DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda –
Lc 7.7 - Terça –
Lc 7.15 - Quarta –
Lc 7.22 - Quinta –
Lc 7.27 - Sexta –
Lc 7.47 -
Sábado –
Lc 8.21
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Lucas 4.14-21
14- Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a
Galileia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor.
15- E ensinava nas suas sinagogas e por todos era louvado.
16- E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de
sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler.
17- E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu
o livro, achou o lugar em que estava escrito:
18- O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para
evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,
19- a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos,
a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20- E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro,
assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
21 - Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta
Escritura em vossos ouvidos.
TEXTO ÁUREO
Então ele respondeu aos mensageiros:
"Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os
aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são
ressuscitados e as boas-novas são pregadas aos pobres; (Lucas 7:22)
Palavra introdutória
Ensino, milagres e oposição são características ligadas
diretamente ao ministério de Jesus no Evangelho de Lucas. Suas ações e
manifestações sobrenaturais de poder chamaram a atenção de muitas pessoas para
Si e, ao mesmo tempo, levantaram controvérsias em outros grupos. Seus atos
ministeriais lembravam os profetas veterotestamentários (LC 7.16); contudo,
cada palavra e passo do Mestre demonstravam que havia algo mais nele: Jesus não
era apenas outro homem que fazia predições por inspiração divina; na realidade,
Ele tinha uma missão, carregada de uma esperança profética, que evocava a
chegada de um tempo especial de atividade de Deus entre o povo (LC 4.18,19).
Esse é o tom dado por Lucas ao anunciar o ministério terreno de Cristo: imbuído
de humildade, o Filho do Homem dedicou-se inteiramente à Sua obra; e, mesmo em
face às inúmeras oposições que sofreu, permaneceu firme em Seu propósito.
A palavra ministério tem sua origem no latim, minister, onde
está presente o comparativo minor, que significa menor. Deste modo, ter um
ministério (ou ser um ministro) é, antes de tudo, tornar-se menor que outros
para servi-los. A grandeza do ministério de Cristo está nisto: mesmo sendo
Filho de Deus, Ele veio como o Filho do Homem, a fim de libertar os cativos e
reconciliá-los com Deus.
1. UM MINISTÉRIO RECONHECIDO
Lucas mencionou a idade com que Jesus iniciou Seu ministério
público: quase trinta anos (LC 3.23) — era nessa idade que, no Antigo
Testamento, os levitas davam início aos serviços ministeriais (Nm 4.47); e era
nessa idade também que, segundo a tradição, um homem atingia a maturidade.
Desde os doze anos, o Filho do Homem estava ciente do Seu propósito (LC
2.42-50); entretanto, Ele aguardou o tempo certo para exercer Seu ministério.
Assim que deu início às Suas atividades ministeriais, Sua fama divulgava-se por
todos os lugares, em redor daquela comarca (LC 4.37).
1.1. O Pai afirma
Seria insuficiente as pessoas reconhecerem Jesus como alguém
especial, sem que o reconhecimento de Deus fosse evidenciado. Por essa razão,
antes de tornar-se célebre entre o povo, o Filho do Homem foi afirmado pelo
Céu. Ao sair das águas batismais, no Jordão, o céu se abriu e ouviu-se a voz de
Deus, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido (LC 3.22).
Este é o momento exato em que o Senhor identifica publicamente o Unigênito da
Criação.
O ministério de Cristo começou com o aval celestial; foi o
Deus Eterno quem validou a Sua missão. Isto nos faz lembrar de que nenhum
reconhecimento humano supera o reconhecimento divino; ao contrário, ainda que
não haja reconhecimento por parte dos homens, o reconhecimento de Deus
habilitanos para a missão.
1.2. Os anjos reconhecem
Os anjos também
reconheceram e serviram ao ministério do Filho do Homem — das 16 citações que
Lucas faz sobre anjos, em seu Evangelho, 12 estão atreladas a Jesus. Observe.
Gabriel, que é citado em Daniel 8.16 e 9.21, foi quem
anunciou a Maria que ela traria ao mundo o Salvador.
Em Nazaré, o mensageiro de Deus declarou à jovem: o Santo,
que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (LC 1.35b). Após o
nascimento de Jesus, um anjo apareceu aos pastores de Belém, acompanhado por
uma multidão dos exércitos celestiais (LC 2.13), e anuncioulhes: na cidade de
Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor (LC 2.11). Jesus, ao
triunfar no episódio da Tentação, foi servido por anjos (Mc 1.13).
Enquanto estava em agonia no Getsêmani, apareceu-lhe um anjo
do céu, que o confortava (LC 22.43).
1.3. Os demônios temem
Merece destaque a autoridade com que o Filho do Homem enfrentava
os demônios. Ao longo do registro lucano de Atos, encontramos relatos de
feitiçaria e ilusionismo (práticas comuns no mundo antigo; conf. At 8.9-25;
13.4-12; 16.16-19); entretanto, o evangelista fez questão de destacar que Jesus
diferia de todos esses engodos, pois agia com autoridade em Seu ministério,
fazendo com que os demônios o temessem. Em Lucas, os demônios, ao perceberem a
aproximação de Jesus, manifestavam-se dizendo: "Bem sei quem és: o Santo
de Deus" (LC 4.34);
"Tu és o Cristo, o Filho de Deus" (LC 4.41);
"Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Deus Altíssimo?" (LC 8.28).
O Filho do Homem não invocava qualquer lista de divindades,
não recitava fórmulas de encantamento e não fazia uso de qualquer outra
parafernália mística. Uma simples frase de repreensão era suficiente para fazer
calar o Maligno: cala-te e sai (LC 4.35)!
2. UM MINISTÉRIO QUE BUSCA E SALVA O PERDIDO
A partir da narrativa de Lucas, é fácil perceber que
determinadas classes de pessoas receberam atenção especial do Mestre. Observe: mulheres
— a palavra mulher aparece dezenas de vezes em Lucas, e isso é impactante para
uma cultura social e religiosa em que as mulheres não recebiam o devido valor
(LC 7.12,13; 8.1-3; 43-48; 23.27,28); pobres — muitas parábolas do Evangelho de
Lucas fazem contraste entre riqueza e pobreza ou salientam necessidades
econômicas (LC 7.41-43; 11.5-8; 12.13-21; 15.810; 16.1-13; 16.19-31; 18.1-8);
crianças (LC 8.4956; 9.46-48).
Lucas deixa claro que o Filho do Homem agiu como defensor dos
desfavorecidos. As parábolas que aparecem em sequência no capítulo 15 do
Evangelho de Lucas são um quadro em cores do que representa a missão do Filho
do Homem: a ovelha, a dracma e o filho pródigo estavam perdidos e foram achados
e restaurados. Os ensinamentos inclusos nessas parábolas corroboram a
declaração de Jesus: O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia
perdido (LC 19.10).
2.1. Seu ministério transpôs barreiras
2.1.1. Geográficas
Logo no início do Seu ministério público, Jesus anunciou que
Sua missão não se restringia a uma área geográfica específica (LC 4.43). O
Messias transpôs barreiras territoriais e fez milagres em terras gentílicas,
não medindo esforços para restaurar pessoas necessitadas. Certa ocasião, Ele
enfrentou uma tempestade no mar da Galileia, para que pudesse libertar um jovem
possesso por uma legião de demônios na terra dos gadarenos (LC 8.2239).
2.1.2. Religiosas
O conflito religioso existente entre judeus e samaritanos, à
época, não impediu que o Filho do Homem exercesse o Seu ministério. Em
determinada ocasião, Ele passou pelo meio de Samaria (LC 17.11) e curou dez
leprosos de uma só vez (LC 17.12-14). Quando foi operar tal milagre, Jesus não
fez distinção entre leprosos judeus, galileus ou samaritanos, Ele simplesmente
curou todos eles. Lucas fez questão de registrar que o samaritano foi o único
que voltou para agradecer.
2.1.3. Culturais
Entende-se por cultura o conjunto de tradições transferidas
de geração a geração, oriundas dos costumes de um povo. Entre os judeus
contemporâneos de Jesus, a transmissão cultural era observada ao extremo, a
ponto de pessoas serem sentenciadas à morte em caso de rompimento de dado
costume (At 6.14; 16.21). Entretanto, tais barreiras culturais jamais impediram
Jesus de anunciar a salvação a qualquer necessitado. Mesmo diante de conflitos
entre a cultura judaica e a cultura helenista (relativa à Grécia antiga) —
imposta pelo império romano —, o Salvador recebia os gregos (Jo 12.20-23),
fazia refeições com publicanos (LC 5.29,30) e dava atenção às rechaçadas
mulheres (LC 7.36-50; 8.43-48).
3-
UM MINISTÉRIO DE ANUNCIAÇÃO DO ANO ACEITÁVEL DO SENHOR
Após a Tentação, indo para Nazaré, onde fora criado, [Jesus]
entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler
(LC 4.16 ARA) — naquela ocasião, fora-lhe dado o livro do profeta Isaías para
recitar (cap. 61; conf. LC 4.17). Ao término da leitura, o Filho do Homem
declarou: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos (LC 4.21); pois Ele
fora ungido pelo Espírito para anunciar o ano aceitável do Senhor (LC 4.18,19).
A Era da Graça, o tempo em que vivemos, é o ano aceitável
proclamado por Jesus. Em Sua segunda vinda, o Filho do homem proclamará o dia
da vingança do nosso Deus (Is 61.2b). Note que o tempo aceitável compreende um
ano, e o tempo da vingança, um dia; isto nos permite afirmar que a graça de
Deus é infinitamente superior à vingança que Ele empreenderá.
3.1. O ano aceitável do Senhor
A expressão ano aceitável do Senhor, em Isaías 61, é uma
alusão ao Ano do Jubileu, quando (por propósito divino), as dívidas entre o
povo eram perdoadas (LV 25.8-55). Jesus fez uso dessa referência para anunciar
o desígnio de Seu ministério.
Diferente do Ano do Jubileu, o ano aceitável do Senhor não
representa qualquer ano no calendário civil. Trata-se, na realidade, de uma
referência à era da salvação, que teve início com o advento do Messias. Em
essência, essa é a mensagem que Jesus estava anunciando em Lucas 4.18,19.
O Ano do Jubileu israelita acontecia a cada cinquenta anos,
ou seja, a cada ciclo de sete anos sabáticos. O propósito maior dessa data era
equilibrar o sistema econômico da nação: nessa ocasião, os escravos eram
libertos e retornavam ao convívio com suas famílias; as propriedades que haviam
sido vendidas eram devolvidas aos primeiros donos; e todas as dívidas do povo
eram canceladas. A terra permanecia em repouso, enquanto os homens e animais
descansavam e se alegravam em Deus.
Jesus anunciou o ano aceitável do Senhor e, em Seu
ministério, realizou o que prometera, não em termos políticos ou econômicos,
mas no sentido espiritual. Com a Sua chegada, os pobres de espírito receberam
as boas novas de salvação; os quebrantados de coração foram curados, e os
cativos, libertos; os cegos recobraram a visão; e os oprimidos tiveram suas
cargas aliviadas.
É importante destacar que Jesus terminou a citação do texto
veterotestamentário pouco antes das palavras finais ditas por Isaías em seu livro:
e o dia da vingança do nosso Deus (Is 61.2b); isto porque o Messias sabia que
viria a este mundo duas vezes: a primeira para salvar os homens; a segunda,
para julgá-los.
CONCLUSÃO
Reconhecido por muitos, perseguido por outros tantos, porém,
ungido e aprovado por Deus-Pai: assim foi o ministério do Filho do Homem.
Que o Espírito Santo nos ajude a compreender que a aprovação
e a capacitação necessárias para darmos continuidade à nossa missão não podem
estar embasadas em reações alheias, mas, sim, naquilo que Deus nos diz por
intermédio da Sua Palavra (LC 10.1-12). Se direcionarmos o foco da nossa visão
para as barreiras que se opõem, provavelmente ficaremos estagnados. Sejamos,
pois, resolutos como Cristo, crendo que é Ele quem nos garante a vitória (LC
24.45-47).
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