.
Quando o apóstolo Paulo e Barnabé se propuseram anunciar o evangelho aos gentios, visto que os judeus rejeitavam, o apóstolo Paulo citou Isaías 42, verso1, demonstrando que Cristo é o tema do evangelho que seria anunciado e traria justiça aos gentios.
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.” (Atos 13:43-44).
Para cumprir a promessa feita a Abraão, que no seu descendente todas as famílias da terra seriam benditas, Deus pôs a sua palavra sobre o Seu Filho, o descendente de Abraão e Davi.
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.” (Gálatas 3:8).
Sobre essa mesma palavra anunciou Joel:
“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne…” (Joel 2:28).
Cristo foi formado desde o ventre de Maria para ser o Servo do Senhor com a missão de congregar os filhos de Israel, mas eles não se deixaram ajuntar.
“E agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado, e o meu Deus será a minha força.” (Isaías 49:5; Mateus 23:37).
A cana trilhada e o pavio que fumega
2 Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. 3 A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça. 4 Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei.
Através de sete negativas, o profeta Isaías apresenta características do futuro ministério de Cristo.
Como entender o verso 2, de que o Cristo não clamará, não se exaltará e nem fará ouvir a sua voz na praça? Basta contrastar com o verso 13:
“O SENHOR sairá como poderoso, como homem de guerra despertará o zelo; clamará, e fará grande ruído, e prevalecerá contra seus inimigos.” (Isaías42:13).
O verso demonstra que na sua encarnação, o Verbo eterno não viria em poder e glória, ou seja, na sua primeira vinda Cristo tão somente se propôs revelar o Pai, não dando alarde acerca de Si mesmo.
“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.” (João 1:18);
“Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.” (João 10:24).
“Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. E recomendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, e anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, Nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; Não esmagará a cana quebrada, E não apagará o morrão que fumega, Até que faça triunfar o juízo; E no seu nome os gentios esperarão.” (Mateus 12:15-21).
A interpretação do verso 3 é dificílima, pois é uma construção de ideias que remete a um adágio. Para compreende-lo, é preciso considerar que se trata de uma descrição do ministério terreno de Cristo, que não quebraria a cana ‘trilhada’, e nem o pavio fumegante ‘extinguiria’.
Essas duas colocações nos remetem a um pronunciamento de Jesus no início do Sermão do Monte:
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.” (Mateus 5:17).
A ‘cana’ pode se referir a uma régua de medir ou um bordão, neste caso, representando a lei mosaica. A lei em função da ‘carne’ estava fragilizada, enferma, e qualquer que nela se apoia furará a mão, colocação semelhante a de Rabsaqué quando fez referência ao Egito (2 Reis 18:19). Apesar da lei estar enferma pela carne, Jesus não veio destruir a lei, pois Ele era o cumprimento da lei.
“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne…” (Romanos 8:3).
O ‘pavio que fumega’, por sua vez, nos remete aos profetas, que Cristo é o cumprimento, e não a destruição, extinção. As Escrituras são a união da lei e do testemunho, sendo este inextinguível, e aquela, perfeita, santa, justa e boa.
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” (Isaías 8:20);
“Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos;” (Salmos 78:5).
Essencialmente Cristo é justiça e louvor que Deus fez brotar na casa de Davi para todas as nações. Conforme prometido a Abraão, Jesus trouxe justiça em verdade para todas as famílias da terra.
“Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor DEUS fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações.” (Isaías 61:11);
“Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, e para glória de teu povo Israel.” (Lucas 2:28-32).
Apesar de não clamar, não se exaltar e nem fazer ouvir a voz na praça, o Cristo não se extinguiria (escurecer) e nem seria esmagado até estabelecer na terra a justiça.
“Não morrerei, mas viverei; e contarei as obras do SENHOR. O SENHOR me castigou muito, mas não me entregou à morte. Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas, e louvarei ao SENHOR. Esta é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão. Louvar-te-ei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação. A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina.” (Salmo 118:17-21).
As ‘ilhas’ que aguardarão a lei do Servo do Senhor diz de povos distantes (v. 10), uma referência aos gentios que aguardarão a lei (evangelho) do Messias, a lei da liberdade.
“OUVI-ME, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome.” (Isaias 49:1; Jeremias 31:10).
Luz para os gentios
5 Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela. 6 Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. 7 Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.
Através do profeta Isaias Deus se apresenta como o Senhor, o criador de todas as coisas, o que abrange a vastidão do universo e o folego de vida concedido a todos os habitantes da terra.
O verbo בָּרָא (bara’) que só comporta o Criador como sujeito é empregado ao falar da criação, e o termo אֵל (el), comumente traduzido por Deus, é empregado para fazer referencia a Yahweh.
Neste ponto é bom destacar que o Verbo eterno é o Criador de todas as coisas, pois tudo que foi criado por אֵל (el), foi feito por intermédio do Verbo, e sem Ele nada do que foi criado veio a existência.
“NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:1-3).
A profecia evidencia que, quando o Verbo eterno fosse introduzido no mundo, como o Unigênito do Pai, seria guiado e protegido por Deus, e na qualidade de servo seria dado para se estabelecer um novo pacto e como salvação a todos os povos.
Há profecias que o profeta fala em nome da divindade como Yahweh, representando as três pessoas da divindade. Já em outras passagens, o profeta fala em nome do Verbo eterno.
“Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra mediu os céus a palmos; eu os chamarei, e aparecerão juntos. (…) Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez eu estava ali, e agora o Senhor DEUS me enviou a mim, e o seu Espírito.” (Isaias 49:13 e 16)
O Servo do Senhor como mensageiro (anjo) para revelar aos homens a justiça de Deus já estava previsto no protoevangelho destacado por Eliú:
“Se com ele, pois, houver um mensageiro, um intérprete, um entre milhares, para declarar ao homem a sua retidão, Então terá misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei resgate. Sua carne se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará aos dias da sua juventude. Deveras orará a Deus, o qual se agradará dele, e verá a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.” (Jó 33:23-26).
Deus declara que a eleição do Servo do Senhor se deu em justiça, e que, para protegê-lo, o guiaria segurando pela mão, de modo a proporcionar um novo pacto com a humanidade proporcionando salvação (luz) aos povos.
“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” (Isaías 49:6).
A missão do Servo do Senhor é dupla: nova aliança, substituindo a que envelheceu, e conceder salvação para todos os povos.
“Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá.” (Jeremias 31:31; Hebreus 8:13).
A salvação proporciona abertura dos olhos aos cegos (visão), resgate (liberdade) e uma nova vida sob a luz do Senhor.
“Quem há entre vós que tema ao SENHOR e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do SENHOR, e firme-se sobre o seu Deus.” (Isaías 50:10).
Cântico novo
8 Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura. 9 Eis que as primeiras coisas já se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir.
Novamente Deus se apresenta como Yahweh, e declara ser este o seu nome. Deus não abre mão do que lhe é próprio: a glória, e nem deixará que o seu louvor seja concedido aos ídolos.
“Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem.” (Isaías 48:11).
Por intermédio do profeta, Deus destaca que as primeiras coisas já haviam se cumprindo, e como o Cristo ainda não havia sido introduzido no mundo, essas ‘coisas’ possivelmente se referem as invasões inimigas se tomarmos como referência o tempo do profeta.
E quais seriam as coisas novas anunciadas antes mesmo de acontecerem (virem à luz)?
As duas vindas do Messias, a primeira como Servo e, a segunda, como rei, destacando características de ambas.
10 Cantai ao SENHOR um cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra; vós os que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele; vós, ilhas, e seus habitantes. 11 Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita; exultem os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes. 12 Deem a glória ao SENHOR, e anunciem o seu louvor nas ilhas.
Deus determina aos seus ouvintes que cantem um cântico novo, o louvor a Deus que alcança as extremidades da terra, ou seja, os rincões mais distantes.
Que cântico seria esse? Aquele que tem o Cristo como tema!
“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação;” (Apocalipse 5:9);
“E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR. (…) Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. “ (Salmos 40:3 e 6-7);
“Então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha à porta, e teu servo será para sempre; e também assim farás à tua serva.” (Deuteronômio 15:17).
No Apocalipse o cântico novo tem o Cordeiro de Deus como tema, e nos Salmos, o cântico no remete a encarnação de Cristo, destacando as suas orelhas furadas (corpo preparado), ou seja, Cristo se fez servo voluntário.
“Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;” (Hebreus 10:5).
Esse cântico novo alcançaria aqueles que navegam pelo mar, bem como tudo o que nele há, ou seja, as ilhas distantes e isoladas e seus habitantes, o que evidencia a universalidade do cântico.
O único cântico que tem esse alcance territorial é a mensagem do evangelho, que chega no deserto e suas cidades, ou que alcança os habitantes das rochas e dos cumes dos montes, fazendo com que os homens alcem a voz e exultem.
Como os habitantes do mundo podem dar glória ao Senhor e anunciar o seu louvor? Tornando-se plantação do Senhor, árvores de justiça!
“E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.” (Isaías 60:21);
“… a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado.” (Isaías 61:3).
Só é possível glorificar a Deus sendo renovos plantado por Ele, e só consegue anunciar o seu louvor aqueles ligados à videira verdadeira, ou seja, ao produzirem fruto!
“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. (…) Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. “ (João 15:4 e 8);
“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15).
O grande rei
13 O SENHOR sairá como poderoso, como homem de guerra despertará o zelo; clamará, e fará grande ruído, e prevalecerá contra seus inimigos. 14 Por muito tempo me calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, e a todos os assolarei e juntamente devorarei. 15 Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar, e tornarei os rios em ilhas, e as lagoas secarei.
O leitor precisa visualizar o contraste entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, essa descrita como poderoso e alardeada (Isaías 42:13), e aquela, descrita como velada, sem alarde (Isaías 42:2).
Na encarnação, Jesus veio como o Servo do Senhor, e embora fosse o Filho, pelo que sofreu fica evidenciado a obediência d’Ele em tudo (Hebreus 5:8). Agora, no seu retorno, Cristo virá como Senhor e sairá como poderoso.
O Salmo 45 descreve o Cristo como valente, com uma espada posta à coxa, com glória e majestade, porém, esse esplendor se refere a uma marcha efetiva pela verdade, mansidão e justiça, o que ocorreu na sua encarnação, morte e ressurreição.
“Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; a graça se derramou em teus lábios; por isso Deus te abençoou para sempre. Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade. E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis.” (Salmo 45:2-4).
A partir do versículo 13, o profeta Isaías descreve o Cristo em poder e glória, como um homem de guerra que se ergue em ardor. Desta feita Ele dará um grito de guerra, ou alarme de batalha como um rugido, e se evidenciará poderoso contra os seus inimigos.
O Messias enfatiza que esteve quieto e em silêncio por um longo período, mas que a partir daquele momento seus gritos seriam semelhantes a que está dando à luz, de modo que assolará e devorará a todos os seus opositores.
Através de figuras, o profeta vaticina a destruição de nações inimigas, sendo montes e outeiros, respectivamente, nações grandes e fortes. Quando é dito que tornará os montes um deserto, assolação, ou que fará secar toda a sua erva, significa aniquilação dos homens das nações inimigas.
“E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações.” (Isaías 2:2);
“Pois o SENHOR expulsou de diante de vós grandes e fortes nações; e, quanto a vós, ninguém vos tem podido resistir, até o dia de hoje.” (Josué 23:9);
“Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel.” (Jeremias 3:23);
“As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse.” (Ezequiel 34:6);
É bom lembrar que o homem é comparável a erva do campo, figura que se repete em muitos textos bíblicos.
“Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do SENHOR. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:6-8).
Mar, rios e lagos também são utilizados para fazer referência a povos e tribos, que nessa profecia são descritos como secos pela falta de homens quando o Messias prevalecer sobre os seus inimigos.
“Brame o mar e a sua plenitude; o mundo, e os que nele habitam. Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas, perante a face do SENHOR, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo, e o povo com equidade.” (Salmo 98:7-9);
“Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas.” (Isaías 17:12).
O guia dos cegos
16 E guiarei os cegos pelo caminho que nunca conheceram, fá-los-ei caminhar pelas veredas que não conheceram; tornarei as trevas em luz perante eles, e as coisas tortas farei direitas. Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei. 17 Tornarão atrás e confundir-se-ão de vergonha os que confiam em imagens de escultura, e dizem às imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.
Deus faz uma promessa solene: guiará os cegos pelo caminho que nunca conheceram!
‘Cegos’ é uma figura utilizada para fazer referência aos filhos de Jacó, tendo em vista que Israel é um povo que tem olhos e não vê, por serem insensatos.
“Anunciai isto na casa de Jacó, e fazei-o ouvir em Judá, dizendo: Ouvi agora isto, ó povo insensato, e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis.” (Jeremias 5:20-21).
A promessa é grandiosa, pois Deus guiará os filhos de Jacó por um caminho que nunca conheceram, transformando as trevas em luz, e as coisas tortas em direitas. Mas, a promessa descortina uma realidade atroz: os filhos de Israel eram cegos, nunca conheceram o caminho, viviam em trevas e faziam para si veredas tortuosas.
“Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz.” (Isaías 59:8);
“Deveras o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios, e não entendidos; são sábios para fazer mal, mas não sabem fazer o bem.” (Jeremias 4:22).
Deus promete que fará o que prometeu, ou seja: ‘Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei.’, uma promessa que tem por alvo a nação, e não indivíduos em particular.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3:22-23).
A misericórdia de Deus para com Israel está atrelada a sua fidelidade, pois o que prometeu ao seu servo Abraão não voltará atrás. Já a misericórdia para indivíduos está em que se obedeça a sua palavra. Sem obediência não há misericórdia!
“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:6).
Os filhos de Israel que reconhecerem a sua condição de cegos serão guiados por Deus, mas aqueles que continuarem dizendo que veem serão confundidos e envergonhados.
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