Informação é da agência de notícias estatal russa TASS; Yevgeny Prigozhin foi líder de rebelião contra o presidente russo, Vladimir Putin
A agência estatal russa de notícias TASS informou nesta quarta-feira (23) que Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, está na lista de passageiros de um avião que caiu enquanto fazia o trajeto entre as cidades de Moscou e São Petersburgo. Ainda segundo a agência, os 10 ocupantes da aeronave morreram na queda.
Não há, no entanto, confirmação oficial da morte de Prigozhin. A aeronave, fabricada pela brasileira Embraer, estava em voo havia cerca de 30 minutos e tinha a bordo sete passageiros e três tripulantes, conforme a TASS.
Até o momento, quatro corpos foram encontrados no local da queda, noticiou a TASS. A Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia declarou que uma investigação para apurar a causa do acidente foi aberta.
“Foi iniciada uma investigação sobre a queda da aeronave Embraer ocorrida esta noite na região de Tver. De acordo com a lista de passageiros, entre eles estão o nome e sobrenome de Yevgeny Prigozhin”, afirmou o departamento.
De acordo com dados de rastreamento de voo do FlightRadar24, o avião parou de transmitir dados por volta das 18h11, no horário local (12h11, no horário de Brasília).
Não está claro o que causou o acidente, e os dados de voo rastreados pelo FlightRadar24 também não oferecem muitas pistas. Os dados não mostram nehum tipo de descida acentuada antes do avião parar de transmiti-los.

Quem é Yegeny Prigozhin
Prigozhin fundou o Grupo Wagner para ser um grupo mercenário que luta tanto no leste da Ucrânia quanto, cada vez mais, por causas apoiadas pela Rússia em todo o mundo.
A CNN rastreou mercenários na República Centro-Africana, Sudão, Líbia, Moçambique, Ucrânia e Síria. Ao longo dos anos, eles desenvolveram uma reputação particularmente horrível e foram associados a vários abusos dos direitos humanos.
Enquanto muitas tropas regulares russas tiveram contratempos no campo de batalha, os combatentes de Wagner pareciam ser os únicos capazes de fazer progressos tangíveis.
Conhecido por desconsiderar a vida de seus próprios soldados, acredita-se que as táticas brutais e muitas vezes ilegais do grupo Wagner resultaram em inúmeras baixas, já que novos recrutas são enviados para a batalha com pouco treinamento formal.
O processo é descrito pelo tenente-general reformado dos Estados Unidos Mark Hertling como “como alimentar carne para um moedor de carne”.
Prigozhin usou as redes sociais para fazer lobby pelo que deseja e muitas vezes rivalizou com a liderança militar da Rússia, apresentando-se como competente e implacável em contraste com o estabelecimento militar.
Motim contra Putin
Em 23 de junho deste ano, Prigozhin acusou abertamente os militares da Rússia de atacar um acampamento do Grupo Wagner e matar uma “grande quantidade” de seus homens.
Ele prometeu retaliar com força, insinuando que suas forças iriam “destruir” qualquer resistência, incluindo bloqueios de estradas e aeronaves. “Somos 25 mil e vamos descobrir por que existe tanto caos no país”, disse ele.
Mais tarde, Prigozhin voltou atrás em sua ameaça, dizendo que sua crítica à liderança militar russa era uma “marcha de justiça” e não um golpe, mas a essa altura ele parece já ter passados dos limites com o Kremlin.
Fotos – A revolta do Grupo Wagner contra Moscou
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Chefe da grupo militar privado Wagner, Yevgeny Prigozhin, deixando o quartel-general militar russo em Rostov-on-Don, no sudoeste da Rússia, após acordo para recuo das tropas. Imagem de 24/6/2023
Crédito: Reprodução/Reuters - 2 de 10
Após deixar Rostov, paradeiro de Yevgeny Prigozhin é desconhecido. Ele deve entrar no território de Belarus
Crédito: 24/06/2023Imagem obtida de vídeo. Serviço de Imprensa da "Concord"/Divulgação via REUTERS - 3 de 10
Mercenários do grupo russo Wagner em processo para deixar Rostov-on-Don
Crédito: 24/06/2023REUTERS/Stringer - 4 de 10
Nova imagem com combatentes do grupo mercenário em Rostov-on-Don. Antes de recuar, eles ameaçaram invadir Moscou
Crédito: 24/06/2023REUTERS/Alexander Ermochenko - 5 de 10
Combatentes do grupo Wagner em Rostov-on-Don, após recuarem da ameaça de invadir Moscou
Crédito: REUTERS/Stringer - 6 de 10
Combatentes do grupo Wagner em Rostov-on-Don
Crédito: 24/06/2023REUTERS/Stringer - 7 de 10
Combatentes do grupo mercenário russo Wagner ganharam perdão do governo russo para encerrar rebelião
Crédito: 25/06/2023REUTERS/Stringer - 8 de 10
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou os mercenários de traidores, mas depois recuou no acordo ao oferecer perdão
Crédito: Colaborador/Getty Images - 9 de 10
Moscou chegou a montar barricadas na espera do ataque dos mercenários do Wagner, o que não ocorreu
Crédito: 24/06/2023 REUTERS/Stringer - 10 de 10
Antes de recuar, Yevgeny Prigozhin , chefe do Wagner, disse ter 25 mil soldados junto com ele
Crédito: 08/04/2023REUTERS/Yulia Morozova
A crise então se aprofundou quando Prigozhin declarou que seus combatentes haviam entrado na região russa de Rostov e ocupado instalações militares importantes em sua capital. A cidade de Rostov-on-Don é a sede do comando militar do sul da Rússia e lar de cerca de 1milhão de pessoas.
Prigozhin divulgou um vídeo dizendo que suas forças bloqueariam Rostov-on-Don, a menos que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o principal general da Rússia, Valery Gerasimov, fossem encontrá-lo.
Prigozhin passou meses protestando contra Shoigu e Gerasimov, a quem ele culpa pela vacilante invasão da Ucrânia por Moscou.
(Publicado por Lucas Schroeder)
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