DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda –
Lc 1.6 - Terça –
Lc 1.17 - Quarta –
Lc 1.35 - Quinta –
Lc 1.44 - Sexta –
Lc 1.64 - Sábado –
Lc 1.68
Hino
do Cantor Cristão: 469
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Lucas 1.26-31
26- E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a
uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
27- a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José,
da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
28- E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve,
agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
29- E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e
considerava que saudação seria esta.
30- Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque
achaste graça diante de Deus,
31- E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um fi
lho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
TEXTO ÁUREO
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o
que se havia perdido. Lucas 19:10
Palavra introdutória
Com uma perspectiva singular acerca do nascimento,
ministério, morte e ressurreição de Jesus, Lucas — mesmo tendo quatro capítulos
a menos que Mateus — é o mais longo dos Evangelhos.
Alguns detalhes fazem do terceiro Evangelho uma obra ímpar;
dentre eles, destaca-se: Lucas é o único Evangelho destinado a uma pessoa
específica, Teófilo, e também o único que possui uma sequência, o Livro de Atos
— muito do conteúdo dos capítulos 9 a 19 aparece apenas em Lucas.
No total, cerca de 1/3 deste livro é exclusivo (RADMACHER;
ALLEN; HOUSE. Central Gospel, 2010b, p. 139). A autoria da obra não está explícita
no texto bíblico; entretanto, há sólidas evidências — externas e internas — que
nos permitem atribuí-la a Lucas, o cooperador (Em 24) e companheiro (2 Tm 4.11)
de Paulo. Ressalte-se que, desde os primórdios da história da Igreja, a escrita
desse Evangelho é imputada ao médico amado (Cl 4.14), conforme referências
feitas por Tertuliano (207 d.C.), Orígenes (254 d.C.), Eusébio (303 d.C.) e
Jerônimo (398 d.C.). Quanto à data de registro, não há exatidão, mas, ao que
tudo indica, teria sido por volta dos anos 60—62 d.C. O local de redação também
é uma incógnita; porém, alguns estudiosos afirmam ter sido em Cesareia, durante
os dois anos em que Paulo esteve encarcerado naquela localidade, sob o domínio
de Félix e Festo (At 23—26) — Lucas teria aproveitado para viajar pela
Palestina e entrevistar pessoas que foram testemunhas oculares das obras de
Cristo (LC 1.1-4).
Em Mateus, Jesus é apresentado como Rei; em Marcos, como
Servo do Senhor; e, em Lucas, como Filho do Homem.
Ao apresentar Jesus como Filho do Homem, Lucas esboça a
largura e a profundidade, imensuráveis, do amor de Deus, pois, quando Jesus
tornou-se homem, o Eterno entrelaçou-se, para sempre, com a história da Sua
criação.
Nas páginas desse Evangelho fica patente o amor de Deus pelos
perdidos: Jesus relacionou-se com pobres, publicanos e prostitutas; e, por
amá-los, profundamente, perdoou-lhes os pecados.
1. JESUS, O HOMEM PERFEITO
Como Filho do Homem,
Jesus não é apenas o ser divino preexistente; Ele é também a revelação da
humildade: Deus tornou-se homem, e habitou entre eles, para cumprir o propósito
da salvação. Plenamente divino e plenamente humano!
A humanidade de Jesus é um assunto e extrema importância,
apesar de muito negligenciado pela Igreja. Apesar de os Evangelhos evidenciarem
em várias passagens esta característica fundamental de Jesus, a maioria dos
cristãos considera apenas Sua divindade, deixando Sua humanidade de lado
(MALAFAIA, S. Central Gospel, 2014, p. 6).
O conteúdo do Evangelho de Lucas está organizado em torno do
seguinte conceito central: o Filho do Homem, como membro da humanidade, teve
uma vida completa e perfeita, mesmo sendo Ele divino.
1.1.
Da genealogia de Adão
Apenas Mateus e Lucas traçaram a genealogia de Jesus; Marcos
não fez qualquer menção ao tema; e João, ao apresentar Jesus como Deus, falou
de Sua origem divina. Enquanto Mateus fez questão de recuar a genealogia de
Jesus até Davi, comprovando, assim, Sua linhagem real (Mt 1.1-17), Lucas
apresentou Jesus como Filho do Homem, recuando a genealogia até Adão. O médico
amado apresentou-nos o Homem Perfeito (LC 3.23-38); Aquele cujas raízes estão
arraigadas em Adão — o homem que deu origem a todos os povos e raças da terra.
Na genealogia de Mateus, Jesus está ligado ao povo judeu; em
Lucas, todavia, está estampada Sua humanidade e Sua identificação não somente
com o povo judeu, mas com toda a raça humana. Lucas, propositadamente,
utilizando recursos de um historiador, mostrou-nos que Jesus está diretamente
ligado a toda humanidade.
1.2. A semente da mulher
Em Gênesis 3.15, lê-se a anunciação germinal do evangelho
(protoevangelho), ou seja, a primeira promessa (ou primeira profecia)
relacionada à futura redenção do homem. Após a Queda, Deus disse ao primeiro
casal que a semente da mulher venceria Satanás. Esse vaticínio foi confirmado
por Isaías (Is 7.14) e definitivamente entendido com o nascimento de Jesus —
merece destaque o fato de Lucas ter sido o único evangelista a descrever os
detalhes da concepção miraculosa do Messias (LC 1.26-38). A fim de não
incorrermos em heresias, precisamos atentar para o fato de Jesus ser a semente
da mulher e não da semente da mulher, ou seja, Ele é único, singular e
incomparável. Ao analisarmos uma versão bíblica mais próxima dos textos
originais, obtemos um maior esclarecimento acerca deste fato: Estabelecerei
inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela;
porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar (KJA, 1611).
2. JESUS, O HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO
Em Lucas observamos uma intensa e íntima relação entre o
Filho do Homem e o Espírito Santo. Vejamos nos subtópicos seguintes.
2.1. Na gestação do Filho do Homem, o Espírito
do Senhor estava presente
Nada na História humana assemelha-se ao nascimento de Jesus.
Ele não veio a este mundo como resultado de uma relação marital entre Maria e
José; muito ao contrário, o Espírito Santo operou sobrenaturalmente na
conceição do Messias (LC 1.26-35). Gabriel, o anjo do Senhor, pessoalmente
disse a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José que ela
ficaria grávida e daria à luz um filho, cujo nome seria Jesus. Naquele dia,
turbada, Maria perguntou ao anjo como se daria tal fato, posto que ainda fosse
virgem (LC 1.29-34
A resposta de Gabriel faz-nos compreender que a semente da
mulher germinou pela ação exclusiva do Deus todo-poderoso: Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que
também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (LC 1.35).
2.2. No batismo
Os quatro evangelistas registraram o batismo de Jesus,
afirmando que o Espírito Santo desceu sobre Ele como pomba (Mt 3.1317; Mc
1.9-11; LC 3.21,22; Jo 1.32-34); Lucas, no entanto, foi o único a utilizar a
expressão em forma corpórea de pomba, indicando, assim, havia naquele ato uma
realidade objetiva. No Antigo Testamento, o voo de uma pomba, após o Dilúvio,
anunciou a chegada de um novo tempo para a humanidade (Gn 8.8-11). No Novo
Testamento, a descida do Espírito Santo como pomba sinalizou, de igual modo, a
chegada de uma nova estação, em que o Filho do Homem anunciaria a salvação dos
homens (o ano aceitável do Senhor; conf. LC 4.18,19).
Deste modo, a descida visível do Espírito Santo sobre Jesus,
após Seu batismo, marca, oficialmente, o início de Seu ministério público e
revela também Sua identidade como Filho de Deus (LC 3.21,22).
Nosso Salvador foi, sem dúvida alguma, um homem cheio do
Espírito Santo: em Lucas 3.16, João Batista declara que Jesus batizaria com o
Espírito Santo e com fogo; em 4.18, lemos que Jesus pregou na sinagoga de
Nazaré e declarou que o Espírito do Senhor estava sobre Ele; em 10.21, o
evangelista atesta que Jesus alegrou-se no Espírito Santo.
2.3. Antes e depois da Tentação
O Salvador não foi apenas conduzido pelo Espírito Santo ao
deserto; Ele também estava cheio do Espírito quando voltou de Seu batismo —
apenas Lucas registrou este fato:
E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi
levado pelo Espírito ao deserto (LC 4.1).
Após descrever detalhes da Tentação (LC 4.213), o médico
amado diz que, pela virtude do Espírito, Jesus voltou para a Galileia (LC
4.14). Satanás falhou em seu plano de tentar interromper a comunhão do Filho do
Homem com o Pai celestial, pois Ele foi e voltou da Tentação cheio do Espírito.
Isto nos deve levar à seguinte reflexão: a única maneira de vencermos quaisquer
tentações é pelo poder do Espírito de Deus (Ef 5.18).
3.
JESUS, O HOMEM NA SOCIEDADE
A missão messiânica de Cristo abrangeu não somente Sua
natureza humana, mas também Sua participação em sociedade. Ao comparar Sua
conduta com a de João Batista, Jesus disse: [...] veio João Batista, que jejua
e não bebe vinho, e vocês dizem: 'Ele tem demônio'. Veio o Filho do homem,
comendo e bebendo, e vocês dizem: 'Aí está um comilão e beberrão [...] (LC
7.33,34a NVI). Essa declaração revela-nos que o Filho do Homem veio a este
mundo como um ser humano normal, "amigo de publicanos e pecadores"
(LC 7.34b).
O Mestre aceitava convites para jantares e festas e dessas
ocasiões extraía oportunidades para pregar o evangelho, como fez na casa de um
fariseu (LC 7.36-50); na casa de Marta (LC 10.38-42) e na casa de Zaqueu, um
chefe dos publicanos (LC 19.110).
Em Sua personalidade, Jesus unia gentileza e segurança;
eloquência e simplicidade; glória e anonimato; grandeza e gestos humildes. Sua
humanidade foi inigualável; entretanto, Sua principal característica humana foi
esta: Ele era aquele que entendia as outras pessoas (Adaptado de: MALAFAIA, S.
Central Gospel, 2014, p. 36).
3.1. Viveu como um bom cidadão
Jesus viveu em sociedade e foi exemplo de bom cidadão. Ele
não isentou o povo de seus compromissos (civis elou religiosos). Ao ser indagado
sobre os impostos cobrados pelo Império Romano, o Homem Perfeito deixou claro
que devemos cumprir nossas obrigações para com ambos os reinos: dar a César o
que é de César e a Deus, o que é de Deus (Mt 22.15-22; Mc 12.14-17; Lc
20.19-26).
3.2. Sentiu as dores humanas e indiferenças sociais
Ao meditarmos no terceiro Evangelho, percebemos que o Filho
do Homem não apenas conhece as dores físicas que afligem a humanidade, mas
também as indiferenças e insensibilidades demonstradas por uma sociedade
corrompida pelo pecado.
Ao descrever como Cristo sofreu na cruz, em obediência ao Pai
(LC 23.11-56), Lucas põe em relevo o fato de nossas piores dores serem
conhecidas por Ele. O evangelista, da mesma forma, enfatiza como Jesus
relacionou-se com os excluídos sociais, desprezados pelos religiosos de Sua
época — viúvas (LC 2.36-40; 7.11-15; 21.1-4); crianças (LC 8.49-56); mulheres
(LC 8.40-48); ritualmente impuros (LC 5.12-16); e pobres (LC 4.18). Assim como
Cristo pregou e viveu o evangelho — a mensagem eterna que aproxima pessoas —,
nós devemos proclamar a mensagem de restauração e salvação aos ignorados pela
sociedade moderna.
CONCLUSÃO
O Evangelho de Lucas, que está em consonância com todo o Novo
Testamento, revela-nos que Jesus abrigava em si duas naturezas distintas: a
humana e a divina. O plano de salvação da humanidade, engendrado pelo Criador,
deveria ser realizado por intermédio de um Redentor, verdadeiramente, humano.
Em Filipenses 2, Paulo descortina a principal razão de Cristo
vir a este mundo como homem. O Filho de Deus teve de tornar-se um Filho do
Homem para que, assim, pudesse morrer. Como Deus, Ele era imortal e
indestrutível; como homem, era mortal, ou seja, poderia entregar Sua vida.
A fim de pagar o preço do pecado humano, e a fim de os
pecadores poderem ser perdoados, o Primogênito e Unigênito da Criação
precisaria ser um homem real.
Nenhum comentário:
Postar um comentário