A INSENSATEZ DOS TRIBUNAIS - 1 Coríntios 6: 1-11 - Se Liga na Informação






Introdução


Nesta seção Paulo trata um problema que afetava especialmente os gregos. Os judeus não estavam acostumados a dirigir-se aos tribunais de justiça públicos com seus problemas; resolviam os assuntos perante os chefes da cidade ou da sinagoga; para eles a justiça era algo que devia aplicar-se muito mais com espírito familiar que legal.

Em realidade a lei judia proibia expressamente os judeus recorrer a um tribunal de justiça que não fosse judeu; fazê-lo era considerado ser uma blasfêmia contra a lei divina que possuíam.

Outra coisa completamente distinta ocorria com os gregos; estes eram característica e naturalmente um povo que de uma briga na justiça. Os tribunais eram em realidade um de seus principais entretenimentos. Recorrer a eles era parte integrante da vida grega. Conhecemos os detalhes da lei ateniense e quando a estudamos comprovamos a parte importante que jogavam os tribunais judiciais na vida dos cidadãos atenienses; e a situação em Corinto não podia ser muito diferente.

I. Os Processos Diante dos Tribunais Pagãos.

Paulo parece mudar de assunto, tratando agora sobre processos e deixa a questão de imoralidade de lado. Ele volta a falar sobre imoralidade no verso 9 algo que ele não considera um caso encerrado.
Todo esse processo que agora passa a tratar, tem a ver com o que já vimos na semana passada no capítulo 5, a doutrina deficiente da igreja.

Assim, como nós cristãos não temos autoridade para regular a vida dos ímpios, os ímpios não tem nenhuma autoridade para regular a vida da igreja. Quem pode ou consegue imaginar, um juiz ímpio julgando questões sobre os israelitas no deserto ou sobre o batismo infantil?

1. O primeiro ponto da refutação é o fato conhecido que os santos hão de julgar o mundo, por causa de sua união com o Cristo, a quem todo o julgamento está entregue.

Os coríntios se orgulhavam tanto disso, que faziam questão de levar assuntos da igreja para serem resolvidos por juízes ímpios.

Mateus 19:28:

E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.

2. O segundo ponto é o fato conhecido que havemos de julgar os próprios anjos.

Quanto mais as coisas desta vida.  Judas 6:

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;


2.2. Constituíram um tribunal ímpio.

Paulo está dizendo pra eles que julgariam coisas maiores e de muito mais responsabilidade e importância, e com assuntos da igreja eles estabeleceram por juízes, aqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja! Uma sugestão muito irônica de que não havia nenhum homem sábio entre os "sábios" coríntios!

Sugere uma atitude melhor. Não há porventura... indica que recorrer à lei contra um irmão, já constitui uma perda da causa em si mesmo.

3. O terceiro ponto defendido por Paulo é um apelo aos "princípios mais amplos".

3.1. Os que não são justificados, ou injustos, não estão qualificados para julgar.

Só os crentes, os justos, podem julgar, são os únicos que podem tratar sobre as questões da igrejas e que se eles continuassem assim, estariam trazendo danos aos próprios irmãos.

v. 9: Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?

A ênfase colocada sobre reino de Deus repousa sobre a palavra Deus; os injustos não têm lugar no seu reino. A lista de pecados que se segue prova que Paulo e Tiago concordam basicamente.
 
  
Ambos afirmam que a fé genuína produz boas obras (cons. Ef. 2:8-10), e que a ausência das boas obras indica falta de fé (Tg. 2:14-26).

A prevalecente frouxidão moral dos gregos e romanos pode ter incentivado o apóstolo a enfatizar aqui o vício contra a natureza.

Aqui Paulo continua com uma terrível contagem de pecados que é um horrendo comentário da civilização corrompida em que a Igreja de Corinto estava crescendo.

Há certas coisas das que não é agradável nem falar, mas devemos considerar este catálogo e tentar compreender o meio em torno da Igreja cristã primitiva, e ver que a natureza humana não mudou muito.

1.  Havia devassos e adúlteros. Já vimos que o relaxamento sexual era parte da vida pagã e que a virtude da castidade era quase desconhecida. A palavra que emprega para devasso é especialmente desagradável; refere-se aos homens que se prostituem. Deve ter sido muito difícil ser cristão na corrupta atmosfera de Corinto.

2.  Havia idólatras. O edifício maior de Corinto era o Templo de Afrodite, a deusa do amor, onde prosperavam lado a lado a idolatria e a imoralidade. A idolatria é um triste exemplo do que acontece quando tentamos fazer com que a religião seja mais fácil. Um ídolo não surgia como deus; começava simbolizando a um deus, sua função era facilitar o culto desse deus, provendo de algum objeto no qual se localizasse a presença do mesmo. Mas muito em breve os homens começaram a adorar não ao deus que estava atrás do ídolo, mas sim ao próprio ídolo. Um dos perigos crônicos da vida é que os homens adorarão sempre o símbolo em lugar da realidade que reside atrás do mesmo.




3.  Havia efeminados. A palavra (malakos) significa literalmente aqueles que são suaves e femininos; aqueles que perderam sua virilidade e que vivem na luxúria de prazeres escondidos; a palavra descreve o que só podemos chamar “enlameado” no vício no qual o homem perdeu todo seu poder de resistência.

4.  Havia roubadores. O mundo antigo estava cheio deles. Era muito fácil entrar nas casas. Os ladrões frequentavam em especial dois lugares — os banheiros públicos e os ginásios que também eram públicos nos quais roubavam as roupas dos que se estavam banhando ou fazendo exercícios. Era especialmente comum o sequestro de escravos que tinham dons especiais.

5.  Havia bêbados. A palavra utilizada provém de methos que significa bebedores sem controle. Na Grécia até os meninos pequenos bebiam vinho; o nome que davam ao café da manhã era akratisma e consistia de pão ensopado em vinho. A inadequada provisão de água era a razão de que se bebesse tanto vinho. Mas normalmente os gregos eram sóbrios, devido ao fato de que sua bebida consistia em três partes de vinho mescladas com duas de água. Mas na luxuriosa Corinto abundava a embriaguez.

6.  Havia estelionatários e ladrões. Ambas as palavras são interessantes. A palavra utilizada para estelionatários é pleonektes (literalmente, rapazes). Descreve-os, como os gregos o definiam: "o espírito que sempre está buscando alcançar mais e apoderar-se do que não lhe corresponde". É o apetite de lucros vorazes, é obter agressivamente. Não se trata do espírito do avarento, mas sim de que buscava ganhar para poder gastar, para poder viver em mais luxo e até maior prazer, e não se preocupava de quem se aproveitasse, contanto que conseguisse.

7.  A palavra que se traduz por ladrão é harpax. Significa tomar com as garras, agarrar. É usada, para referir-se a um certo tipo de lobo, e para descrever os ganchos de ferro por meio dos quais se abordavam os barcos nas batalhas navais. É o espírito que agarra e usurpa aquilo que não lhe corresponde com uma espécie de ferocidade selvagem.

8.  Havia homossexuais. Este pecado se expandiu como uma infecção na vida grega, e mais tarde se propagou a Roma. Apenas podemos nos dar conta do complicado que era o mundo antigo. Até um homem tão grande como Sócrates o praticava. Quatorze dos primeiros quinze imperadores romanos praticavam este vício. Nesses momentos Nero era imperador.



Ele tinha tomado a um jovem chamado Esporo e o tinha castrado. Casou-se com ele com uma grande cerimônia e o tinha levado a seu palácio em procissão e vivia com ele como com uma esposa. Com um incrível vício Nero por outro lado se casou com um homem chamado Pitágoras e o chamava seu marido.

Quando se eliminou a Nero e Oto subiu ao trono o primeiro que fez foi tomar possessão do Esporo. Muito mais tarde o nome do imperador Adriano está associado para sempre com o de um jovem da Bitínia chamado Antônio. Viveu com ele inseparavelmente, e quando morreu deificou e cobriu o mundo com suas estátuas e imortalizou seu pecado chamando uma estrela com seu nome.


Este vício em especial, na época da Igreja primitiva, afundava o mundo na vergonha; e existem poucas dúvidas de que esta fosse uma das causas principais de sua degeneração e da queda final de sua civilização.

Mas depois deste horrendo catálogo de vícios, naturais e antinaturais, Paulo dá um grito de triunfo.

4. A maior prova do cristianismo residia em seu poder.

Podia tomar os desperdícios da humanidade e fazer deles homens. Podia tomar os homens perdidos na vergonha e torná-los filhos de Deus. Havia em Corinto, e em todo mundo, homens que existiam que eram provas viventes do poder regenerador de Cristo. Este poder é ainda o mesmo. Nenhum homem pode mudar-se a si mesmo, mas Cristo pode fazê-lo.

5. O apelo positivo de Paulo.

E é o que alguns têm sido; aponta para as profundezas das quais a graça de Deus em Cristo os resgatou. A este mundo, consciente da decadência que nada podia deter, chegou o poder radiante do cristianismo, que era realmente capaz de fazer todas as coisas novas de maneira triunfal.

...mas haveis sido lavados. Literalmente, vocês foram lavados, acentuando o lado ativo da fé; Atos 22:16; Gl. 5:24). Os termos “lavastes, santificados e justificados” refletem a nova posição dos coríntios. A menção da santificação antes da justificação não constitui problema, uma vez que Paulo tem em mente a verdade posicional. 1 Co. 1:2, 30:

À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.

Os verbos referem-se à mesma coisa com ênfases diferentes, uma destacando a purificação do crente; a outra, a nova vocação; e a terceira a nova posição do crente. Justificados vem em último lugar, como o devido clímax para a argumentação sobre a busca da justiça diante dos injustos (vs. 1-8).


                                  Conclusão

Nós vimos que na Igreja de Coríntio não estava nada fácil para Paulo. Ele estava cercado de problemas de ambas as espécies que podemos ver claramente nos dias de hoje, nada mudou. Devemos julgar nossas causas dentro da nossa comunidade dos justos, daqueles que foram remidos no sangue de Cristo e não levar aos tribunais seculares as causas da Igreja. E devemos estabelecer homens dignos para o governo da Igreja e para julgar as causas difíceis. O pecado continua as portas. Devemos estar cientes daquilo que Deus nos chamou, não para viver na imundície do pecado, sim na sua maravilhosa Luz.


Vimos também que Cristo tem poder para tirar até aquele que as nossos olhos limitados achamos que não tem mais jeito, aqueles que estão atolados e na decadência do pecado, vivendo de acordo com esse mundo nas garras de satanás. Devemos viver dignos do chamado do Evangelho pregando a todo tempo.

Cristão Protestante, Servo de Cristo,Missionário e estudante de Teologia. Estudou Curso Bíblico e Teológico no CEIBEL, Capelania Hospitalar pelo CPO, Teologia Pastoral e Missiologia pelo Seminário Teológico Nacional, Bacharel em Teologia pela Universidade da Bíblia, Bacharel e Pós graduação em Teologia Reformada na FATERGE - Faculdade de Teologia Reformada de Genebra, Mestrado em Teologia pelo ESBI (SEPAT).Atualmente fazendo licenciatura em História pela UNIFRAN. Casado e pai de dois filhos.

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