TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Marcos 1.9-13
9- E aconteceu, naqueles dias, que
Jesus, tendo ido de Nazaré, da Galileia, foi batizado por João, no rio Jordão.
10- E, logo que saiu da água, viu os
céus abertos e o Espírito, que, como pomba, descia sobre ele.
11- E ouviu-se uma voz dos céus, que
dizia: Tu és o meu Filho amado, em quem me comprazo.
12 - E logo o Espirito o impeliu para
o deserto.
13 - E ali esteve no deserto quarenta
dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam.
Marcos 9.30-35
30 -E, tendo partido dali, caminharam
pela Galileia, e nio queria que alguém o soubesse,
31 - porque ensinava os seus
discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será entregue nas mios dos homens e
matá-lo-ão; e, morto, ele ressuscitará ao temiro dia.
32 - Mas eles não entendiam esta
palavra e receavam interrogá-
33 - E chegou a Cafarnaum e, entrando
em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho?
34- Mas eles calaram-se, porque, pelo
caminho, tinham disputado entre si qual era o maior.
35- E ele, assentando-se, chamou os
doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeim, será o derradeiro de todos e
o servo de todos.
Texto Áureo
Pois nem mesmo o Filho do homem veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
Marcos 10:45
Palavra introdutória
A Tradição
atribui a João Marcos a autoria do primeiro (e mais curto) Evangelho (At
12.12). William Hendriksen, proeminente comentarista bíblico, afirma que esse
Evangelho teria sido composto para atender a um pedido urgente dos cristãos de
Roma, que desejavam ter um resumo dos ensinamentos de Pedro naquela cidade.
Os mais
antigos testemunhos acerca do Evangelho de Marcos (Papias 115 d.C.) ligam-no à
pregação de Pedro em Roma, na sétima década da era cristã. Não há unanimidade
ou consenso acerca da data em que o livro foi escrito; todavia, o registro deve
ter sido feito entre 55 e 70 d.C., ou seja, antes da destruição de Jerusalém,
no ano 70 d.C., uma vez que o autor não faz qualquer menção a este fato predito
por Jesus (Mc 13.1-23).
Considerado um
filho na fé do apóstolo Pedro (1 Pe 5,13), João Marcos era filho de Maria (At
12.12) e sobrinho de Barnabé (Cl4.10 ARC). O evangelista acompanhou Paulo e
Barnabé a Antioquia (At 12.25) e atuou como um cooperador na primeira viagem
missionária (At 13.5 ARC); entretanto, por alguma razão desconhecida. acabou
desistindo dessa viagem (At 13,13).
Marcos pode
ser considerado o relato inaugural da vida de Cristo. Com apenas 16 capítulos,
o texto serviu de fonte a Mateus e Lucas. No decorrer de seus escritos, este
sobrinho de Barnabé (Cl 4.10 ARC) apresenta Jesus como o divino Servo de Deus,
enfatizando as Suas obras que qualquer outro evangelista.
Neste livro.
vemos, continuamente, Jesus em açâo:
os eventos
sucedem-se "logo" ou “imediatamente,” expressões usadas mais de
quarenta vezes no texto.
Marcos
apresenta um Cristo que trabalha no (e para o) Reino; um Cristo que vai de um
lugar a outro pregando a Palavra, curando enfermos e libertando cativos. Essa,
aliás, é a mais surpreendente mensagem dos evangelhos: Jesus veio para servir
(MC 10.45),
O Evangelho de
Marcos tem o propósito de alcançar pessoas em todo o mundo (Mc 16.15); sua mensagem
atemporal é extremamente importante para os cristãos de todas as eras.
1. O SERVO É APRESENTADO
Marcos não
descreve a do Messias, tampouco fala sobre o Seu nascimento. Isto é
significativo, pois Jesus está sendo apresentado como servo um rei precisa ser
identificado dentro de uma genealogia assim fez Mateus -—, entretanto, um
servo. O primeiro evangelista mostra Jesus sempre em atitude de serviço a Deus
e aos homens em suas mais prementes necessidades (Mc 9.35; 10.44,45,51). Com
retratos curtos, claros e poderosos, Marcos o fiel Servo de Deus, o único a
quem devemos imitar. Nesse Evangelho, lê-se a maravilhosa história daquele que
deixou a glória celestial para ser o fiel Servo de Deus. Para os que desejam
servir ao Senhor com afinco, Marcos funciona como um rico manual.
1.1 O Servo foi
'preparado
Em qualquer
área da vida, a preparação é primordial. Isto fica evidente em Marcos,
especialmente quando o evangelista destaca a vida de Jesus (Mc 1: 7-13)
1.1.1 No Tempo do Anonimato
Mesmo sendo o
Pai da Eternidade -(139,6), Cristo submeteu-se ao tempo para servir aos
propósitos, eternos. Nenhum detalhe sobre os primeiros trinta anos de Jesus é mencionado
em Marcos, mas aqueles anos de anonimato foram essenciais em Sua preparação (humana),
tendo em vista a grande obra que realizaria.
Marcos é o
único Evangelho a mencionar que Jesus era carpinteiro (Mc 6:3) — diferente de
Mateus que apresenta como filho de carpinteiro (Mt 13:55) indica que, durante o
tempo de obscuridade, Jesus e teve contato com as labutas cotidianas — assim como
qualquer outro ser humano.
Mesmo sendo o
Deus do "haja" (Gn 1.3, 6:14; Jo 1:2,3), na condição de servo, Ele
aguardou o tempo certo para iniciar Sua obra.
1.1.2. No batismo
O batismo de
João era de arrependimento, para remissão de pecados (Mc 1.4); assim, ao vir
Jesus, o batizador declarou — em forma interjetiva — que Ele não precisava
submeter-se ao batismo de arrependimento: Eu careço de ser batizado por ti, e
vens tu a mim (Mt 3.14)? No entanto, como Servo obediente e exemplar, Jesus,
mesmo sendo o santo Filho de Deus, foi batizado para cumprir toda justiça (Mt
3.15).
A ordenança
que Jesus deixou em Marcos 16.16 acerca do batismo talvez pudesse ser
questionada por aqueles que não quisessem assumir tamanha responsabilidade,
caso Cristo não tivesse sido batizado, mas Ele, o padrão e exemplo de justiça
para todos os servos, decidiu, voluntariamente, ser batizado.
1.1.3. Pelo
Espírito Santo
Jesus desceu
às águas batismais em obediência ao Pai; ao levantar-se delas, os céus se
abriram e o Espírito Santo desceu sobre Ele (MC 1.10).
O Carpinteiro
de Nazaré precisava ser revestido com o poder do Espírito Santo; assim, saiu do
Jordão e o Espírito conduziu-o ao deserto (Mc 1.12). Ao retornar do deserto
para a Galileia, continuou no poder do Espírito realizando Sua obra — em Atos 10.38,
lemos que Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o
qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus
era com
1.1.4. Em
uma vida de oração
A vida de Jesus, como Servo de Deus, foi
regada à oração. Não apenas em Marcos, mas em todos os Evangelhos encontramos
muitas referências a esse fato. Em Marcos 1.35, lemos: E, levantando-se de
manhã muito cedo, estando ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e
ali orava. A frase "e ali orava" está em um tempo verbal que indica
uma ação contínua no passado. A vida de oração de Jesus era planejada, privada
e prolongada.
Jesus foi
conduzido ao deserto pelo Espírito Santo, logo após os céus se abrirem sobre
Ele (Mc 1.10,12). Que mensagem poderosa! Das caudalosas águas do Jordão para as
areias quentes do deserto: no Jordão, ouviu-se a voz de Deus, no deserto, a voz
do tentador (LC 4.3-13); no Jordão, veio o
Espírito
"como" pomba (Mc 1.10), no deserto, as feras apareceram (Mc 1.13).
Precisamos entender que os contrastes fazem parte do preparo.
2 - O SERVO
FOI PROFETIZADO
Apresentar
Jesus como Servo não é uma particularidade do Evangelho de Marcos. Já no Antigo
Testamento, há profecias claras sobre o tema — isto revela não apenas a
coerência e coesão do Evangelho com toda a Escritura, mas também reafirma a
divindade e preeminência de Cristo.
2.1. O
Servo no Livro dos Salmos
Por intermédio
dos poetas bíblicos (salmistas), o Espírito de Deus revelou inúmeras verdades
sobre o Messias prometido. Dos 150 Salmos do livro, 21 são messiânicos (SI 2;
8; 16; 22; 23; 24; 31; 34; 40; 41; 45; 55; 68; 69; 72; 89; 102; 109; 110; 118;
129) — alguns estudiosos acreditam que sejam mais; outros, menos.
Fato é que
temos, nos Salmos, referências proféticas acerca de Cristo como Servo do
Senhor.
No Salmo
40.6-10, vemos a obediência do Servo do Senhor: Deleito-me em fazer a tua
vontade (SI 40.8).
O Salmo 22, de
Davi, é o Salmo do Servo que sofre (escrito entre 1050—930 a.C.). Todo o
processo do Calvário está relatado nele. O verso 18, que fala sobre as vestes
que seriam repartidas, cumpre-se fielmente em Marcos 15.24 com os soldados
romanos diante da cruz.
2.2. O Servo no Livro de Isaías
O profeta que
falou de maneira mais precisa acerca da pessoa e da obra de Cristo, no Antigo
Testamento, foi Isaías; em razão disso, ele ficou conhecido como o profeta
messiânico, sendo o mais citado nos Evangelhos. Seus escritos datam de 740—
680a.C., e são chamados de Evangelho do Antigo Testamento. Observe a seguir.
Logo no
segundo versículo de seu Evangelho, Marcos cita: Como está escrito no profeta
Isaías [...] (Mc 1.2). O evangelista utilizou essa referência para apresentar o
testemunho de João Batista sobre Jesus (Is40.3).
Do capítulo 42
ao 54 do livro, Isaías apresenta, como tema principal, Cristo, o Servo que
daria Sua vida em obediência; e o ápice desta revelação encontra-se no
capítulo 53 — texto no qual ele faz uma pintura vívida da obra redentora do
Messias.
3 - O SERVO EXEMPLAR
3.1.
Exemplo de determinação
A determinação de Jesus em cumprir a
obra que lhe fora entregue é algo extraordinário. Mesmo sabendo de todo
sofrimento que lhe seria sobreposto, nem assim desistiu. O Salvador permaneceu
firme e confiante em Sua missão (Mc 9.31; 10.33,34). Quando Pedro, um de Seus
discípulos mais próximos, tentou dissuadi-lo de ir para a cruz, Jesus
repreendeu-o imediatamente (Mc 8.31-33).
A palavra determinação (no latim,
determinare) tem o sentido de colocar limites em. Sempre que falava sobre Seu
sofrimento, Jesus deixava claro que, após o terceiro dia, ressuscitaria (Mc
8.31; 9.31; 10.34). O Servo determinado sabia que o sepulcro não seria o Seu
limite; na verdade, a morte foi limitada por Ele, pois, com Sua ressurreição,
venceu, a até então, implacável morte.
3.2. Exemplo de fidelidade
A fidelidade do Servo do Senhor
evidencia-se em Sua oração no Getsêmani: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis;
afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres
(Mc 14.36). Ele foi traído por Judas, sendo vendido pelo preço de um servo
(escravo) [30 peças de prata (Mc Mt 26.15)]; negado publicamente por Simão
Pedro (Mc 14.31,66-72); abandonado pelos discípulos (Mc 14.50-52); e
ridicularizado pelos líderes judeus, soldados romanos e transeuntes do Calvário
(Mc 14.65; 15.1620).
Apesar de ter sido abandonado e
rejeitado, chegando a exclamar com grande voz, na cruz: "Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?" (Mc 15.34); em momento algum, Jesus
demonstrou o menor traço de infidelidade; ao contrário, Ele manteve-se fiel até
à morte, e morte de cruz (Fp 2.8).
3.3. Exemplo de humildade
A humildade de Cristo está patente em todo o Evangelho de Marcos. Em Seu
relacionamento com Deus elou com o próximo, nas condições mais simples elou nas
mais importantes, Ele sempre deu-nos exemplo de sujeição e obediência.
Observe: Ele começou Seu ministério
pregando o evangelho do Reino de Deus na Galileia, um lugar desprezado pela
autarquia religiosa judaica (Mc 1.14); Seus primeiros discípulos foram simples
pescadores (Mc 1.16,17); aos evitados leprosos, Ele estendia a mão (Mc 1.41);
os escribas e fariseus irritavam-se, pois Jesus não tinha dificuldades em
assentar-se com publicanos e pecadores (Mc 2.1517);
Jesus enfrentou uma bravia tempestade
para libertar um homem possesso por espíritos imundos (Mc 4.35-41; 5.1-20);
crianças sempre foram acolhidas e abraçadas por Ele (Mc 9.36,37; 10.13-16); em
cumprimento à profecia de Zacarias (Zc 9.9,10), o Messias fez uma entrada
triunfal em Jerusalém, montado em um reles jumentinho (Mc 11.1-11).
CONCLUSÃO
Nos Evangelhos, lemos que Jesus
anunciou as boas novas de salvação e apresentou o Reino dos céus às multidões;
entretanto, no Evangelho de Marcos, há uma declaração do
Mestre inusitadamente inspiradora.
Disse Ele: Qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha
irmã, e minha mãe (Mc 3.35). Suas palavras devem levar-nos à seguinte reflexão:
não basta compor a multidão dos que cercam o Salvador, é preciso fazer a
vontade de Deus para ser considerado um autêntico servo e verdadeiro membro da
família espiritual. Assim como Cristo foi o Servo fiel, precisamos seguir, como
Seus imitadores, o caminho da fidelidade.
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